PF investiga desvio de recursos usados em preparação para a Rio-2016

(Foto: Roberto Castro/ ME)


Um esquema de fraudes em licitações para gerir verbas federais atingiu diversas Confederações brasileiras. Reportagem mostrada pelo “Fantástico”, da TV Globo mostra um acordo entre o Ministério do Esporte e a empresa SB Promoções em concorrências envolvendo verbas para aquisição de materiais esportivos, segundo investigação da polícia federal.

A SB Promoções estaria envolvida em cerca de 20 convênios suspeitos, com negócios que poderiam ultrapassar a marca dos R$ 30 milhões. Desde 2012, a empresa é investigada por fraudes no taekwondo.

Uma das fraudes teria acontecido em 2011. Na época, um convênio com o Ministério do Esporte destinou R$ 3 milhões para a Confederação Brasileira de Taekwondo. A partir daí, foi aberta uma licitação para a gestão desse dinheiro. A SB Promoções venceu a concorrência contra a Carioca Promo e o Instituto Virtudes. As duas empresas, no entanto, tiveram seus documentos forjados.

“Alguém pegou minha assinatura digital e colocou em uma proposta. Não tenho nada a ver com isso”, afirmou um representante da Carioca Promo ao “Fantástico”. “Nunca tive um papel timbrado, nunca fiz essa assinatura e nunca tive conta no banco”, disse a ex-jogadora de vôlei de praia Sandra Mathias, fundadora do Instituto Virtudes, que chegou a ser incluído em quatro licitações vencidas pela SB Promoções.

Campeão pan-americano em 2007 e quarto colocado nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2012, Diogo Silva se mostrou indignado com o escândalo de corrupção envolvendo a CBTKD. O atleta aponta as irregularidades como um dos fatores que contribuíram para que ele não conseguisse vaga para a edição do Rio de Janeiro, em agosto.

“Eles (CBTKD) tinham um poder tão grande na mão com isso (esquema de corrupção), que eles passaram a direcionar (as verbas). ‘Vocês me apoiam? Então terão recursos’. ‘Vocês não me apoiam? Vocês não vão ter’”, afirmou em entrevista ao “Fantástico”, da “Globo”.

“O Brasil está perdendo resultados expressivos nos Jogos Olímpicos porque não toma a atitude de corrigir esses erros”, completou.

O dinheiro gerido pela SB Promoções previa compra de kits de equipamentos de taekwondo para 15 Federações estaduais. No entanto, apenas nove Federações receberam algum material.

Outra fraude da empresa com a CBTKD envolvia a compra de 60 câmeras fotográficas, ao custo de R$ 2,5 mil cada uma. Ao invés disso, a SB Promoções forneceu webcams, avaliadas em cerca de R$ 500. O valor da nota fiscal apresentada na transação, no entanto, foi de R$ 148,8 mil, muito acima do custo real.

“Investiga-se ali os crimes de fraudes à licitação, peculato e associação criminosa, porque são recursos que eram para serem usados na preparação para as Olimpíadas”, explicou o delegado da Polícia Federal Tácio Muzzi.

Ao Fantástico, a CBTKD negou qualquer irregularidade em seus contratos e afirmou que colabora com a Justiça nas investigações.

UOL Esporte

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