Auditoria corintiana vê lucro indevido da Odebrecht em conta da arena

A auditoria contratada pelo Corinthians analisa supostas cobranças indevidas feitas pela Odebrecht na conta de R$ 1,2 bilhão da sua arena. Entre os pontos, há um questionamento de inclusão de R$ 27 milhões de lucro da construtora na conta final que, por compromisso, não deveria existir. Extraoficialmente, a construtora alega que não teve lucro nenhum porque o dinheiro foi usado para cobrir aumento de despesas com custos extras.

As supostas cobranças indevidas foram verificadas pela auditoria Claudio Cunha e por advogados contratados pelo clube que analisam as despesas do estádio. Contratos com fornecedores da arena também estão sendo alvo de escrutínio desse grupo. Ao final, o Corinthians decidirá se requisita o desconto da dívida do clube.

Como mostrado pelo blog, mudanças contratuais fizeram saltar o valor inicial de R$ 820 milhões para R$ 985 milhões. Contratações de overlays para a Copa-2014 e juros elevaram a conta para R$ 1,2 bilhão. O Corinthians só pagou uma pequena parte desse valor, tendo dívida de R$ 350 milhões só com a construtora.

Bem, neste valor de R$ 985 milhões, foram incluídos 4% de lucro bruto para a Odebrecht, além de outros 4% de taxa de administração da obra. Ou seja, de lucro, estavam previstos R$ 39 milhões para a construtora. Posteriormente, um aditivo estabeleceu que esse valor ficaria em R$ 27 milhões.

A empreiteira prometeu em diversas ocasiões que não teria lucro. Foi feita uma ata assinada pelas partes confirmando que não haveria esse ganho extra da Odebrecht. No entanto, ao final da obra, a construtora cobrou o preço integral e deu a obra como concluída sem que ela estivesse integralmente pronta.

É nisso que a auditoria se baseia para exigir que o lucro seja excluído, além de outros itens. A auditoria está reunindo documentos de dois levantamentos sobre as obras do estádio, feito agora pela Claudio Cunha Engenharia e pela Tessler. Será feito um documento final em que se apontarão os supostos prejuízos do clube.

Em contrapartida, na versão extraoficial, a Odebrecht argumenta que o seu lucro foi usado como contingência para cobrir itens da obra que extrapolaram os valores previstos inicialmente.  Entre os itens citados, estão uma instalação para liberar fumaça, novos locais para imprensa e vidros da cobertura. Alguns itens já estavam na estimativa inicial e custaram mais do que o previsto, outros tiveram de ser incluídos. Essa é a versão da  construtora.

Segundo a Odebrecht, todos esses valores estão detalhados na conta final da obra que está disponível no fundo que controla o estádio desde o final de 2015. A construtora alega que basta a auditoria consultar os documentos para ver que não sobrou lucro.

A tese é rebatida na auditoria onde se afirma que já foram feitas diversas reivindicações de documentos à construtora e nenhum deles foi recebido. A argumentação é de que empreiteira tem constantemente sonegado essa documentação para evitar a realização da auditoria.

Por fim, a versão da Odebrecht é de que só levou prejuízo na obra pois teve que financia-la com empréstimos e capital próprio. Foram feitos empréstimos com bancos privados e com o BNDES. Só diretamente à construtora o clube deve R$ 350 milhões. Em contrapartida, representantes corintianos dizem que a empreiteira já recebeu por meio dinheiro por meio desses mútuos.

Quando encerrada a auditoria, ficará a questão se a diretoria corintiana cobrará que a empreiteira desconte os supostos itens indevidos. Ao mesmo tempo, em meio à disputa, a Odebrecht poderá endurecer na cobrança da dívida do clube pelo estádio.

UOL Esporte

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