Em nota, Corinthians repudia detenção da PM por protesto contra Bolsonaro: "Atentado às liberdades"

(Foto: Reprodução)


O Corinthians repudiou, em nota oficial publicada no site do clube, a ação da Polícia Militar na partida diante do Palmeiras, em Itaquera, pelo episódio em que um torcedor afirma ter sido detido por protestar contra o presidente Jair Bolsonaro.

O texto diz que o Corinthians "historicamente reitera seu compromisso com a democracia e a defesa do direito constitucional de livre manifestação, desde que observados os princípios da civilidade e da não violência". O clube define o ato como "um grave atentado às liberdades individuais no Estado Democrático de Direito".

Rogério Lemes Coelho publicou imagem do Boletim de Ocorrência em suas redes sociais. No relato, o torcedor afirmou que foi abordado pelos policiais quando "expressou sua opinião política gritando palavras contra Bolsonaro". Segundo os policiais, a medida foi tomada para evitar tumulto.

No post, Rogério diz ter sido algemado. Nos comentários, afirma que "estava dentro do estádio e comecei gritar Bolsonaro vai t... Os policiais vieram para cima, um já me deu um mata-leão quando eu caí. Me algemaram, me levaram para uma sala e ficaram me humilhando."

Confira a nota oficial do Corinthians:

"A Arena e o Sport Club Corinthians Paulista vêm a público repudiar o episódio que resultou na detenção do torcedor Rogério Lemes Coelho durante o jogo ocorrido no último domingo (04) contra o Palmeiras na Arena Corinthians, após sua manifestação contra o Presidente da República. O clube historicamente reitera seu compromisso com a democracia e a defesa do direito constitucional de livre manifestação, desde que observados os princípios da civilidade e da não violência. A agremiação lembra que diferentes autoridades, entre elas o presidente do clube, já foram alvo de manifestações da torcida durante os mais variados eventos esportivos realizados no local e o episódio caracteriza-se como um grave atentado às liberdades individuais no Estado Democrático de Direito".

O lado da PM

Comandante do 2º Batalhão de Choque da PM, responsável pelo policiamento no estádio, o major Ricardo Xavier negou que Coelho tenha sido detido por sua manifestação política.

Segundo o major, ele estaria "agitando" e "incitando" a torcida contra os policiais:

– Não foi pela manifestação. Ele estava agitando a torcida. A PM foi retirá-lo do ambiente, ele investiu contra os policiais, estava embriagado. Não tem nada a ver (com a manifestação política), estava acirrando a torcida, o policiamento se aproximou para evitar alvoroço.

O boletim de ocorrência não cita o ataque aos policiais, que teriam encaminhado o torcedor à delegacia instalada no estádio, segundo o major, por desacato.

– Não tem relação com a manifestação dele. Mas a delegada entendeu que ele estava embriagado e descaracterizou o desacato.

Coelho teria sido liberado em seguida e retornado ao setor norte do estádio do Corinthians.

O GloboEsporte.com questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre o ocorrido e sobre o fato de a delegada Monia Pescarmona não ter relatado no boletim de ocorrência o suposto ataque do torcedor aos policiais. A SSP respondeu com a nota reproduzida abaixo:

"A SSP esclarece que todas as polícias de São Paulo são instrumentos do Estado Democrático de Direito e não pautam suas ações por orientações políticas. Entre as atribuições da Polícia Militar estão: proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública. No caso em questão, a conduta foi adotada para preservar a integridade física do torcedor, que proferia palavras contra o presidente da República, o que causou animosidade com outros torcedores, com potencial de gerar tumulto e violência generalizada. A pasta informa que não houve prisão, mas a condução dele por policiais militares ao posto do Juizado Especial Criminal (Jecrim), instalado dentro da Arena Corinthians, onde foi registrado boletim de ocorrência não criminal e depois liberado para voltar a assistir à partida de futebol."

Globo Esporte

Comentários