Risco de impeachment: presidente de conselho vê irregularidade de Andrade

Guilherme Gonçalves Strenger, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, tem convicção de que Roberto de Andrade cometeu irregularidade ao assinar contrato para o Grupo Omni administrar o estacionamento do estádio alvinegro antes de ocupar a presidência do clube, como mostrou a revista “Época”. Ele vai examinar o documento para saber se o acordo é prejudicial à agremiação. Se for, Andrade poderá sofrer um processo de impeachment.

“Vou conversar com o presidente para que esclareça a situação e darei o benefício da boa fé a ele, mas que há uma irregularidade há. Ele não poderia ter assinado como presidente se a data do documento mostra que naquele dia ainda não era. Se ele assinou depois de ser eleito, sem olhar a data, isso não muda o fato de que houve irregularidade.  E não é um contrato qualquer. É um compromisso que vale por dez anos, afeta três gestões no clube. Agora preciso ver se esse acordo beneficiou o Corinthians ou se beneficiou a Omni. O estatuto prevê processo de impeachment se o presidente praticar algum ato que cause prejuízo ao Corinthians”, explicou Strenger ao blog.

Ele afirmou também que já soube de conselheiros que pretendem formular um pedido para a abertura do processo de afastamento, mas que não recebeu nada.

O artigo 104 do estatuto corintiano diz que é motivo para a retirada do presidente ter ele acarretado prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do clube. Cabe ao presidente do conselho encaminhar o pedido de abertura do processo à comissão de ética do órgão, que ouve a defesa do acusado e indica ou não o impeachment. O afastamento precisa ser aprovado pelos conselheiros. Em caso de impeachment, assume o primeiro vice-presidente. O cargo é ocupado por André Luiz Oliveira, o André Negão. Ele estava disposto a renunciar por não atuar na administração, mas até agora não sacramentou sua saída.

A reportagem de “Época” mostra que Andrade assinou o contrato referente ao estacionamento em 10 de janeiro de 2015. Porém, ele só foi eleito em 7 de fevereiro do mesmo ano. “Tem também a questão da eleição. Como um grupo negociou o contrato existindo a possibilidade de outro assumir o clube? Isso precisa ser explicado”, disse Strenger. Para a oposição, existe a possibilidade de ter havido fraude no pleito.

A revista já havia mostrado que o dirigente tinha assinado a ata de uma assembleia aprovando mudanças no contrato com a Odebrecht relativo à construção da arena Corinthians antes de assumir a presidência do clube. “Mas naquele caso, o presidente explicou que depois não assinou as mudanças contratuais, então não houve prejuízo para o clube. Nesse novo episódio, é preciso examinar o contrato”, declarou Strenger.

Até então, o presidente do Conselho Deliberativo acreditava que o documento sobre a operação do estacionamento tinha sido assinado por Mário Gobbi. Chama atenção no caso o fato de a Omni, empresa que cuida da operação do programa de sócio-torcedor alvinegro, não ser especialista em administração de estacionamentos.

Nas duas suspeitas de falsidade ideológica por ter assinado documentos como se ocupasse um cargo que não ocupava, Andrade negou por meio de notas no site do Corinthians ter cometido irregularidades. Ele sustenta que o contrato referente ao estacionamento foi acordado entre as partes antes da eleição e encaminhado para que todos os envolvidos o assinassem, retornando ao clube apenas quando o dirigente já tinha sido eleito. Assim, já ocupava o cargo quando colocou sua firma no documento (a data, porém, é anterior à sua posse).

Veja abaixo, na íntegra a nota publicada no site alvinegro.

''Novamente vítima de ataque injustificado à sua honra – sabe-se lá orquestrado por quem ou com qual objetivo –, o presidente Roberto de Andrade Souza vem a público reiterar que jamais fraudou qualquer documento, seja relacionado ao Corinthians, seja em sua vida pessoal ou profissional, como equivocadamente insiste a Revista Época. O contrato objeto desta última matéria foi comercialmente acordado entre as partes, redigido, validado pelo Departamento Jurídico do Clube e encaminhado para a assinatura das outras partes contratantes antes da eleição do Presidente Roberto. Quando o contrato retornou assinado pelas outras partes, Roberto de Andrade já era o presidente do Corinthians e já exercia regularmente seu mandato. A Revista Época foi devidamente informada de que o Presidente Roberto já estava no exercício do mandato quando assinou o documento, mas preferiu insistir em sua fantasiosa e falaciosa versão''.

UOL Esporte

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