Fios cortados, teto caindo, furtos: duas arenas de Deodoro vivem abandono

(Foto: Marina Izidro)


Após quase nove meses da realização da Rio 2016, algumas instalações olímpicas estão abandonadas e sem nenhuma expectativa de uso. A Arena da Juventude, que abrigou jogos de basquete feminino a esgrima do pentatlo moderno, e a de Hóquei sobre a grama, localizadas no Complexo de Deodoro (Zona Oeste do Rio), que sediou 11 modalidades olímpicas e quatro paralímpicas, estão em um estado deplorável. A Prefeitura do Rio não quis se manifestar sobre o assunto.

O SporTV foi acompanhar de perto a situação dos locais de competição e o resultado foi assustador. Buracos de infiltração, piso descolando, torneiras furtadas, porta arrombada e cabos de energia cortados são alguns dos problemas das instalações esportivas.

A área do Complexo de Deodoro fica numa região que pertence as Forças Armadas, que ficariam responsável pelas arenas após a Rio 2016. No entanto, o exército brasileiro se assustou com o que viu após a Olimpíada e Paralimpíada.

- A gente ficou um pouco assustado no início que o estado de abandono seria tão grande. Diversas empresas que vinham aqui fazer a desmontagem do material temporário e depois nos encontramos as arenas sem qualquer tipo de controle, sem segurança, porque o exército não podia ocupar durante este período exclusivo. Nós estamos descobrindo coisas relacionadas a mau uso ou vício de construção - disse Mauro Secco, assessor do exército.

Em dos vestiários da Arena da Juventude, construída do zero para os Jogos, o teto tem enormes buracos, o piso está descolando e houve furtos de chuveiros. Há pontos de infiltração em várias áreas da instalação esportiva.

No estádio de hóquei, a impressão inicial é melhor. O piso de grama sintética aparenta estar em boas condições e, se dependesse só dele até uma partida poderia ser realizada. Mas o local não tem luz. Cabos de energia foram cortados, houve furtos e o asfalto no entorno precisa de reparos.

O Comitê Rio 2016 admite os problemas nas arenas e prevê os gastos para reparos no valor de R$ 1,2 milhão. 

- Ao final dos Jogos fomos surpreendidos pela desmobilização muito rápida do esquema de segurança da Força Nacional e não tínhamos recursos para instalar segurança do mesmo nível. Então fomos vítimas de roubos e de vandalismo nas instalações olímpicas. A passagem de bastão não aconteceu e vai acontecer com tudo que o exército precisar para tocar as instalações - explicou Mario Andrada, diretor executivo de comunicação do Comitê Rio 2016.

Porém, nem tudo é destruição no Complexo de Deodoro. As arenas de hipismo e tiro esportivo estão funcionando normalmente e sem danos. A do rugby era provisória e não existe mais.

Recentemente, as Forças Armadas firmaram um convênio em fevereiro com o Ministério do Esporte para o conserto e manutenção dos locais de competição, mais uma vez com dinheiro público. O valor chegaria a R$ 35 milhões este ano. Ainda não há a previsão de quando tudo estará apto para ser usado, mas a expectativa é que isso ocorra até o fim deste ano. 

Além de Deodoro, outra instalação olímpica está sob risco. É o caso do Maracanã, que durante boa parte de 2016 e início deste ano, ficou fechado, por impasse da Odebrecht, sua administradora, que alegou que a Rio 2016 não entregou o estádio em condições de uso. Além disso, estudos mostram que a lona que encobre o estádio está danificada pelos Jogos.

Globo Esporte

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