Aos 45 anos, Scheidt volta atrás e vai tentar vaga para sua sétima Olimpíada

(Foto: WILLIAM WEST/AFP/Getty Images)


Recordes. Robert Scheidt não se cansa deles. E nesta terça-feira o bicampeão olímpico faz o anúncio que pode levá-lo a quebrar mais dois. Aos 45 anos, Scheidt vai em busca da vaga em sua sétima olimpíada, retornando à classe Laser. Assim, se conseguir a vaga nos Jogos de Tóquio 2020, o velejador se tornará o brasileiro com mais participações olímpicas. Hoje, ele tem seis idas aos Jogos contabilizadas, como o também velejador Torbem Grael, o mesa-tenista Hugo Hoyama, o cavaleiro Rodrigo Pessoa e a jogadora de futebol Formiga, estes dois últimos ainda poderiam ir como atleta para a próxima Olimpíada, no ano que vem.

- Minha preocupação maior é administrar lesões. O principal é o sonho de tentar de novo, sei que não vai ser fácil, mas se planejar bem posso chegar lá com chances. Começou a voltar a vontade e a motivação. Comecei a estar feliz no barco. Demorei alguns meses para tomar a decisão. Decidi que vou tentar. A caminhada não vai ser fácil. Muitos desafios físicos e os adversários. Mas estou muito animado. Experiência vai contar a favor. Quero planejar bem para evitar lesões - afirmou o bicampeão olímpico.

O outro recorde que Scheidt pode quebrar em 2020, caso consiga a classificação para os Jogos de Tóquio, é no número de medalhas olímpicas conquistadas. Ele já detém a marca de cinco conquistas, como Torben Grael, que tem dois ouros, uma prata e dois bronzes. Já Scheidt acumula dois ouros (Atlanta-1996 e Atenas-2004), uma prata (Sydney-2000), estes na Laser, mais uma prata e um bronze na classe star, ao lado de Bruno Prada (Pequim-2008 e Londres-2012). Vale lembrar que Scheidt também é o brasileiro com mais título mundiais em esportes olímpicos, com 12 ouros.

- Primeira coisa é não pensar na idade. No Rio eu já era o mais velho. Ganhei o Mundial com 40 anos. No final, o lado mental conta muito em grandes competições como a Olimpíada - disse.

A tentativa de conseguir a vaga olímpica, porém, vem pouco mais de um ano depois que ele anunciou que não disputaria os Jogos Olímpicos de Tóquio. Em outubro de 2017, o velejador disse que "o volume de treino" para chegar bem em 2020 seria "muito grande" e por isso estava abrindo mão do projeto. O quarto lugar nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e a distância dos filhos também pesaram. Agora ele está de volta. E novamente na classe laser, que é individual e exige muito do preparo físico do atleta. A classe star, em dupla, não está no programa olímpico de Tóquio.

- Sempre gostei de treinar muito e mais do que os outros. Vai ser a mesma filosofia do Rio. Reduzir volume de treinamento e não a intensidade. Escolher bem os eventos que vamos participar. Falta pouco para a Olimpíada. Rio foi quase medalha. Campanha muito boa. Preparação excelente. Objetivo é lutar por medalha. Se não achasse que tinha chance de medalha nem estaria aqui hoje.

Por fim, o que motivou o veterano a competir novamente em busca da sétima Olimpíada, um recorde entre brasileiros, foi um bom resultado dele no fim do ano. Em novembro passado, logo após ganhar o sul-americano na classe star, Scheidt foi competir na Copa Brasil da laser. Ficou com o vice, atrás apenas de Bruno Fontes, que levou o título nos critérios de desempate. Na competição, o bicampeão olímpico ainda ficou à frente de João Pedro Souto de Oliveira, de 24 anos, velejador que conquistou o direito de o Brasil ter representante na classe laser nos Jogos Tóquio (a vaga olímpica na vela é do país, e não do atleta). Então, ali, a sensação de que bons ventos podiam levá-lo à Tóquio surgiu com mais força. E quando se trata de velejar, seja qual for a condição do vento, Scheidt é especialista.

Globo Esporte

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