Alfinetadas: O futebol surpreende e o Barcelona não é exceção

(Foto: Kiko Huesca/EFE)


O mundo do futebol parou para acompanhar o clássico entre Atlético de Madrid e Barcelona pela Liga dos Campeões da Europa. Colocado como o time a ser batido, a equipe catalã viu seu reinado desmoronar ao jogar um futebol abaixo do esperado contra a equipe madrilenha. O resultado surpreendeu a quem esperava um grande espetáculo do trio Messi, Neymar e Suárez. OBarça foi eliminado ao ser derrotado por 2 a 0 pelo Atlético, dando adeus a Champions.

Não é de hoje que o futebol prega peças nos mais fanáticos e também na mídia esportiva. Um bom exemplo foi em 2015 com o Corinthians, apontado como uma das equipes a serem rebaixadas no Campeonato Brasileiro, e no final do ano, o time foi o campeão nacional. Também ninguém apostava anos atrás que o próprio Atlético de Madrid tiraria o título de Barcelona e Real Madrid no Campeonato Espanhol, em época de domínio dos catalães e dos real madrilenhos.

Agora, por que o espanto com a eliminação do Barcelona? Porque uma equipe com o trio de ataque que tem não pode ser batida por adversários de peso? O Atlético já demonstrou que não é qualquer equipe, principalmente com o comando de Simione. O jogo dessa quarta-feira mostrou certa “decadência” – por não achar palavra melhor – do trio mais famoso do mundo. Messi não vem jogando bem há mais de um mês e Neymar acompanha o pelotão. Suárez alivia, mas sozinho ele não resolve.

O que devemos concluir dessa queda do Barça são pontos positivos para o futebol, que há anos vem mantendo uma mesmice no futebol nacional e internacional. É sempre o mesmo Bayern de Munique vencendo, é sempre o mesmo Benfica ou Porto levantando a taça e é sempre o mesmo Real e Barcelona conquistando a La Liga. Essa oscilação de momentos é boa para aquecer o futebol, movimentar o mercado, para o crescimento de novas equipes e a manutenção de outras.

Leicester surpreende na Inglaterra (Foto: Getty Images)

Um exemplo dessa oscilação é no Campeonato Inglês, a famosa Barclays Premier League. Em 2016 todos esperavam um título nas mãos de Chelsea, Manchester City, Manchester United, Arsenal, Liverpool, mas o que estamos vendo é uma vertente importante ao esporte. O Leicester City, que até poucos anos atrás lutava contra o descenso na mesma Barclays, hoje lidera com folga a elite inglesa, seguido do também surpreendente Tottenham. O mercado se aquece pelo fato de equipes tradicionais buscarem uma melhora no elenco, quando vêem clubes como o Leicester ganhando de forma avassaladora.

Essa instabilidade quase atingiu o Campeonato Italiano no início dos anos 2000, mas quem “sofreu” mais foi à competição francesa. Veja um comparativo:

Relação de campeões nas principais competições europeias

Inglês (4 campeões)

2000-01 Manchester United
2001-02 Arsenal
2002-03 Manchester United
2003-04 Arsenal
2004-05 Chelsea
2005-06 Chelsea
2006-07 Manchester United
2007-08 Manchester United
2008-09 Manchester United
2009-10 Chelsea
2010-11 Manchester United
2011-12 Manchester City
2012-13 Manchester United
2013-14 Manchester City
2014-15 Chelsea

Espanhol (4 campeões)

2000-01 Real Madrid
2001-02 Valencia
2002-03 Real Madrid
2003-04 Valencia
2004-05 Barcelona
2005-06 Barcelona
2006-07 Real Madrid
2007-08 Real Madrid
2008-09 Barcelona
2009-10 Barcelona
2010-11 Barcelona
2011-12 Real Madrid
2012-13 Barcelona
2013-14 Atlético de Madrid
2014-15 Barcelona

Italiano (4 campeões)

2000-01 Roma
2001-02 Juventus
2002-03 Juventus
2003-04 Milan
2004-05 não teve campeão
2005-06 Internazionale
2006-07 Internazionale
2007-08 Internazionale
2008-09 Internazionale
2009-10 Internazionale
2010-11 Milan
2011-12 Juventus
2012-13 Juventus
2013-14 Juventus
2014-15 Juventus

Inter de Milão já foi o time a ser batido (Foto: Reprodução/Google)

Alemão (5 campeões)

2000-01 Bayern de Munique
2001-02 Borussia Dortmund
2002-03 Bayern de Munique
2003-04 Werder Bremen
2004-05 Bayern de Munique
2005-06 Bayern de Munique
2006-07 Stuttgart
2007-08 Bayern de Munique
2008-09 Wolfsburg
2009-10 Bayern de Munique
2010-11 Borussia Dortmund
2011-12 Borussia Dortmund
2012-13 Bayern de Munique
2013-14 Bayern de Munique
2014-15 Bayern de Munique

Francês (7 campeões)

2000-01 Nantes
2001-02 Lyon
2002-03 Lyon
2003-04 Lyon
2004-05 Lyon
2005-06 Lyon
2006-07 Lyon
2007-08 Lyon
2008-09 Bordeaux
2009-10 Olympique de Marseille
2010-11 Lille
2011-12 Montpellier
2012-13 PSG
2013-14 PSG
2014-15 PSG

Português (4 campeões)

2000-01 Boavista
2001-02 Sporting
2002-03 Porto
2003-04 Porto
2004-05 Benfica
2005-06 Porto
2006-07 Porto
2007-08 Porto
2008-09 Porto
2009-10 Benfica
2010-11 Porto
2011-12 Porto
2012-13 Porto
2013-14 Benfica
2014-15 Benfica

Há quem tenha controvérsias com esses crescimentos, principalmente com a possível criação de uma liga só com as “potências do futebol”. Discordo desse pensamento, pois uma liga dessa diminuiria o investimento de equipes mais modestas para alcançar patamares mais altos. Nessa nova leva de “superpotências” ou “potências em ascensão”, Leicester cria uma incógnita, mas ao mesmo tempo anima quem procura almejar novas conquistas.

Aqui no Brasil, por exemplo, o domínio nacional continua com potências como Corinthians, São Paulo, Flamengo, Santos, Palmeiras, mas foi surgindo outros candidatos, de mesmo nível, como Cruzeiro, Atlético Mineiro, Fluminense, Vasco, Internacional, além das surpresas como Chapecoense, Atlético Paranaense, Coritiba, Sport, Ponte Preta, dentre outros.

Por isso, mudanças positivas e investimentos tanto do poder público quanto da iniciativa privada devem ser bem-vindos ao esporte, principalmente ao futebol, que sofre com os escândalos na Fifa e CBF. O esporte precisa de uma nova cara, novos clubes bem organizados e sair da mesmice. O mais do mesmo cansa e por isso as torcidas começaram a esvaziar os estádios. E que essas mudanças continuem a acontecer com mais freqüência.

Chapecoense foi destaque nos últimos anos no Brasileirão (Foto: Alexandre Schneider/Getty Images)

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