Zagueiro que não joga há seis anos prepara aposentadoria e negocia para virar funcionário do Grêmio

(Foto: Reprodução)


Um jogador promissor do Grêmio caminha para um fim precoce e melancólico de carreira. Sem jogar há seis anos, o zagueiro Gabriel está prestes a pendurar as chuteiras oficialmente devido a sucessivas complicações de uma cirurgia no joelho esquerdo. Mas não deixará o time do coração e deve assumir um cargo administrativo no clube.

Como em todos esses anos, Gabriel esteve presente na reapresentação do elenco para a temporada 2020, no início de janeiro. O contrato, que ia até o final de 2019, foi renovado por mais três meses para que a direção e os representantes do jogador chegassem a um consenso sobre o seu futuro. O que deve ocorrer nos nos próximos dias.

O assunto é tratado há meses dentro do clube. Algumas pendências que impedem o desfecho dizem respeito a possíveis indenizações cobradas do Tricolor – o que Gabriel jamais cogitou –, salário "justo" e proteções ao próprio jogador para que o contrato esteja em vigência independente da diretoria. A proposta de Gabriel já foi encaminhada ao Grêmio, que agora analisa para dar a resposta.

O caso de Gabriel sempre foi tratado como um tabu nos bastidores do clube. Destaque do Lajeadense no Gauchão de 2013, chamou a atenção do Tricolor e do Flamengo. Rejeitou uma oferta bem maior do Rio de Janeiro para realizar o sonho de atuar na equipe para a qual sempre torceu.

E tudo ia bem para o promissor zagueiro, então com 24 anos. Até que um rachão mudou sua trajetória. No dia 20 de setembro daquele ano, Gabriel sofreu uma lesão ligamentar no joelho esquerdo durante treino recreativo em Salvador, às vésperas da partida contra o Vitória, pela 23ª rodada do Brasileirão.

A previsão de retorno era entre seis e oito meses. Mas ele nunca mais pisou em um estádio de futebol para atuar. Após a cirurgia no local machucado, teve uma complicação por conta de infecção na articulação e outros problemas e precisou passar por outros quatro procedimentos no mesmo joelho.

Gabriel foi a São Paulo consultar com o especialista Renê Abdalla para tentar corrigir o problema. Sem sucesso. De lá para cá, o Grêmio poucas vezes se manifestou sobre a situação.

Rotina discreta, difícil recuperação e a foto emblemática

Desde então, Gabriel frequentou quase que diariamente o clube para sessões de fisioterapia. Porém, lhe falta força para retomar a normalidade do movimento da perna esquerda. Ainda sente dores frequentes por um problema na cartilagem.

Em todo este tempo, dois fisioterapeutas ofereceram ajuda ao zagueiro na sua recuperação. Contudo, as conversas não andaram pelo receio de Gabriel em tratar com profissionais de fora do Grêmio. O jogador sempre foi agradecido ao clube do coração pela forma como foi tratado.

Em 2015, já há dois anos sem jogar, Gabriel teve o contrato renovado por mais cinco temporadas. No momento, cumpre uma extensão assinada para 2020 que dura três meses. É neste período que deve ser definida a nova função administrativa que terá no Tricolor.

O zagueiro cumpre rotina discreta no Grêmio. Em alguns – poucos – treinamentos dos últimos anos, foi possível observá-lo em trabalhos leves com bola, sempre afastado do grupo.

Em cada início de temporada, porém, seu nome volta à tona. Veste o uniforme de treino e aparece sentado ao lado dos companheiros para os discursos de reapresentação. Seu nome e sua foto seguem no site oficial do clube, entre os zagueiros do elenco.

Mesmo depois de tanto tempo afastado, o zagueiro foi figura emblemática no título da Copa do Brasil, em 2016. Adentrou o campo da Arena e subiu no palco para levantar a taça ao lado do capitão Maicon e do goleiro Marcelo Grohe.

O Grêmio não quis falar sobre o caso. Procurado na figura do diretor jurídico Nestor Hein, um dos responsáveis por discutir a situação com o zagueiro, o clube preferiu não se manifestar a pedido do próprio jogador, que também não quer conceder entrevistas sobre o assunto.

Globo Esporte

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