Pressionado por questões incômodas, Ronaldo tem crise de suor

Ronaldo encarou a sabatina do jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira

Ao aparecer no meio do palco para ser sabatinado por jornalistas na quinta-feira, o ex-atacante Ronaldo parecia bastante à vontade, preparado para mais uma entrevista de alguém acostumado com os holofotes desde a adolescência.

Duas horas de perguntas incômodas depois, ele sairia dali levemente constrangido, encharcado de suor, mesmo sob os 17 graus de uma tarde fria em São Paulo e em um ambiente cujo aparelho de ar-condicionado marcava presença com um constante zuuumm.

"Está muito quente aqui ou sou só eu?", perguntou ele no meio do fogo-cruzado, após evitar expor sua avaliação sobre o governo Dilma Rousseff. "Só eu que estou suando? Porra! Quer dizer, poxa!" E arrancou risos da plateia.

Também passou a mão no cabelo, enxugou a testa com um guardanapo, desgrudou a camisa do peito, levantou e virou as costas para o público exibindo uma grande marca molhada na altura da cintura. Havia outras embaixo dos braços.

"Gente, vocês não têm ideia de como esse homem está suando!", atestou Naief Haddad, o editor de Esporte do jornalFolha de S.Paulo, um dos entrevistadores, que estava ao lado do ex-jogador.

O que provocou a crise de sudorese em Ronaldo foram principalmente perguntas sobre política que, ele deixou claro, "é uma área perigosa." Essas foram, porém, o ponto alto da sabatina promovida pelo jornal, que o UOL Esporteacompanhou da plateia.

Membro do Comitê Organizador Local da Copa, Ronaldo recentemente disse se sentir envergonhado pelos preparativos para o torneio. Durante a sabatina, mesmo pressionado de todos os lados, ele evitou direcionar críticas a governantes.

Quando o secretário-assistente de Redação da Folha Roberto Dias pediu para que ele desse uma nota para o governo Dilma, Ronaldo pensou, passou novamente a mão na cabeça, prolongou um silêncio incômodo e disse simplesmente: "Por que eu deveria dar nota?"

Ele, que assumiu que votará no presidenciável Aécio Neves nas próximas eleições, também tergiversou quando o editor de Opinião Uirá Machado pediu para ser citada uma boa realização política de Aécio.

"Voto nele porque ele é meu amigo. Assim como voto no Andrés [Sanchez, ex-presidente do Corinthians e pré-candidato a deputado federal] porque é amigo. Eu apoio meus amigos. Mas não quero me aprofundar nisso."

Então ele foi lembrado que em 2009 havia criticado atletas que declaram voto e influenciam a opinião pública. Pareceu ter sido pego no contrapé, mas conseguiu sair pela tangente: "Mas agora eu não sou mais atleta." Risos.

UOL Esporte

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