Como a exigência de um patrocinador fez o Brasil ter o nº1 no tênis

(Foto: Ron Angle/VIPCOMM)
 
 
Aos 32 anos de idade, o tenista Marcelo Melo aparece nesta segunda-feira como líder do ranking mundial de duplas pela primeira vez em sua carreira, acabando com um domínio de mais de 100 semanas consecutivas dos americanos Mike e Bob Bryan. Mas não fosse a exigência de um patrocinador o mineiro talvez jamais tivesse se dedicado exclusivamente ao circuito de duplas e alcançado esta posição de destaque.
 
Para entender o porquê, é preciso voltar a 2007. Com foco em simples e jogando torneios esporádicos em duplas, Melo estava com orçamento apertado e sem contar com parceiros para se manter viajando pelo mundo. Dar um tempo na carreira ou até mesmo desistir dela era uma possibilidade real.
Foi então que veio uma proposta da Centauro (rede de lojas de esporte) que era pegar ou largar: abandonar as simples - no qual não estava nem entre os 600 melhores do mundo - e jogar apenas duplas, nas quais acabara de ingressar no top 100. Só assim teria o apoio da empresa. Para o jogador, isso significava ter menos visibilidade em um primeiro momento e abrir mão de premiações muito maiores - há uma grande diferença entre os valores pagos pelos organizadores das competições aos simplistas e duplistas.
"Estava sem nenhum apoio na época, já estava chegando no meu limite de gastos. Mas até que não foi uma decisão difícil. Eu sempre gostei muito de jogar duplas, na época estava começando a ter resultados de duplas em torneios menores. Com certeza foi um grande incentivo para eu ter tomado aquela decisão na época. Talvez, se não fosse a Centauro, eu poderia ter perdido muito tempo ainda tentando no simples. Este patrocínio me deixou tranquilo para organizar da melhor maneira possível a minha carreira", disse o jogador, candidato à medalha na Olimpíada de 2016.
 
O responsável por fazer a proposta e convencer Melo a aceitá-la foi o também mineiro e presidente da Centauro Sebastião Bomfim Filho.
 
"Vi o Marcelo jogando em um torneio em Belo Horizonte no fim de semana e me impressionei com o saque e voleio dele. Conversando com alguns especialistas, me disseram que seria muito mais fácil para ele ter destaque nas duplas, até pelo biotipo. Combinei com o Marcelo de nos reunirmos na segunda e apresentei a proposta para ele", conta.
 
"E naquele primeiro contrato já apresentei a ele uma tabela que previa aumento de valores de acordo com posições que subisse no ranking. É um contrato que vale até hoje. E ali já coloquei um valor para ele caso alcançasse o número 1. Ele olhou com um pouco de descrença. Mas ai eu disse a ele: 'se você não acreditar que pode alcançar isso, não sou eu quem irei acreditar'. Ele chegou lá e agora vamos pagar um belo valor (risos)", completou o presidente da Centauro.
 
Seis anos mais tarde, Melo - único atleta patrocinado pela marca - provou que a decisão foi para lá de acertada. Além do número 1 do mundo, já possui 18 títulos - sendo o mais importante deles o do Grand Slam de Roland Garros em junho deste ano.
 
"Estou muito feliz em ter chegado ao posto de número 1. Foi uma longa trajetória até lá. Com certeza, acho até que o tênis em geral vai ser mais valorizado, em especial as duplas. E acho que o reconhecimento das pessoas no Brasil vai aumentar muito, o que, na verdade, é muito gratificante para mim", disse Melo, que nesta semana volta a a atuar ao lado do croata Ivan Dodig, no Masters 1.000 de Paris (FRA).

UOL Esporte

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