Ídolo em Toronto, Drake recebe chamada da NBA, mas segue como personagem na final

(Foto: Vaughn Ridley/Getty Images)


Assim que garantiu a vaga para a final da NBA pela primeira vez na história, o Toronto Raptors passou a lidar com uma lista de preocupações. Como evitar os arremessos de três de Stephen Curry? Como se livrar da marcação de Draymond Green? Uma tarefa, entretanto, era inusitada e estava fora de quadra: nos primeiros dois jogos em casa, o time teria que tentar controlar seu torcedor mais famoso, o rapper Drake.

O assento do músico fica no meio da quadra, ao lado da bancada da arbitragem e do banco de reservas dos Raptors. De lá, o músico tem protagonizado cenas engraçadas e polêmicas, especialmente nos playoffs deste ano. Para evitar dores de cabeça na grande final, a NBA fez uma rápida reunião com a franquia canadense para discutir o comportamento do rapper durante as partidas, algo que não é inédito.

Em 2018, Drake também precisou tomar uma chamada pelo o que fez durante as semifinais de conferência Leste, entre Toronto e Cleveland. Para quem não se lembra, o músico e o jogador Kendrick Perkins, dos Cavaliers, trocaram ofensas dentro de quadra. Seguranças tiveram de impedir um confronto ainda pior.

Para o pivô dos Warriors, Jordan Bell, Drake não incomoda.

- Ele joga basquete? (risos). Ele não entra em quadra, não nos preocupamos com ele. Eu adoro as músicas e acho até divertido a forma como ele apoia o time. Está sempre celebrando, expressando seus sentimentos reais. Na realidade, admiro isso. Não me incomoda, eu adoro.

Bell garante que, mesmo que seja provocado em algum momento, não irá responder.

- Eu não ouço nada durante o jogo. Se ele me provocar, provavelmente não vou nem perceber. Na quadra só escuto o técnico. Se ouvir, vou ignorar - completou o pivô dos Warriors.

O mesmo não pode dizer Draymond Green. O ala ficou uma arara com Drake no final do Jogo 1. O músico teria chamado jogador de "lixo" e questionando “quem é Draymond Green?”. Na entrevista logo após a partida, o jogador do Golden State ficou irritado com uma repórter que perguntou sobre a confusão.

- Você tem alguma pergunta sobre basquete? Eu não chamaria o que aconteceu de troca de ofensas, a gente apenas latiu um pouco - respondeu Green, sem muita paciência.

No dia seguinte, bem mais tranquilo, o camisa 23 dos Warriors voltou a comentar o entrevero. Dessa vez, acreditem, saiu em defesa do rapper.

- As pessoas transformam essa situação com o Drake em uma grande coisa. Ele é fã, ganha mais atenção porque é o Drake. Tem tanta gente que reclama, mas ele trabalhou duro para estar onde está, ele suou para isso. Para mim é divertido, eu não ligo - minimizou Draymond.

Do lado dos Raptors, claro, o clima é de apoio total a zoeira.

- Eu gosto do que ele está fazendo nos jogos, é engraçado! Algumas pessoas reclamam, acham chato, mas o Drake não está quebrando as regras, não está desrespeitando ninguém. Ele está se divertindo e faz tudo o que qualquer torcedor faria. O único problema é que ele está dentro da quadra, então a câmera mostra tudo o que ele faz. Também, claro, porque ele é o Drake - disse Norman Powell.

Sim, o problema é que ele está dentro da quadra. A NBA tem algumas regras de conduta para torcedores, especialmente para aqueles que estão muito próximo dos jogadores.


Klay Thompson foi uma das vítimas do cantor na hora das provocações. Drake chegou a fazer o sinal com as mãos de um telefone, em referência a um de seus sucessos "hotline bling" (“toque na linha especial”), justamente porque no dia anterior, o jogador dos Warriors garantiu que não ouviria músicas "melosas" como essa. O rapper não deixou barato.

A família Curry foi lembrada por Drake antes do Jogo 1. O músico decidiu usar uma camisa do pai de Stephen, Dell Curry, que defendeu os Raptors em suas últimas três temporadas da carreira, entre os anos de 1999 a 2002. No final do jogo, ao cumprimentar o camisa 30 dos Warriors, Drake tirou uma linha que estava presa no cabelo dele, em uma cena “carinhosa”. Depois, resolveu fazer piada e anunciar a “venda” do fiapo pelas redes sociais.

- Acho que no caso do Drake, como mencionei anteriormente, a gente certamente admira ele como um super fã, e sabemos que ele é amado em Toronto. Mas, ao mesmo tempo, acho que existem limites que não deveriam ser ultrapassados. A gente conversou diretamente com o Drake e o empresário, então acho que estamos de acordo - explicou Adam Silver, comissário da NBA, responsável por administrar a liga, antes do início da final.

Globo Esporte

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