Estudo mostra que hormônio liberado durante atividade física pode prevenir a Doença de Alzheimer

(Foto: Pixabay)

Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


A atividade física, associado a uma alimentação saudável, consegue prevenir muitas doenças como problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), infarto, dentre muitas outras enfermidades. Entretanto, a doença de Alzheimer, ainda muito estudada pelos cientistas, não tem uma cura efetiva.

No entanto, um estudo conjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, constatou que o hormônio irisina, produzido em grandes quantidades pelo organismo durante a prática de atividade física, é capaz de prevenir a perda de memória relacionada ao mal de Alzheimer.

O estudo começou há sete anos, quando cientistas da Universidade de Harvard descobriram a irisina. Com isso, pesquisadores de Columbia e do Rio se uniram para estudar melhor este hormônio e constataram seu benefício na prevenção do Alzheimer. O estudo completo foi publicado em janeiro de 2019 pela revista especializada Nature Medicine.

“Esse hormônio é secretado pelos músculos e vai para a gordura branca, onde estimula a produção de outra enzima que ajuda o metabolismo a queimar o tecido adiposo ao invés de estoca-lo, aumentando a termogênese”, explica a Dra. Tassiane Alvarenga, uma das pesquisadoras deste projeto em entrevista a revista especializada.

A pesquisa também revelou que a irisina favorece a tolerância do organismo a glicose e promove o emagrecimento rápido e saudável. O estudo divulgou que a irisina e sua proteína precursora, a FNDC5, foram capazes de reduzir a perda de memória e aprendizagem em roedores com Alzheimer, demonstrando maior versatilidade do hormônio.

“Os exercícios liberam enzimas que trazem bem-estar, aumentam a cognição, a memória, a autoestima etc. A pessoa só tem a ganhar ao se exercitar com regularidade”, destaca a médica. Os estudos ainda vão detalhar melhor o uso deste hormônio na saúde cerebral tanto de animais quanto de seres humanos.

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Vida Saudável

O Alzheimer pode ter diversas causas, mas sempre um primeiro sintoma em comum. De acordo com Psiquiatra Nairton Cruz, a perda progressiva de memória deve ser observada com cautela por pacientes e familiares.

“Isso ocorre porque os primeiros neurônios a serem danificados e destruídos geralmente estão em regiões cerebrais envolvidas na formação de novas memórias. À medida que os neurônios são danificados e destruídos, os indivíduos experimentam outras dificuldades, incluindo sintomas comportamentais, como agitação, insônia e delírios. Estes últimos são as maiores causas de institucionalização e aumento do desgaste entre pacientes e cuidadores”, disse.

O aparecimento do Alzheimer, ainda de acordo com Cruz, é mais comum depois dos 60 anos, mas há casos em que os sintomas acontecem mais cedo e, por isso, podem ser mais graves. 

“Existem casos em que o Alzheimer é precoce, pois se inicia antes dos 60 anos de idade, geralmente tendo curso mais grave e comprometimento funcional mais importante. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um ano depois dos primeiros sintomas, que costumam ser leves e confundidos como ‘normais’ no envelhecimento. Hoje já é possível observar diferenças genéticas entre pacientes com doença de início tardio e precoce”, explica.

Sobre a utilização da irisina para o combate do Alzheimer, o psiquiatra explica que o hormônio entra em circulação no organismo no momento do exercício físico, o que pode melhorar a capacidade cognitiva, prevendo a perda de memória relacionada a demência. 

“Ainda é preciso um conhecimento melhor para avaliar se a proteína tem um efeito cognitivo benéfico semelhante nos humanos, entretanto, esta descoberta recente pode abrir caminho rumo a novas estratégias terapêuticas que sirvam para aliviar a deterioração cognitiva em pacientes com Alzheimer, doença ainda incurável”.

O psiquiatra conclui que uma boa qualidade de vida, aliada a atividade física e boa alimentação, podem ser os grandes remédios para uma vida longa e prevenir o desenvolvimento de doenças físicas e mentais. “O grande passo é entender que manter uma boa qualidade de vida não demanda muito. É necessário apenas disciplina e compreensão de que um ritmo de vida saudável hoje traz um bom fim de vida, com menos doença e muito mais felicidade, que no fundo é o que todos buscam”.

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