Fifa esconde os seus podres, mas determina transparência para clubes

Em uma semana, cúpula da Fifa implantou medida para dar mais integridade às negociações de jogadores, e decidiu manter escondidas as investigações sobre corrupção de seus principais cartolas. A entidade máxima do futebol proibiu a participação de investidores em direitos de atletas. Ao mesmo tempo, negou-se a divulgar o relatório de apuração sobre as escolhas das Copas da Rússia-2018 e Qatar-2022.

Os dirigentes do Comitê Executivo da Fifa estiveram reunidos durante a semana em Zurique no encontro semestral para decidir questões do futebol mundial. Entre os temas, estavam a regulação das transferências, e a eleição do país árabe para sediar a Copa.

Jornais ingleses mostraram dados que indicam compra de votos de membros do mesmo comitê executivo para favorecer o Qatar. O investigador do comitê de ética da Fifa, Michael Garcia, já concluiu suas apurações sobre as irregularidades. E pediu que todas as cerca de 400 páginas em informações fossem reveladas para o público.

“Por conta do limitado papel do presidente da Câmara de Adjudicação do Comitê de Ética, Hans-Joachim Eckert (que julgará o caso), em perspectivas futuras, acredito que é necessário que o Comitê Executivo autorize a publicação apropriada do relatório'', afirmou Garcia, que já foi procurador nos EUA.

Quatro membros do Comitê Executivo da Fifa fizeram declarações similares para pressionar pela divulgação dos documentos. Foram os vice-presidentes da entidade, Ali Bin Al Hussein, Jim Boyce e Jeffrey Webb, além do integrante da cúpula Sunil Gulati.

Não foram ouvidos pelos seus colegas. Em seu documento sobre o assunto, a Fifa afirmou: “o Comitê Executivo pediu que o princípio da confidencialidade seja respeitado'', de acordo com o código de ética. A decisão sobre punições a cartolas será tomada em novembro pelo Comitê de Adjudicação da Fifa. Pelo cenário atual, um limitado número de informações sobre o julgamento será público.

Quantos aos clubes de futebol, a postura da federação internacional foi bem diferente. No mesmo documento, a Fifa falou em manter a integridade do jogo e dos atletas com o veto dos investidores em direitos de jogadores. Um dos membros do Comitê Executivo, e presidente da UEFA, Michel Platini disse que a decisão era muito positiva para a “transparência''. Em resumo, na federação internacional, a regra é expor as entranhas dos outros, e esconder os próprios males.

UOL Esporte

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