Crônica: Portugal merece toda a Europa aos seus pés

(Foto: Reprodução)


O ano de 2016 chegou com algumas incertezas para a seleção de Portugal. Após uma eliminatória complicada para alcançar a Eurocopa, nem os mais otimistas torcedores portugueses imaginariam que a seleção poderia chegar a sua segunda final europeia. Nem os torcedores mais antigos, que não tiveram a oportunidade de ver a seleção levantar uma taça internacional, acreditariam que no dia 10 de julho de 2016 estariam soltando o grito da garganta de campeão.

Quando Portugal desembarcou na França, casa da Eurocopa de 2016, as dúvidas eram muitas, mas o espírito de amor pelo país e de amor pelas cores vermelha e verde eram o mesmo. A seleção vinha badalada pela temporada impecável de Cristiano Ronaldo, mas os portugueses teriam pela frente grandes desafios como Alemanha, França, Itália, Inglaterra e Espanha. 

A classificação veio apenas com o terceiro lugar no grupo. Portugal sofreu para conseguir um lugar na segunda fase. Mesmo assim, o técnico Fernando Santos em nenhum momento jogou a toalha e foi importante por todas as conquistas da seleção até a final contra os donos da casa.

Cristiano Ronaldo nunca esteve tão em alta como na Eurocopa. Badalado pela conquista da Liga dos Campeões com o Real Madri, o jogador foi quebrando recordes e vibrando junto com os companheiros até chegar à final. Se não fosse uma combinação de resultados na primeira fase, Portugal teria voltado mais cedo para casa.

Com isso, o gás renovado foi importante para as fases seguintes. Na segunda fase, um confronto mais tranquilo contra a Croácia, vencido ainda no tempo normal por 1 a 0. A partir desse momento, Portugal não teve vida fácil. Ao enfrentar a Polônia, os portugueses perceberam que o estilo de jogo precisava ser mais certeiro, pois os adversários eram de qualidade e bem superior ao que se encontrou na fase de grupos. Vitória de 5 a 3 nos pênaltis contra os poloneses.

Em seguida, um bom confronto contra País de Gales, outra surpresa na Euro. Com mais tranqüilidade e mais jogo de cintura, vitória por 2 a 0. Do outro lado, a França derrotava também por 2 a 0 a Alemanha, grande favorita ao título. Seria uma final de grandes emoções.

E foi. Ninguém conseguia controlar a respiração. Mesmo truncado, a partida se mostrou perigosa para os dois lados, com uma França pouco criativa e tímida e Portugal driblando os adversários e a dificuldade técnica. Cristiano Ronaldo foi da glória ao desespero na decisão. Levou uma entrada perigosa de Payet ainda no começo de jogo que o tirou da final. Do banco, o jogador parecia mais um técnico com muitos anos de experiência do que um jogador três vezes campeão da Bola de Ouro. Fernando Santos também mostrava seu nervosismo e tenta controlar os ânimos nas quatro linhas.

(Foto: Reuters)

Quem se consagrou em campo mesmo foi o atacante português Éder. Nascido na Guiné-Bissau, o atleta veio para Portugal ainda criança e ali fez sua carreira. Ninguém pensava, naquela altura que estava a final, que o jogador acertaria um belo chute perto da meia-lua e marcaria o gol que tiraria um peso enorme das costas de Portugal. Lloris nada pode fazer. Portugal levava para casa o caneco.

Mas outro personagem se destacou por toda essa campanha. O goleiro português Rui Patrício foi decisivo em muitos jogos e na final não foi diferente. Rui foi uma verdadeira muralha no gol português. Quando não saía de forma espetacular para espalmar a bola, tirava o gol com os olhos. Definitivamente, foi o melhor em campo durante o tempo normal.

Portugal vence as dificuldades, os preconceitos, os favoritos e ganha com sua vontade, amor a seleção e vontade de dar alegria aos torcedores mais fanáticos e apaixonados. Merece o troféu, merece a glória que há anos não acontecia. Merece toda a Europa aos seus pés.

Portugal posa com o presidente em Lisboa (Foto: REUTERS/Pedro Nunes)

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