Especial: As glórias e o recomeço da ADC Intelli

(Foto: Luan Amaral / ADC Intelli)

Por Nicholas Araujo
Especial para o Blog do Esporte


Para quem vê hoje o futsal no Brasil, considera equipes como Sorocaba, Corinthians, Carlos Barbosa e Jaraguá como as grandes de um esporte que se tornou rapidamente popular em pouco tempo. No entanto, o “interiorzão” guarda muitas glórias, e Orlândia, cidade que fica na região de Ribeirão Preto, tem grande influência no esporte em solo brasileiro.

O italiano Vincezo Spedicato, grande empresário do ramo siderúrgico nos anos 70, queria muito integrar o trabalho com o lazer em sua empresa, a Intelli. Pensando nisso, o italiano fundou a Associação Desportiva Classista Intelli, ou simplesmente ADC Intelli, que foi recebida de braços abertos por Orlândia, cidade berço da siderúrgica.

Vincenzo Spedicato (Foto: Reprodução)

Spedicato nasceu em Lecce, na Itália, e conheceu Orlândia em 1971. Dois anos mais tarde fundou a Intelli, e em dezembro de 1977, veio a ADC Intelli/Orlândia. O elenco inicial era formado exclusivamente por funcionários da empresa.

Com seu surgimento em 1977, a Intelli não engrenou de uma vez no mundo do futsal, sendo apenas uma coadjuvante em seu início. No entanto, a ideia de seu grande fundador era que o clube pudesse alçar voos maiores e não apenas ser mais uma equipe.

A história começou a mudar em 1987, quando o Orlândia conquistou seu primeiro título de expressão, o Campeonato Paulista do Interior de Futsal. Um ano antes, a equipe vendeu a regional da Taça EPTV, organizado pela filiada da Globo, que também é uma das grandes incentivadoras do esporte em suas regiões de cobertura, como Campinas e Ribeirão, e recentemente no sul de Minas Gerais.

As glórias foram encorajando o “italianasso” Spedicato a continuar com o seu projeto ambicioso, que de tanto amor por sua equipe, fez de tudo para conseguir estar dentro da quadra. Se tornou massagista da equipe, mesmo sem nunca ter feito algo parecido na vida. Spedicato ficou conhecido em quadra pelo seu nervosismo e por suas cambalhotas a cada gol do Orlândia. Com isso, Vicenzo foi aclamado como membro benemérito da Confederação Brasileira de Futebol de Salão.

Equipe no Mundial de Clubes (Foto: Luiz Pires)

Mais títulos e mais ambições

As conquistas não pararam por aí. O Orlândia ainda levou a Taça EPTV de 1995 e depois levantou o caneco em 2001, com mais um título no interior. Dois anos depois, venceu a Liga Paulista de Futsal, o que colocou ânimo na equipe. Em 2004, o primeiro torneio internacional. A conquista do Quadrangular de Futsal da Fifa, na Bolívia.

Desde então, o Orlândia não parou mais, até que, em 2012, o time marcou sua história no futsal nacional, ao levar o troféu de campeão da Liga Nacional de Futsal. Neste ano, a Intelli contou em seu elenco com ninguém menos que Falcão, a lenda do futsal no mundo, que defendeu as cores grená em 2012 e 2013 e ajudou a equipe a ser bicampeã nacional. Ainda em 2013, mais um título de nível internacional, com a conquista da Copa Libertadores.

Por que a saída de Orlândia?

Por mais que falemos em números e títulos da Intelli, atualmente a equipe está longe de um grande potencial que a levou aos títulos nacionais. Isto porque o clube deixou de ter o patrocínio da siderúrgica em 2017, que culminou com a saída da diretoria do interior de São Paulo.

A equipe “mudou-se” para São Sebastião do Paraíso (MG), local onde a Intelli levou alguns jogos em 2016, enquanto o ginásio em Orlândia passava por reforma.

Técnico Cidão (Foto: Ronaldo Oliveira)

O que podemos ver desta situação é que mesmo com o grande nome que a Intelli criou em todos esses anos no esporte, não foram suficientes para evitar que o futsal se desmanchasse. O clube foi para Minas, não deixou de levar o nome no escudo remodelado, mas continua como uma incógnita no futsal.

Falcão foi um dos nomes responsáveis em tentar trazer recursos para o clube. O técnico Cidão manteve-se no cargo, mesmo com o financeiro em baixa, e junto com a diretoria, se empenha para trazer um grupo competitivo para 2017. Uma equipe como essa não pode deixar de existir em um esporte que traz tantas emoções para o torcedor intelliano e brasileiro.

Spedicato nunca comentou sobre o real motivo de sair do futsal em 2017. Agora a história caminha com outras pernas, com outros pensamentos e com uma história a ser reconstruída.


(Foto: Reprodução)

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