Abel se revolta com demissões e defende greve dos treinadores no Brasileirão

(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)


A entrevista coletiva da tarde desta terça-feira era sobre o clássico entre Fluminense e Botafogo. Porém, Abel Braga falou também sobre as recentes demissões de treinadores no Brasileirão. Revoltado com a cultura de troca de comando (foram nove em 12 rodadas na atual edição), o comandante tricolor sugeriu uma greve da categoria.

- Tem algo que pode ser feito. A única coisa: tem que pressionar o governo, a sociedade, que o treinador de futebol é uma profissão. Você é demitido de um clube, não recebeu a rescisão e a CBF pede uma declaração ao clube sobre a mudança para que ele possa contratar outro. E o acerto? - disse Abelão, para completar:

- Só vai parar essa cultura no momento em que se reunir alguns nomes como eu, Mano Menezes, Paulo Autuori, Osvaldo de Oliveira, Dorival Junior, Vagner Mancini, Tite... os caras pesados. Se reunirem e fazer uma greve. Jogador não faz? Técnico não ganha direito de arena. E é demitido sempre dessa maneira. Tínhamos que parar o campeonato.

O técnico falou por dez minutos sobre o assunto em uma entrevista que demorou meia hora. Foi questionado sobre a recente demissão de Eduardo Baptista do Atlético-PR. Ele ficou menos de dois meses no cargo e comandou a equipe em 13 partidas. Além também da saída de Vagner Mancini da Chapecoense. Depois de liderar a reconstrução da equipe, ele foi demitido justamente após o empate por 3 a 3 com o Fluminense.

- É o jeito de parar Brasília. Enquanto não reunir os cascudos para dar um basta, vai acontecer isso. É ridículo. Fizeram com Mancini, com Eduardo Baptista. Não vai parar e ninguém grita. O cara que contrata, faz um projeto... é mentiroso. Manda embora dois meses depois. Que projeto é esse? Enquanto não parar, não tiver rodada, não vai mudar nada. É deprimente, vergonhoso. Isso tem que acabar. Sou apolítico, não me manifesto com política. Mas ai estamos falando da minha classe.

Abelão fez um alerta sobre a situação dos técnicos menos famosos. Para ele, a situação de toda a categoria tem de ser revista.

- E os outros da Série C? Série D? Que a gente nem fica sabendo? Onde isso vai parar? Minha vida está estabilizada por causa dessa profissão. Mas quero que a rapaziada nova consiga também. Tem que parar, não tem rodada. Eu estou disposto. Se meus colegas estiverem também, estou dentro.

Globo Esporte

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