Justiça abre processo criminal contra Blatter; pagamento a Platini é citado

(Foto: EFE/EPA/MARCUS BRANDT)


A Procuradoria da Suíça abriu um processo criminal contra Joseph Blatter, presidente da Fifa. O dirigente da entidade está sendo processado por gestão fraudulenta e suspeita de apropriação indébita, o que incluiria pagamento ilegal de aproximadamente US$ 2 milhões ao presidente da Uefa Michel Platini.

De acordo com a Justiça Suíça, o processo foi aberto na última quinta (24). Blatter é suspeito de ter efetuado pagamento ilegal a Platini por um suposto trabalho realizado entre janeiro de 1999 e junho de 2002. O pagamento foi realizado em fevereiro de 2011.

Blatter ainda teria assinado um contrato com a Federação Caribenha de Futebol que seria prejudicial à Fifa. Na ocasião, a entidade centroamericana era presidida por Jack Warner, um dos dirigentes presos na Suíça no início do escândalo de corrupção que abalou o mundo do futebol.

A emissora suíça Schweizer, que teve acesso ao contrato suspeito, afirma que Blatter negociou direitos de televisão para as Copas do Mundo de 2010 e 2014 à União Caribenha por US$ 600 mil. A transmissão do Mundial na África do Sul teria custado US$ 250 mil, enquanto a do realizado no Brasil foi vendida por US$ 350 mil. Posteriormente, Jack Warner revendeu por US$ 20 milhões.

Segundo as leis suíças, a pena para casos de gestão fraudulenta varia de multa a cinco anos de prisão. Já casos de apropriação indébita podem causar até cinco anos de reclusão, caso haja condenação.

A nota emitida pela Justiça suíça afirma que Blatter foi interrogado após a reunião do comitê executivo nesta sexta-feira. A polícia também realizou buscas na sede da Fifa e apreendeu documentos no escritório do presidente da entidade, Já Platini foi ouvido como um colaborador da investigação. 

Richard Cullen, advogado de Blatter, falou sobre o processo em entrevista ao jornal New York Times e afirmou que seu cliente é inocente. "O senhor Blatter está cooperando e estamos confiantes de que as autoridades suíças terão a oportunidade de rever os documentos e verão que o contrato foi devidamente preparado e negociado por funcionários apropriados da Fifa que sempre cuidavam deste assunto. Com certeza, não ocorreu nenhuma má gestão", completou.

Em nota oficial, a Fifa informou que irá "colaborar" com a Procuradoria Geral da Suíça e cederá todos os documentos, dados e informações dadas.

A entidade também confirmou que algumas pessoas foram interrogadas na sede da Fifa e documentos foram apreendidos. "Não teremos mais nenhum comentário, pois ainda é uma investigação em curso", informou a entidade.

Nesta sexta-feira, a Fifa havia programado uma coletiva de imprensa para anunciar as decisões do Comitê Executivo da entidade. Primeiro, o evento foi adiado em uma hora e depois ele foi cancelado, sem uma explicação oficial.

Recentemente, a Justiça da Suíça já havia aberto processo contra Jérome Valcke, ex-secretário-geral da Fifa. A promotoria pediu a quebra do sigilo de e-mails da entidade na ocasião.

Ataque de ex-jogadores

Envolvido na denúncia da Justiça suíça, Michel Platini é candidato a suceder Blatter no cargo de presidente da Fifa. Recentemente, ele foi atacado por ex-jogadores como Romário e Maradona.

"Blatter não fez mais que ensinar Platini a roubar", falou o argentino em entrevista ao Corriere dello Sport. "Quanto a Platini, é da mesma escola de Blatter", completou o brasileiro.

Maradona tem interesse no processo eleitoral da Fifa. Ele já disse que será vice-presidente caso Prince Ali bin Hussein, da Jordânia, ganhe o pleito. Já Romário disse apoiar o brasileiro Zico, que ainda não tem apoio de cinco confederações nacionais para concorrer ao cargo.

UOL Esporte

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