Primeiros pontos de time russo têm hino francês e parabéns da Red Bull

 

Enquanto de um lado do paddock do Circuito de Monte Carlo, em Mônaco, Nico Rosberg, engenheiros e dirigentes da Mercedes festejavam a quinta dobradinha seguida, impondo uma hegemonia na F1 bem poucas vezes vista na sua história, do outro, já quase na saída do porto, os cerca de 50 integrantes da pequena equipe Marussia celebravam ainda mais o oitavo lugar do seu piloto Jules Bianchi.

Foram os primeiros pontos não apenas de Bianchi e da Marussia, mas de um time dentre os inspirados pelo ex-presidente da FIA, Max Mosley, criados para disputar a temporada de 2010. O inglês lhes garantiu que haveria um limite orçamentário de 40 milhões de libras (R$ 170 milhões) por ano para todos na F1.

A imposição de Mosley não só não foi aceita como as escuderias da F1 exigiram sua saída da presidência da FIA. Jean Todt o substituiu. E as três equipes criadas por iniciativa de Mosley tiveram de fazer de tudo para conseguir um orçamento minimamente decente. Duas sobreviveram, mas com desempenho muito aquém das demais. A outra é a atual Caterham.

Bianchi tinha tudo para, hoje, mais uma vez ficar muito distante de quase todos os adversários. A substituição do câmbio o fez cair do 19º lugar no grid para o 21º e no fim da volta de apresentação cometeu um erro ao alinhar seu carro.

Sorrindo, feliz, disponível para todos, Bianchi contou sobre o ocorrido: "Maldonado (Pastor Maldonado, da Lotus) não alinhou o carro (era o 15º no grid). Gutierrez (Steban Gutierrez, da Sauber), avançou seu carro para ocupar a posição do Maldonado. Max Chilton (companheiro de Marussia) fez o mesmo. E eu, atrás deles, pensei que era para ocupar o espaço na minha frente e coloquei o carro lá".

Jornalistas franceses comemoram com Jules Bianchi os primeiros pontos da história da Marussia. E de um jeito curioso, considerando que a equipe é russa: eles cantaram juntos o hino francês. A Marussia também recebeu os parabéns de Christian Horner, chefe da Red Bull, atual campeã do Mundial de Construtores.

Deu mais detalhes: "Quando entendi que deveria manter minha posição original, tentei dar marcha a ré, mas estávamos a instantes da largada e fiquei lá mesmo, paralelo ao Caterham de Kamui Kobayashi", explicou Bianchi. A impressionante sucessão de erros levou os três a serem punidos com um stop and go de 5 segundos no box.

"Acabamos punidos de novo porque cumprimos a punição quando o safety car estava na pista (entre a volta 25 e 29." Bianchi teve 5 segundos acrescentados ao seu tempo de corrida, o que o fez cair de oitavo para nono. Romain Grosjean, da Lotus, subiu uma posição.

"Com tudo isso, ainda marcamos pontos. O mais importante foi o nosso ritmo de corrida. Claro, tivemos sorte com o safety car, os abandonos, mas desde os testes de Barcelona nosso carro melhorou bastante", disse Bianchi. "Jean-Eric Vergne, com a Toro Rosso, e depois Romain Grosjean não conseguiam me passar", explicou, com orgulho, o francês. "Não posso dizer que a partir de agora vou marcar pontos, mas acredito que atingimos o nível da Sauber."

Enquanto recebia abraços de todos na equipe, Bianchi disse que precisava de um resultado desses, há anos. O GP de Mônaco foi o 25.º dele na F1. "Esse ponto e essa performance podem ser importantes para a minha carreira." A Ferrari o tem sob contrato e o ajudou a competir da Marussia, estabelecendo um acordo bastante favorável ao time para usar sua unidade motriz, motor turbo e sistemas de recuperação de energia.

O empresário de Bianchi, o francês Nicolas Todt, filho do atual presidente da FIA, comentou: "Ser oitavo, depois nono, numa pista onde o piloto conta tanto, é extraordinário. Estou contente por Jules e pela equipe, por conquistar o primeiro ponto da sua história, equivale a uma vitória".

Falou, ainda: "Jules fez uma grande ultrapassagem em Kamui Kobayashi (Caterham) e seu ritmo de corrida foi excelente". No fim, disse o que espera do resultado: "Que os responsáveis pelas demais equipes vejam que podem contar com ele no futuro".

Não distante do motorhome da Marussia estava o da Sauber. A organização suíça ficou bastante desgastada com a classificação do GP de Mônaco. A Marussia a ultrapassou entre os Construtores. Depois de seis etapas, apenas Sauber e Caterham não marcaram pontos ainda. A Marussia é a nona, com dois.

Monisha Kalterburn, sócia e diretora da Sauber, falou com o UOL Esporte. "Estou decepcionada, mas há algo positivo no fim de semana, que foi a velocidade de nossos carros. Estávamos na corrida." E não deixou de criticar seus pilotos, o alemão Adrian Sutil e o mexicano Steban Gutierrez. "Foram erros que não podem acontecer. Estávamos muito próximos de marcar pontos."

Sutil perdeu o controle do carro na freada depois do túnel, na 23.ª volta de um total de 78, e Gutierrez bateu no guardrail da curva Rascasse, na 59.ª, quando era oitavo. O próximo GP será o do Canadá, dia 8, no Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal.

UOL Esporte

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