Cielo oficializa pausa na carreira, mas evita falar em aposentadoria

Sem competir desde abril, quando disputou o Troféu Maria Lenk e não conseguiu obter uma das vagas brasileiras nos 50 m livre da Rio-2016, o nadador Cesar Cielo, 29, oficializou nesta quarta-feira (12) uma interrupção na carreira profissional. Em entrevista coletiva, o único brasileiro campeão olímpico nas piscinas disse que ainda não tem sequer previsão de quando retomará a rotina competitiva. Entretanto, evitou tratar o anúncio como uma oficialização de aposentadoria.

"Na verdade, em competição eu decidir dar uma pausa, sim. Não competi desde o Maria Lenk e não tenho previsão de nada ainda", relatou Cielo. "Mas contato com a água eu nunca vou deixar de ter. São 22 anos dentro da piscina, e isso para mim é como escovar os dentes. Quando eu estou fora da piscina é hora de fazer coisa errada. Pelo menos lá é uma hora em que eu me centro, medito, mas por enquanto não tenho previsão de voltar a disputas. Deixei para a coisa acontecer naturalmente, quando eu sentir saudade ou vontade", completou.

Cielo amealhou três pódios em Jogos Olímpicos (em Pequim-2008, ouro nos 50 m livre e bronze nos 100 m livre; em Londres-2012, bronze nos 50 m livre). Além disso, foi tricampeão mundial dos 50 m livre (Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013), bicampeão mundial dos 50 m borboleta (Xangai-2011 e Barcelona-2013) e campeão mundial dos 100 m livre (Roma-2009). É o atual recordista mundial dos 50 m livre e dos 100 m livre.

No último ciclo olímpico, contudo, a trajetória de Cielo esteve longe de repetir a rotina prolífica de anos anteriores. O nadador trocou seis vezes de treinadores desde 2012, alternou entre Brasil e Estados Unidos como sede de seus treinos e foi destronado por Bruno Fratus em competições nacionais. Em 2015, abandonou o Mundial de Kazan por estar lesionado e deixou a primeira seletiva para a Rio-2016, em Palhoça, antes mesmo de nadar os 50 m livre.

Depois de abril, quando confirmou que não disputaria a Rio-2016, Cielo ficou sem nadar até agosto. Retomou os treinos – tem contrato com o Minas Tênis Clube até o fim do ano –, mas ainda não montou novamente uma rotina condizente com o que fez durante os anos de dedicação ao alto rendimento.

O catalizador para o retorno às piscinas foi justamente a Rio-2016. Durante os meses de reclusão, Cielo rechaçou convites para participar da competição – não quis estar no revezamento da tocha, na cerimônia de abertura ou na preparação da equipe brasileira de natação, por exemplo. Quando assistiu às disputas pela TV, a coisa mudou.

"Estou deixando a coisa rolar. Estou começando a sentir saudade da piscina. Quando eu assisti à Olimpíada, estava quase arrancando a TV do móvel. Quando eu vi o revezamento, estava pirando lá em casa. Pensei até se não devia estar na borda da piscina com eles, nem que eu ajudasse na parte externa", disse Cielo.

A vontade de voltar à água foi especialmente intensificada depois da prova de Thiago Pereira, 30, sétimo colocado nos 200 m medley da Rio-2016. O brasileiro optou por uma estratégia arriscada na prova, acelerou no início e estava na segunda colocação até a virada dos últimos 50 metros. Na reta final, cansou e ficou para trás.

"Não tinha pulado na piscina desde o Maria Lenk. Aí eu assisti à prova do Thiago, e eu acho que ele merecia terminar com uma medalha", afirmou Cielo. "A sensação que eu tive foi a que eu coloquei em uma mensagem que mandei para ele bem depois: se você quiser sentar para conversar, acho que a gente está numa fase parecida. A gente não está gostando muito da piscina, mas não quer largar. A relação com a piscina é pessoal: tem dia que eu amo, tem dia que eu odeio. Passei um tempo brigado, mas já estou com um pouquinho de saudade", finalizou o nadador.

UOL Esporte

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