Em nome da segurança, Fórmula 1 quer controlar até o suor dos pilotos

(Foto: Max Blyton/AFP)


Depois de instalar câmeras superpotentes no volante para investigar acidentes, a Fórmula 1 pretende usar parâmetros biométricos para avaliar a condição física dos pilotos após impactos mais fortes nas corridas. Pelo menos até o final do ano, a Federação Internacional de Automobilismo pretende testar uma forma de obter dados como pulsação, temperatura do corpo e níveis de suor em tempo real.

"Espero que possamos colocar algo do tipo em um piloto antes do final desta temporada, pelo menos para testar", afirmou Laurent Mekies, principal pesquisador do Instituto Global, que vem trabalhando junto à FIA para melhorar os parâmetros de segurança do automobilismo. "Os dados biométricos vão nos ajudar a entender as condições do piloto antes, durante e depois do acidente, a fim de facilitar o trabalho de resgate."

O primeiro grande acidente filmado com detalhes da história foi o de Fernando Alonso no GP da Austrália. Com a estreia de uma câmera que grava 400 quadros por segundo, foi possível estudar todo o momento da cabeça do piloto durante a batida, algo que foi cruzado com outros dispositivos presentes no carro e até um acelerômetro colocado no fone de ouvido que os pilotos usam para se comunicar via rádio. Tudo está interligado ao chamado ADC - sigla que vem de 'gravador de dados de acidentes', em inglês - e é basicamente a caixa-preta de um carro de F-1.

"Recebemos os dados em tempo real enquanto o carro está na pista, então se ele bater o ADR consegue nos mandar um sinal para dar ideia da magnitude do acidente", explicou Mekies.

Os dados do acidente de Alonso mostraram que o espanhol bateu na traseira da Haas de Esteban Gutierrez a 305km/h e sofreu uma desaceleração lateral que teve como pico 45G. Depois, o carro rodou 540 graus e chegou a ficar 0s9 sem contato com o chão. Ao cair, o impacto foi de 20 vezes a força da gravidade.

Além dos dados biométricos, Mekies revelou que a F-1 planeja ter mais câmeras apontando para o piloto, assim como desenvolver formas de estimar as cargas às quais os pilotos são submetidos por meio de sensores instalados no cinto de segurança. "É algo que nunca vai parar porque as pesquisas no campo da segurança também não param."

UOL Esporte

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