Em paz com torcida, Bellucci vira “tenista da virada e do amor"




















Torcedores paulistas fizeram as pazes com Bellucci

O clima antes da entrada de Thomaz Bellucci na quadra do Brasil Open na última terça-feira, quando o tenista fez sua estreia em 2014 no Ginásio do Ibirapuera, era de incerteza. A última vez em que esteve em São Paulo o brasileiro não teve boas recordações: em 2013, saiu de quadra vaiado e teve até que conviver com a torcida local torcendo para o adversário na derrota na segunda rodada para o italiano Filippo Volandri. Desta vez foi diferente, em mais uma virada sobre o colombiano Santiago Giraldo com o “amor” da torcida, assim como na estreia no Rio Open.

A torcida nacional inicialmente se mostrou tímida e soltou apenas recatados aplausos, o que aumentou o ar de dúvida sobre a postura a favor ou contra o paulista de Tietê. Não demorou, contudo, para mostrar que seria a favor do brasileiro:  na primeira quebra do tenista no confronto, logo no segundo game, o Ibirapuera viu o barulho crescer com o winner que deu a vantagem a Thomaz Bellucci.

No entanto, o set inicial foi marcado por altos e baixos do tenista, o que irritou um pouco a torcida local. Gritos de “ahhhhhhh”, mãos levadas à cabeça e murmúrios de insatisfações após erros fáceis do atleta nacional devolveram o clima de desconfiança ao ginásio. Parte da torcida continuou com o brasileiro e gritou “Vamos, Bellucci” e “Vai, Thomaz” - apesar de alguns serem nitidamente em tom ameaçador - após o tenista começar a se enrolar com a parcial. Não deu certo e o colombiano Santiago Giraldo abriu um set de vantagem na partida.

Se Bellucci precisava de uma prova de que a torcida estaria ao seu lado, ela veio no início do segundo set. Quando os tenistas se encaminharam para iniciar a parcial, os paulistas apoiaram o tenista brasileiro com força. Os altos “ahhhh” dos torcedores em erros ainda eram notórios e deixavam Thomaz desconfortável, mas os gritos de apoio, mais fortes ainda a cada ponto ganho, empurravam o tenista.  Era a prova de que os paulistas entenderam como o tenista de Tietê funciona e de que haviam feito as pazes com ele.

Daí para frente, Bellucci se soltou. No quinto game do segundo set, quando o paulista confirmou o serviço com um lindo drop shot, o Ibirapuera veio abaixo. A torcida não lotou o ginásio, mas o fato dele ser fechado impulsionou o barulho. No intervalo para a troca de lados, o público cantou, em alto e bom som, o nome do tenista e pediu: “vamos quebrar! Vamos quebrar!”. Não foi logo na sequência, mas o apoio dos torcedores a cada ameaça de queda de Bellucci deram ao tenista o empate em sets - o som quando o tenista ganhou a parcial, após desperdiçar três set points por erros bobos, superou qualquer lembrança de vaia de 2013. ​

Com o apoio dos torcedores cada vez maior, o tênis do brasileiro também cresceu. Assim, o terceiro set foi, de longe, o mais fácil entre todos: Thomaz passou a render muito mais do que nos dois iniciais e Giraldo, com problemas físicos, sofreu brusca queda. A vitória veio e, logo depois, na coletiva após a partida, Bellucci negou que tenha entrado nervoso ou duvidado do apoio dos paulistas - muito por causa da semana que teve no Rio de Janeiro, com bom desempenho e força dos fãs.

"Não entrei nervoso, semana passada (Rio Open) foi muito legal o apoio da torcida. Quando você faz mais jogos no país, acho que você vai se acostumando, o nervosismo diminui. Quando você faz um jogo só, você fica muito nervoso, quando você faz uma seqüência de jogos, te dá mais conforto. Não passou pela cabeça (que teria vaias), hoje a torcida me apoiou igual no Rio de Janeiro, esteve o jogo todo ao meu lado”, comentou.

Bellucci é o tenista da virada

Além de sair com a vitória, o brasileiro Thomaz Bellucci também confirmou uma nova tendência: virou o tenista das viradas em casa. Nos dois triunfos do Rio de Janeiro, o paulista saiu atrás no placar, mas conseguiu reverter a situação. Curiosamente, no único jogo em que começou com vantagem, perdeu para o espanhol David Ferrer, nas quartas de final. Após o jogo em São Paulo, Bellucci brincou com a seqüência de viradas.

“Se isso for me fazer ganhar, acho que sim (vai começar perdendo as partidas)", riu, antes de apontar a melhora na partida e a mudança na troca de bolas como fatores primordiais para sair vitorioso. Com o apoio da torcida e com a nova superstição, Bellucci jé pode fazer jus aos gritos de estádios de futebol: é o tenista “da virada e do amor”.

Terra

Comentários