Presidente do Náutico nega crise e ataca Martinez: "ex-atleta"

 

Presidente do Náutico chama Martinez de irresponsável

A crise aberta no Náutico por pendências financeiras da diretoria com o elenco e endossada pelo Bom Senso FC causou irritação ao presidente Paulo Wanderley. Nesta sexta-feira, em entrevista ao Terra, ele minimizou a ameaça de greve do elenco e fez ataques ao volante Martinez, um dos líderes e responsável por levar a público os problemas, chamando-o de "irresponsável" e "ex-atleta".

"Quero deixar claro que é uma posição isolada de um atleta, um ex-atleta chamado Martinez", disse o dirigente, ao negar os problemas relatados pelo jogador em entrevista na tarde de quinta-feira. "Não justifica a atitude isolada e irreponsável desse rapaz que, faz 60 dias, cria problemas. Ele não está se conformando em ficar na reserva de uma brilhante garotada que está surgindo no Náutico", afirmou Paulo Wanderley.

Na quinta, Martinez conduziu uma entrevista à frente de boa parte do elenco do Náutico denunciando atrasos de salário e direitos de imagem. Além disso, afirmou que atletas dispensados e afastados foram proibidos de entrar no clube para recuperar equipamentos e citou humilhação que o elenco sofreu durante a temporada - aos problemas extra-campo se soma a péssima campanha no Brasileiro, no qual o clube foi rebaixado com antecedência.

Paulo Wanderley negou as acusações e alegou que o atraso de pagamento se refere a apenas um mês e para alguns atletas do elenco. Segundo ele, há apenas duas pendências com ex-jogadores: o atacante Oliveira e o meio-campista Penha, que ainda não definiram suas situações. "Tanto é que não temos, na nossa gestão, uma reclamação trabalhista", alegou. Por isso, o movimento externado por Martinez não se sustenta, em sua opinião.

"Recebi ontem (quinta-feira) à noite várias ligações de vários atletas que estavam na coletiva muto constrangidos, dizendo que tinham participados para não serem chamados de traíra", disse Paulo Wanderley. Martinez também participou, ao vivo, a discussão, e rebateu as declarações do dirigente, reforçando os atrasos de salário e, principalmente, dos direitos de imagem, correspondentes à maior parte dos ganhos mensais.

"Eu, como capitão, fui o porta-voz, mas não estou defendendo uma causa do Martinez. É de todos os atletas", disse o volante. "Nós, de maneira alguma, queremos fazer greve. Tanto é que treinamos primeiro, depois fomos para a coletiva de imprensa. É uma coisa simples: estamos reivindicando os direitos do trabalhador. Se você trabalha, tem que receber. Nós não recebemos", complementou.

A menção à greve surgiu a partir da interferência do Bom Senso FC, grupo criado para promover mudanças no futebol brasileiro. Com membros nos principais clubes nacionais, o Bom Senso soube pela imprensa da situação no Náutico e, por meio de nota oficial, cobrou providências e ameaçou a paralisação "imediata" do Campeonato Brasileiro. Paulo Wanderley, em resposta, declarou que o clube entrará em campo no final de semana para enfrentar o Vasco "até com o time Sub-15".

"Não entendo esse tipo de retaliação. Estamos reivindicando o nosso direito, e esse tipo de ameaça só tenta atingir a nós, atletas", criticou Martinez, levantando outra questão: a postura do Náutico, que não tem mais pretensões no Brasileiro, pode interferir na definição dos clubes rebaixados. "Contra o Coritiba, jogamos completos e ganhamos. Agora contra o Vasco vamos jogar com os juniores? Outros colegas de profissão dependem desse resultado", ressaltou o volante do Náutico.

"Com as proporções que essa história tomou e o Bom Senso no meio, agora a gente está conversando com eles, estamos em contato, e eles estão nos instruindo. Vamos tomar a atitude que for necessária", afirmou Martinez. Paulo Wanderley, por sua vez, afirmou que no início de dezembro todas as pendências serão acertadas. O Náutico joga no domingo, às 17h (de Brasília), contra o Vasco, no Maracanã.

Terra

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