Sem Botafogo e Fluminense, clubes se reúnem com Crivella e projetam Carioca sem público em junho

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Uma reunião entre a prefeitura do Rio, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e clubes que disputam o Campeonato Carioca, realizada neste domingo, debateu um plano para a volta do futebol carioca. Dirigentes presentes ao encontro (Fluminense Botafogo não enviaram representantes) informaram que os treinos devem ser liberados a partir de terça-feira e os jogos sem público, a partir de 14 de junho.

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, e Rubens Lopes, presidente da Ferj, devem se manifestar oficialmente apenas na segunda-feira, dia em que nova reunião na federação será realizada.

A mudança no panorama do Carioca começou com os testes dos clubes pequenos, realizados nos últimos dias, e passou por viagens a Brasília tanto do prefeito Marcelo Crivella quanto da dupla Flamengo e Vasco, unida pelo retorno dos jogos da competição estadual.

Crivella se reuniu com comitê científico na véspera desta reunião e não se debateu sobre futebol - os membros ainda são contra o retorno de treinos e jogos -, mas se discutiu a preocupante situação de casos e mortes na cidade. O recado era que não era o momento de abertura.

Em nota, a Ferj comunicou que se reuniu com Crivella e com dirigentes de America, Americano, Bangu, Boavista, Cabofriense, Madureira, Portuguesa, Macaé, Nova Iguaçu, Flamengo, Vasco, Volta Redonda, Friburguense e Resende. De acordo com a entidade, "o prefeito revelou que o Comitê Científico classificou como irrepreensível o Protocolo Jogo Seguro de retorno aos treinamentos, produzido pela FERJ e os médicos. Houve entendimento de que, sob a orientação e acompanhamento dos clubes, os jogadores estão mais bem cuidados e em maior segurança."

Ainda no texto, a nota da Ferj diz que existe a "previsão de volta do futebol possivelmente para meado de junho, mas sem público, os clubes devem progredir, passo a passo, com fase de avaliação clínica, testes físicos, exercícios de reabilitação dos efeitos da inatividade muscular e atividades de recuperação da capacidade laborativa".

Mas a pressão, representada por Flamengo e Vasco (com apoio da Ferj e dos clubes pequenos), pela liberação imediata - o Rubro-Negro voltou a treinar no Ninho do Urubu nesse início da semana, mesmo sem autorização (o que gerou multa) - fez efeito. O prefeito desejava que os treinos voltassem a ocorrer somente a partir de 8 de junho, dando mais tempo para amenizar a situação provocada pela pandemia do novo coronavírus. No último sábado, o estado do Rio de Janeiro bateu o recorde de mortes registradas pela Covid-19: foram 248 óbitos em 24 horas.

- Houve pressão do Flamengo e do Vasco, mas todos pequenos também querem a volta. Em julho não podia voltar porque o Brasileiro já vai entrar por janeiro. Precisamos voltar em junho - disse Elias Duba, presidente do Madureira.

Duba mandou representante, não foi ao encontro, pois pertence ao grupo de risco, mas disse que os jogadores do Madureira voltam a treinar na terça. O clube vai fazer nova bateria de testes de coronavírus e decidiu confinar os jogadores em hotel para realizar os treinos e voltar aos jogos.

O presidente do Vasco, Alexandre Campello, não confirmou as datas, mas referendou a ideia de meados de junho.

- Na realidade, a gente está tratando muito de como voltar, da forma como o futebol vai voltar. Mas com uma tendência do futebol voltar a ser jogado no meio de junho. Isso ainda está sendo discutido, nesse momento está liberado para volta a fisioterapia, alguns exercícios ligados a fisioterapia. E Ainda está sendo discutido a volta efetivamente aos treinos, mas com um pensamento do futebol voltar a partir do meio de junho - disse Alexandre Campello, presidente do Vasco, ao sair do encontro.

O prefeito Marcelo Crivella deverá anunciar oficialmente as medidas nesta segunda e um protocolo de retomada gradativa das atividades do esporte. A assessoria de Crivella informou que será convocada uma coletiva do prefeito, ainda sem data e horário definidos.

A Ferj enviou um edital de convocação aos clubes para uma reunião virtual às 15h. Pelo documento, os temas debatidos na Ferj serão:

1) Protocolo “Jogo Seguro” (fase 2).
2) Registro de novos contratos. Prazo reduzido.
3) Condição de jogo.
4) Intervalo mínimo entre as partidas.
5) Mandos de campo.
6) Jogos fora do Estado do Rio de Janeiro.
7) Outros assuntos pertinentes às partidas complementares do Campeonato Carioca passíveis de discussão por decisão preliminar favorável da maioria.

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Inicialmente, o encontro, que teve como sede o Riocentro, teria a presença de todos os times da Série A do Carioca - ao menos foi a convocação feita por Rubens Lopes, presidente da Ferj. Porém, o Fluminense e o Botafogo, instituições que já se manifestaram contrários à retomadas das atividades na pandemia do novo coronavírus, não enviaram representantes - as duas direções se manifestaram (veja notas acima).

- Está sendo decidido pelo prefeito e pela sua comissão científica a volta aos treinos. Assim como o Campello falou, o (Rodolfo) Landim (presidente do Flamengo), nós temos de voltar a treinar. Os atletas estão ansiosos. Há um calendário a ser cumprido. Os jogos ainda não têm data definida. O primeiro passo é definir os treinos. O pedido dos clubes é para voltar a treinar o quanto antes para que tenha o retorno em meados ou final de junho - disse Carlos Alberto Pereira, diretor executivo do Macaé.

Ainda não está claro como e onde os clubes do interior vão treinar. O Boavista o deve fazer no Rio.

- Não tivemos a participação do governador, nem de nenhum representante do executivo do Estado. Entendo que aqueles clubes que têm sede em outros municípios estão aqui sob orientação das prefeituras locais. Não chegou a ser discutido, mas me parece que nessas cidades não teria problema - disse Campello.

O debate feito neste domingo foi o capítulo mais recente de uma movimento iniciado na semana passada. Na terça-feira, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Alexandre Campello, presidente do Vasco, foram a Brasília debater com o presidente Jair Bolsonaro a volta do futebol - mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal que dá a governadores e prefeitos a prerrogativa de adotar e flexibilizar as medidas restritivas para diminuir o risco de contágio com a doença. Na quinta-feira, igualmente em Brasília, foi a vez de Crivella se reunir com o presidente da República para debater o mesmo tema.

Alfredo Sampaio, presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio (Saferj), que se recupera após ter testado positivo para a Covid-19, manteve a posição de priorizar a segurança dos jogadores:

- O sindicato mantém a posição de voltar aos treinamentos só com toda a segurança. Mas tem muitos atletas de clubes menores que querem voltar, até pela necessidade que estão passando. Essa reunião não foi para discutir uma volta, devem estar discutindo treinamentos, protocolos, mas acho que a gente deveria ter uma segurança do governo se pode ou não. Em um primeiro momento a gente não concorda, vamos ter de respeitar o desejo dos atletas, mas nós particularmente somos contra porque estamos vendo que a doença ainda não está sob controle e leva risco para eles.

Globo Esporte

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