Como uma técnica estrangeira, prestígio e incentivos podem alavancar o futebol feminino brasileiro

(Foto: Reuters)

Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


Com a eliminação da seleção feminina de futebol para a França na Copa do Mundo, que foi vencida pelos Estados Unidos na final contra a Holanda, fica a dúvida sobre o futuro da seleção brasileira. A ideia, inicialmente, é uma renovação de elenco, a possível saída do técnico Vadão e um maior incentivo da CBF, clubes e empresas privadas no crescimento da modalidade no Brasil.

Segundo José Pedro Mello, CEO do AtletasNow, startup que conecta todas as pontas do esporte, o futebol feminino recebe poucos incentivos para se desenvolver, e com isso as atletas acabam não seguindo a carreira ou fechando contratos com clubes do exterior.

“O que acontece no Brasil, mas que após a Copa do Mundo de Futebol Feminino está começando a ser mudado, é a falta de investimento nas categorias de base. Vejo que isso está começando a mudar, e o legado deixado após esta última copa irá resultar na criação de novas equipes e campeonatos, consequentemente, aumentando o nível de competitividade e o tamanho do cenário do futebol feminino no Brasil”, explica Mello.

Na última semana, o nome de Pia Sundhage foi sondado como a nova treinadora da seleção. Pia é ex-jogadora sueca e, atualmente, é técnica da seleção de base da Suécia. No entanto, um nome estrangeiro para comandar a seleção sempre foi discutido, mais precisamente na seleção masculina. Segundo Mello, isso reforça como o país precisa melhorar sua estrutura e qualidade.

“Um investimento do desenvolvimento do futebol feminino precisa ser feito, para que não apenas o cenário esportivo feminino cresça como um todo, mas como também possamos gerar novos talentos esportivos individuais, ou seja, jogadoras e técnicas. Acredito que ter uma mulher dirigindo a equipe da seleção brasileira, mesmo ela não sendo brasileira, vai ser um grande fomentador para que inspire essa nova geração”, comenta.

Marta

Durante a Copa do Mundo, a jogadora Marta foi destaque por dois motivos: se lesionou durante os treinamentos da seleção na França e sempre foi categórica em suas falas durante coletivas de imprensa e entrevistas. Reforçava o pedido para que as jogadoras brasileiras acreditassem no futebol e para que as autoridades possam elevar o esporte para um outro patamar.

(Foto: Reprodução)

“[Marta] vem fazendo um papel espetacular e importantíssimo para o futebol feminino no Brasil. Elas [as jogadoras] não apenas são símbolos de guerreiras que conseguiram chegar aonde elas chegaram no esporte, como também são inspirações para toda essa nova geração de atletas que sabem a dificuldade da modalidade no Brasil, mas que ao receber incentivos como de atletas como a Marta, recarregam as suas energias para enfrentar mais um dia no futebol feminino no Brasil e sonhar em um dia participar de uma Copa do Mundo”, enfatiza Mello.

Torcida

A torcida esteve dividida nesta Copa feminina. De um lado, muitos apoiavam, vibravam e acompanham os jogos da seleção. Por outro, as críticas eram fortes, principalmente de que a modalidade não teria importância para o esporte brasileiro, já que não é multicampeão como o masculino, por exemplo.

José Mello comenta que um bom marketing e divulgações nas redes sociais são iniciativas importantes para clubes e federações. Com isso, o futebol feminino pode se tornar uma nova paixão brasileira e incentivar as novas atletas a se aperfeiçoarem e acreditar em um futuro promissor para o esporte.

“Entendo que o apoio da torcida a alguma modalidade esportiva depende muito de como o clube esportivo trabalha a imagem e a exposição. Acredito que o investimento em uma modalidade, seja especificamente para o futebol feminino ou para modalidades que não sejam futebol masculino, não é apenas no desenvolvimento atlético e reformas da estrutura para receber jogos e treinos, mas também é preciso ter um planejamento para ativar os torcedores nos jogos e mostrar o real potencial que essas outras modalidades também possuem”, conclui.

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