Flamengo acumula prejuízos mesmo com casa cheia e negocia soluções para viabilizar Maracanã

(Foto: Divulgação / Flamengo)


O início da temporada expôs uma encruzilhada do Flamengo. O clube acumula bons públicos como mandante, mas junto de prejuízos.

O contrato com o Maracanã, aliado à política de ingressos mais em conta, tem rendido quase nada aos cofres rubro-negros, como os R$ 13,6 mil da estreia no Carioca, equivalente a 1,2% da renda contra o Bangu. Isso quando o saldo não fica no vermelho, como os mais de R$ 200 mil negativos do último jogo, diante do Boavista. Há solução?

O prejuízo identificado nos borderôs é minimizado pela receita de bares e camarotes, que não são listadas e o clube aponta como relevantes. Até o fim de 2018, por exemplo, o Flamengo tinha conseguido vender R$ 1,5 mi referentes aos setores mais nobres do estádio, e há previsão de crescimento com a Taça Libertadores. O contrato prevê 48 camarotes ao Rubro-Negro.

De certa forma, o Flamengo está de mãos atadas de modo geral devido ao contrato, assinado em 2018, com duração até dezembro de 2020 e que exige um número mínimo de 25 jogos por ano. A multa rescisória é de R$ 6 milhões, mas usá-la não está nos planos, até pela falta de soluções imediatas. No entanto, a diretoria negocia para tentar abaixar custos operacionais. O primeiro diagnóstico da atual gestão é que a despesa com quadro móvel é muito cara. Gastos envolvendo segurança, ambulâncias, luz, recepção e outras empresas terceirizadas já chegaram a cerca de R$ 350 mil.

O Flamengo até já obteve na Justiça uma liminar que diminuía os custos para jogar no Maracanã. Porém, com o risco de perder no recurso e ter mais despesa, a diretoria procurou a concessionária e chegou ao modelo atual, que prevê o pagamento de 15% da renda bruta pelo aluguel, com o teto de R$ 700 mil e mínimo de R$ 200 mil por jogo. Porém, para ser vantajoso requer aumentar o preço dos ingressos. No ano passado, por exemplo, com bilhetes mais caros na gestão Eduardo Bandeira de Mello, o clube teve lucros de meio milhão em algumas partidas do Brasileiro.

O acordo com o Maracanã prevê um mínimo de 25 jogos por ano no estádio. Entre eles, os clássicos estaduais e nacionais, todos os jogos da Libertadores, além de todas partidas eliminatórias de outras competições, a partir das quartas de final.

ACORDO COM O MARACANÃ

  • Contrato até o fim de 2020 (dois anos e meio)
  • Valor do aluguel será 15% da renda bruta
  • No entanto, o contrato estipula o valor máximo de R$ 700 mil por jogo
  • O valor mínimo por jogo será de R$ 200 mil
  • Nesse caso, o clube pagará R$ 120 mil
  • O restante (R$ 80 mil) será arcado pela Esportecom
  • Em troca do pagamento fixo de R$ 80 mil, a Esportecom vai explorar parte dos camarotes e áreas publicitárias
  • A multa rescisória para Flamengo e Maracanã é de R$ 6 milhões
  • Não há multa em caso de nova licitação ou concessão do estádio
  • 25 jogos no mínimo por ano (clássicos estaduais e nacionais, Libertadores e fases decisivas)


O sonho de administrar o Maracanã

Ao mesmo tempo em que tenta reduzir os custos atuais, o clube conversa com a Odebrecht e o Governo do Rio de Janeiro por um novo acordo. Uma das possibilidades é assumir a administração do Maracanã como sócio, em parceira com a concessionária. Quem está à frente das negociações é o vice de marketing, Gustavo Oliveira. O Flamengo aguarda o retorno de viagem do presidente Rodolfo Landim, no início da próxima semana, para retomar as conversas.

O caso também pode mudar o rumo nos tribunais. Há uma ação na Justiça do Ministério Público do Rio que considera nula a atual licitação do Maracanã, apontando vícios no processo de concessão por 35 anos. Mas ela está ainda em primeira instância. O Flamengo acredita que em seis meses será julgado em segunda instância e observa qualquer movimentação. Landim nunca escondeu que seu desejo é administrar o palco, que já foi conhecido como Maior do Mundo. A construção de um estádio próprio não está nos planos da gestão no momento.

Globo Esporte

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