Na Europa, Neymar perde faro de gol, moicano e se adapta ao "Mundo Barça"

Neymar com Daniel Alves e Adriano junto a Messi no Barcelona: adaptação Foto: Instagram / Reprodução

Neymar com Daniel Alves e Adriano junto a Messi no Barcelona

Menos gols, menos assistências e, possivelmente, menos permissão para arriscar. Em seus primeiros dez jogos como titular do Barcelona, sequência completada com atuação apagada contra o Milan na terça-feira, Neymar exibe um repertório diferente em relação à Seleção Brasileira. Algo que faz parte de sua aguardada adaptação à Europa e, mais precisamente, ao chamado "Mundo Barça". 

É bem provável que os números destoantes entre o Neymar da Seleção e o Neymar do Barcelona tenham relação direta com sua postura na chegada ao novo clube. Em uma equipe que tem Lionel Messi como sua máxima referência, o brasileiro acostumado ao protagonismo se comporta como coadjuvante. Sandro Rosell, presidente do Barça, teria aconselhado paciência e discrição. "Pouco a pouco, será o número um", sugeriu. Algo que, ao contrário de Robinho há oito anos, ele jamais admitiu querer.

Desde suas primeiras declarações, Neymar adotou cautela para causar o menor alvoroço possível no Barcelona. Foi introduzido por Daniel Alves, uma das lideranças do vestiário. Disse que trabalharia para Lionel Messi continuar como o melhor do mundo, mas, segundo o jornal El País, irritou o argentino. "Que fale menos de mim, não fala boludeces (termo argentino, algo como bobagens) e diga que vem para ganhar títulos", afirmou Messi, de acordo com a publicação.

Menos gols, menos assistências, menos erros e mais passes

As diferenças do atacante em média

Números do site Whoscored, especializado em estatísticas, mostram que o Neymar do Barcelona não é exatamente o mesmo da Seleção Brasileira. Durante a Copa das Confederações, seu índice de jogadas erradas era de 3,2 por partida. Nos 10 jogos como titular do Barcelona, a média cai quase pela metade, a 1,9. De 32 passes por jogo com o Brasil, Neymar salta para 45 em seu clube.

Mais importante que o estilo de jogo, o fato é que Neymar tem sido bem menos letal. Na Copa das Confederações, sua média de gol foi de 0,80 por partida, exatamente o mesmo índice para assistências. Com a camisa do Barcelona, ele também costuma ocupar a ponta esquerda, mas há uma queda sensível: 0,23 gol e 0,15 assistência por partida é sua média. 

Da megalomania no Santos ao trabalho discreto no Barcelona

Dados à parte, Neymar é orientado no Barcelona a manter a discrição. Na Suíça, onde fez seu primeiro amistoso pela Seleção pós-Copa das Confederações, o estafe brasileiro tinha o pedido para que ele não participasse de conferências de imprensa. No próprio Barça, desde o início da temporada, o atacante só falou duas vezes para todos os jornalistas. Raramente concedeu entrevistas exclusivas.

Neymar, que mora em um dos bairros mais tranquilos de Barcelona e muito próximo ao Camp Nou, exibe a discrição até mesmo em sua imagem. Ele, que acostumou os brasileiros a um penteado quase sempre extravagante, ora com mechas loiras, ora com moicanos, adotou um jeito bem discreto, com cabelo curto e na cor natural. Se Messi chegou cinco vezes ao topo do mundo sem ser notado pelo visual, por que fazer diferente?

Terra

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