Em coletiva virtual, Luxa revela estudar rivais do Palmeiras, mas alerta: "Pessoas estão morrendo"

(Foto: Reprodução)


Quase dois meses depois do último jogo do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo conversou por videoconferência com jornalistas no final da manhã desta quarta-feira, ao final do terceiro dia de treinos físicos do elenco após as férias antecipadas pela quarentena.

O treinador afirmou que tem utilizado a quarentena para analisar jogos feitos por sua própria equipe e de possíveis adversários. Antes da paralisação, o compromisso seguinte seria contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista.

– Ficamos olhando os jogos que fizemos, os adversários. Muitos dias em casa, dá para ver bastante coisa e ficar com a cabeça funcionando. Análise é um assunto interno, temos de discutir entre nós, mas vivo intensamente o futebol, 24 horas por dia, e procurei criar uma via direta com os jogadores – disse o técnico.

Antes do reinício das atividades físicas, ainda a distância, Luxemburgo já vinha tendo reuniões por videoconferência com os jogadores para tratar, entre outras coisas, também das medidas financeiras que seriam adotadas pela diretoria. Na semana passada, o clube anunciou redução de 25% dos salários tanto dele quanto do elenco e de dirigentes.

Nesta quarta-feira, apesar de relevar ter estudado rivais que sua equipe enfrentará futuramente, o treinador fez questão de ressaltar que não é momento para se falar sobre a volta definitiva do futebol, tendo em conta que milhares de pessoas têm morrido no mundo todo por conta da pandemia de Covid-19.

– As pessoas estão muito preocupadas com futebol, como se fosse a máquina do mundo. A preocupação de todo brasileiro e cidadão mundial é com a pandemia. Momento é de saúde, de letalidade do vírus. Essa é a preocupação que todos têm de ter, como vai fazer que a sociedade mundial volte a normalidade – comentou.

– Não adianta falar do futebol como exemplo. Exemplo de quê se as pessoas estão morrendo? O mundo hoje é do grupo de risco. Não escolhe quem vai morrer. É um momento diferente que estou vivendo com o coração muito apertado. É um negócio muito complicado de se ver. Você vê pessoas de família, três ou quatro pessoas indo embora... É um momento muito difícil.

Veja outros trechos da coletiva:

Momento atual

– Temos de deixar as autoridades sanitárias determinarem aquilo que tem de ser feito. Já foi decretado pelo presidente do Palmeiras que a volta vai se dar quando tudo isso for liberado. Nesse momento, estávamos preocupados com isolamento e preservação da saúde das pessoas. Tudo o que se fala são possibilidades, o Palmeiras, através do presidente, determinou que vai esperar a decisão dos meios oficiais para que possamos tomar nossas decisões. Palmeiras vai fazer tudo o que for determinado pelos órgãos.

Retorno aos trabalhos

– Estamos voltando realmente das férias. Mas os jogadores nas férias jogam muita pelada, jogos beneficentes, então poucos chegam zerados. Essas férias foram mais prolongadas ainda. Estamos tentando fazer para quando voltar ao CT voltar bem melhor treinado. As férias terminaram. Não estou pedindo aos jogadores, agora criamos uma rotina de trabalho. Só não podemos estar juntos porque existe uma obrigação de isolamento, determinado pelos órgãos. Fomos de encontro aos atletas na casa deles. É uma obrigação, não pode faltar ninguém e não pode atrasar. Estamos iniciando uma pré-temporada. Tivemos bastante tempo parado. Os jogadores estão voltando, eles não tiveram a atividade da pelada. Tiveram um programa para treinarem, talvez vamos chegar ao CT num estágio melhor.

Pertencer ao grupo de risco

– Sobre o grupo de risco, foi colocado no início da pandemia, mas você pode ser contaminado. Tem morrido jovens, pessoas fortes que fazem musculação, que são atletas, o risco somos todos. No início foi para as pessoas mais idosas, com doenças pré-existentes. Todos nós somos grupos de risco. Temos de estar preocupados que vocês estejam no isolamento e mantenham distância. É uma pergunta que procede lá atrás, mas hoje todo mundo tem de estar preocupado com isso.

Posicionamento de Jair Bolsonaro

– Não fui procurado por ele. A preocupação minha é entender o que o meu patrão decida, como o seu patrão decida. Se ele decidir que vai ficar em casa você vai ficar. Estamos seguindo as determinações do Palmeiras. O resto de pedido daqui, dali, tem muita coisa acontecendo com o futebol como se fosse parâmetro. A hora que tiver sido liberado vai ser o momento que vamos fazer programação. Não adianta o que o outro falou, outro falou. A hora que as autoridades determinarem que pode voltar é quando vamos voltar com o que planejamos.

Decisões dos políticos brasileiros

– Pergunta simples... Não tenho que falar de política nesse momento. Fui bem claro. Preocupação de todo cidadão é torcer para que cientista encontre vacina para acabar com isso. Não cabe a mim responder de política. Não interessa quem está certo ou errado. É encontrar um gênio que possa encontrar uma coisa que nos libere desse vírus. Eu me posiciono politicamente, mas não é momento...

Sentimento como cidadão

– Estamos seguindo as regras estabelecidas. Consegui montar um esquema nosso de treinarmos os jogadores na varanda, na sala, na garagem, para poder manter o isolamento. Como cidadão brasileiro e mundial, passo pelo momento que nunca passei. Me sinto incomodado e triste por ver o quanto somos vulneráveis... Estamos deixando as pessoas presas em casas sem saber o que fazer. A minha família está aprendendo a se relacionar. Há quantos anos não consigo estar em casa com todos meus familiares, fez repensar a vida. O quanto é gostoso estar na mesa e jantar com seus familiares, a eu fazer meu café. Nos clubes temos tudo à disposição.

Mercado do futebol

– O presidente sempre conversava comigo, nunca fizemos reuniões presenciais, falava de manter a calma e tranquilidade. O Palmeiras vai passar por isso dentro da estrutura do Palmeiras. Ele tem dado uma demonstração de quanto o Palmeiras é grande, pode ter mudanças lá na frente. Não podemos falar nada de mercado, não sabemos quando vai abrir ou fechar, falar de contratação cai num lugar comum. Tem de ser aplicada no momento certo. Nas decisões muito democráticas e inteligente, ele virou pra mim e falou: faz videoconferência e fala para os jogadores manterem calma e equilíbrio, na hora que tivemos essa amostragem, os jogadores vão receber e interpretar se cabe mudança ou negociação ou se está pronto para colocar em prática. Eles entenderam que era muito importante eles contribuírem pelo que estava sendo proposto. Foi unanime, era importante cedermos.

Críticas feitas por Guerra

– Já vi tantas vezes na minha vida no futebol que não é novidade para mim. Você já viu também. Não tenho que discutir essas declarações. São normais. Não é uma declaração que ninguém conheça. Não me incomoda, é um direito que ele tem.

Volta com portões fechados

– O que eu tenho de responder sobre isso se for determinado portão fechado? Vamos ter de respeitar a decisão que vir. Não tem como responder uma situação que não sabe o que vai acontecer. Tem de obedecer ao que for determinado. É o que vamos obedecer.

– Vão criar tantas coisas, né? Se forem determinadas tem de cumprir. O jogador não podia sair de campo para comemorar com a torcida. Agora com a importância maior da contaminação. Tua pergunta cai no vazio se não tiver torcedor no campo. Ninguém sabe se vai ter torcida se não vai ter torcida. É complicado. A pergunta procede, mas é complicada a resposta porque não sabe o que vai acontecer.

Globo Esporte

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