Tocha Olímpica é símbolo de luta pelo fim da violência contra crianças e adolescentes

(Foto: Divulgação)


Dudu, 13 anos, vivia em um abrigo interditado judicialmente no Rio de Janeiro devido a problemas relacionados à violência, quando passou a integrar, em outubro de 2015, o grupo de crianças acolhidas na  Aldeias Infantis SOS Brasil. O menino, que faz parte das 30 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos que vivem em três casas lares da organização na capital fluminense, foi uma das crianças escolhidas para carregar a Tocha Olímpica, no dia 4 de agosto, em cerimônia de revezamento.

Partindo da escola municipal Henrique de Magalhães, no Bangu, junto a outras crianças, o menino conduziu a tocha por um percurso de 250 metros. Dudu foi umas das crianças que rompeu o ciclo de violência com a ajuda da Aldeias Infantis. Selecionado pelo juiz da 1ª Vara da Infância do RJ, Dr. Pedro Henrique Alves, para conduzir a Tocha Olímpica, o adolescente apresentou melhora significativa em seu comportamento após ser acolhido pela organização.

Em um período de seis meses, voltou a frequentar a escola e deixou de apresentar o comportamento explosivo de antes. Para Solange Bianchi, psicóloga da Aldeias Infantis SOS do Rio de Janeiro, o amor, o cuidado, o carinho e a atenção que recebeu da equipe, da mãe social (cuidadora residente) e também de seus irmãos SOS, ajudaram a transformar a realidade do menino. “Ele mudou muito em pouquíssimo tempo. É um menino tímido, muito doce e amável”, conta.

Há 50 anos a Aldeias Infantis SOS Brasil atua para defender e garantir os direitos de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Só Rio de Janeiro, a organização promove projetos de fortalecimento familiar e comunitário para 253 crianças, jovens e suas famílias em creches, casas de oportunidades e centros sociais, nos bairros de Jacarepaguá, Freguesia, Chatuba e Barra da Tijuca, na comunidade do Morro do Banco. Sob os cuidados da equipe da Aldeias Infantis, dedicada à proteção de crianças e jovens que tiveram seus vínculos familiares fragilizados ou rompidos, crianças como o Dudu encontram um novo futuro.

Prevenção- Entre os dias 5 e 21 de agosto, a cidade sediará os Jogos Olímpicos 2016, evento multiesportivo que contará com atletas de diversos países. Apesar de movimentar a economia, a realização de grandes eventos no país traz riscos de violação do direito de jovens.  Segundo o estudo, “Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro (2015)”, produzido pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro, entre as principais violações dos direitos da criança e do adolescente identificadas estão: exploração sexual, trabalho infantil, uso de álcool e outras drogas e o risco de crianças perdidas e desaparecidas.

No período de 2011 a 2014, o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), registrou 428.050 denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes. No ano de 2015, contabilizou 137.516 denúncias, a maior parte delas, 80.437, em relação às crianças e adolescentes, principalmente meninas (54%) e na faixa etária de quatro a 11 anos (40%). Durante a realização da Copa do Mundo, em 2014, a Secretaria de Direitos Humanos divulgou balanço que revelou aumento de 17% nos casos de denúncias a violações dos direitos de crianças e adolescentes se comparado ao mesmo período do ano anterior.

Para a Aldeias Infantis SOS Brasil, o fortalecimento familiar é uma das soluções para prevenir o aumento do número de casos de violação dos direitos de crianças e adolescentes durante a realização de grandes eventos. “Ao estreitar vínculos familiares, nós prevenimos violações, promovendo o cuidado e a segurança de crianças que poderiam ser vítimas de abusos durante a movimentação que ocorre em cidades como o Rio de Janeiro, na ocasião de megaeventos esportivos”, reforça Ana Almeida, Gestora do Programa Aldeias Infantis SOS na capital fluminense.

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