MLS troca estrelas por joias da América do Sul, mas brasileiros ficam de lado

(Foto: Reprodução)


Saem Kaká e Pirlo; entram Ezequiel Barco e outras joias do futebol sul-americano. A Major League Soccer retorna neste sábado com uma filosofia bem clara: deixa de lado a aposta em medalhões que fizeram carreira no Velho Continente e passa a investir em jovens promessas de Argentina, Uruguai, Paraguai e até Venezuela. Sentiu falta do Brasil? Pois é. Justamente num momento em que nossos vizinhos aparecem em alta na principal liga dos Estados Unidos, o país vê a MLS começar com apenas 10 jogadores, o menor número de brasileiros na década.

- Acho que a liga está à procura de nomes no mercado da América Latina porque pode encontrar bons nomes a preços bons, mas, ao mesmo tempo, deixa espaço para mais desenvolvimento. Esses jogadores podem dar o que os clubes estão procurando, mas também existe a questão do valor de revenda. O mais importante é que são bons jogadores pelo preço certo - diz o técnico do Portland Timbers, o venezuelano Giovanni Savarese, em entrevista à revista "Sports Illustrated".

Com 10 representantes, entre eles Ilsinho e Ibson, Brasil por duas vezes foi o país com mais estrangeiros nesta década na MLS, em 2010 e 2013. Hoje vê sete nações com mais jogadores (o Canadá, primeiro da lista, se beneficia nesse caso por conta dos times locais na liga) e está empatado com Venezuela e Espanha na oitava colocação (veja mais detalhes na tabela abaixo). Na liga há seis anos, o meia paranaense Felipe Martins defende o New York RB é um dos principais nomes do Brasil nos Estados Unidos. Ele vê que o problema mora na adaptação ao futebol local.

- Tem pouco brasileiro aqui e isso quer dizer muito. O futebol aqui é muito físico, atlético, tem a velocidade de jogo... é diferente para o brasileiro se adaptar aqui. Mas também deve partir dos brasileiros mudar a mentalidade e conquistar novos objetivos, e não só se preocupar com aquele futebol bonito, de arte. Aqui é mais objetivo, o que falta no brasileiro.

Revelado pelo Fluminense, o atacante Stéfano Pinho é outro entre os 10 brasileiros da liga americana. Nos últimos anos, ele defendeu clubes da (hoje extinta) NASL por equipes como Fort Lauderdale, Minnesota United e Miami FC. Agora, foi "promovido" nesta temporada à MLS ao chegar ao Orlando City, último time da carreira de Kaká. Ele vê como os brasileiros podem contribuir para o futebol nos Estados Unidos.

- Todo time quer um brasileiro no elenco. Traz a inteligência, a habilidade de jogar do Brasil. Acho que contagia o grupo e cria um clima muito bom. Quero ajudar muito o Orlando com gols e ser bem visto pela torcida, pelo clube e pela liga. O brasileiro vem para somar. Junto com isso dá para misturar o talento do brasileiro com a ideologia deles de jogar - disse Stéfano.

Vizinhos em alta

A queda de brasileiros na MLS, como mostra o gráfico acima, não se reflete em nossos vizinhos sul-americanos. Para se reforçar nesta temporada, o clube treinado por Tata Martino pagou por US$ 15 milhões (cerca de R$ 50 milhões) por Ezequiel Barco (que sofreu uma lesão e perderá o início de temporada), autor do gol do Independiente na final da Copa Sul-Americana contra o Flamengo, na maior transferência da história da MLS.

Mas não é só ele. Outros sul-americanos chegaram nesta temporada a franquias da MLS. É o caso uruguaio Diego Rossi, que trocou o Peñarol pelo Los Angeles FC, e os paraguaios Josue Colman e Jesus Medina chegaram ao Orlando City e ao New York City, respectivamente. Tem também o argentino Milton Valenzuela no Columbus Crew e o venezuelano Alejandro Fuenmayor no Houston Dynamo... Todos jovens talentos sul-americanos que chegam para ocupar o espaço que já foi de Kaká, Pirlo, Drogba, Gerrard, Lampard, Henry, Beckham...

- Saiu o Kaká e o Pirlo... Agora a MLS está querendo trazer jovens revelações, principalmente da América Latina, sendo o Brasil um pouco mais devagar neste mercado. Os brasileiros precisam de mais confiança. O Barco foi um dos destaques da Sul-Americana no ano passado. A filosofia é contratar jogadores jovens para diminuir a média idade, ao invés de jogadores com nome. Acho que é uma evolução muito grande para a liga - disse Felipe.

A temporada

O Los Angeles FC é a novidade na liga e amplia o número de times na Conferência Oeste para 12 equipes - o Leste segue com 11. A temporada regular começa neste sábado com o duelo entre o atual campeão Toronto e o Columbus Crew, às 15h (de Brasília), e vai até 28 de outubro, após cada equipe disputar 34 rodadas. Os seis primeiros, tanto do Oeste quanto do Leste, avançam aos playoffs, sendo que os dois melhores de cada chave vão diretos para as semifinais de suas respectivas conferências.

Entre os grandes nomes que seguem na MLS, estão o espanhol David Villa (New York City), o francês Alessandrini, o inglês Ashley Cole, o mexicano Giovani dos Santos (os três pelo Los Angeles Galaxy), o alemão Schweinsteiger (Chicago Fire) e o italiano Giovinco (Toronto FC), esse último atual campeão e grande nome da liga nos últimos anos. A promessa é de equilíbrio.

- Temos muitos jogadores de nome nos Estados Unidos. Acho difícil pegar um craque, Vamos ver no campeonato. Será muito difícil. Muitas equipes se fortaleceram. Não dá para saber o mais favorito - avaliou Stéfano.

Campeões

Los Angeles Galaxy - 5 (2002, 2005, 2011, 2012, 2014)
DC United - 4 (1996, 1997, 1999, 2004)
S.J. Earthquakes - 2 (2001, 2003)
Houston Dynamo - 2 (2006, 2007)
Sporting Kansas City - 2 (2000, 2013)
Columbus Crew - 1 (2008)
Chicago Fire - 1 (1998)
Portland Timbers - 1 (2015)
Seattle Sounders FC - 1 (2016)
Toronto FC - 1 (2017)
Real Salt Lake - 1 (2009)
Colorado Rapids - 1 (2010)

Globo Esporte

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