Willian e Fernandinho disputam vaga de Renato Augusto em amistosos do Brasil

 (Foto: Diego Guichard)


O último encontro da seleção brasileira antes da Copa do Mundo deve promover uma experiência importante. Nos primeiros treinos da semana, no CT do Spartak, em Moscou, Tite vai indicar se Renato Augusto, um dos símbolos recentes da equipe, pode ficar no banco de reservas para que novas maneiras de atuar sejam observadas.

Primeiro com Willian em seu lugar, no amistoso da próxima sexta-feira, diante dos russos, depois com Fernandinho, dia 27, contra a Alemanha, em Berlim.

O técnico quer fortalecer o setor com dois jogadores em excelente fase na Inglaterra – Willian no Chelsea, Fernandinho no Manchester City –, enquanto Renato Augusto disputou apenas três partidas em 2018 pelo Beijing Guoan. A temporada chinesa parou em novembro e só foi retomada em março.

O que Tite quer ver?

Há meses o treinador da Seleção sonha colocar Philippe Coutinho centralizado, com Willian e Neymar dos lados. No ano passado, a má condição física de Coutinho nas rodadas de setembro (Eliminatórias) e novembro (amistosos) freou esse teste – palavra que Tite não aprova, mas certamente entenderá seu contexto.

Dessa vez será Neymar, com o pé direito recém-operado, o desfalque. Mas como não há mais tempo até o Mundial, a comissão não pode mais adiar a centralização de Coutinho, que seria o substituto mais natural do craque ao ser deslocado para o lado esquerdo. Douglas Costa deverá entrar no setor.

Tite acha que Coutinho pode ser o tal “ritmista” que ele tem citado em entrevistas. O jogador responsável por acelerar ou cadenciar o jogo, atendendo a necessidade da equipe. Com ele por dentro, o Brasil fica mais leve e ganha alternativas para furar a linha defensiva da Rússia, que, na projeção da comissão técnica, terá cinco jogadores.

O técnico deu a dica em sua última entrevista coletiva, ao responder sobre a formação da equipe sem Neymar:

– O Douglas Costa jogou muito (pela Juventus contra o Tottenham, na Liga dos Campeões), pode jogar na direita ou na esquerda, onde teve seu maior momento no Bayern com o Guardiola. Numa função parecida com a do Neymar. Há a possibilidade do Coutinho vir por dentro, com o aproveitamento do Willian, que está num grande momento.

No dia 27, porém, diante da Alemanha, em Berlim, a observação deverá ser de um meio-campo mais parrudo, com Fernandinho na função de Renato Augusto – no City ele atua mais recuado, no lugar que Casemiro ocupa na Seleção –, Willian de um lado e Coutinho de outro.

Tite sabe que perderá o talento do improviso, mas ganhará combatividade e força para tentar cortar as linhas de passes dos armadores alemães, um clássico do bom futebol praticado pelos atuais campeões do mundo.

O efeito China

O nível menor de enfrentamento do futebol chinês foi determinante para que Renato Augusto ganhasse concorrência no meio-campo. Outros jogadores perderam espaço por atuarem no país asiático.

É o caso de Gil, campeão brasileiro com a comissão técnica da Seleção pelo Corinthians, em 2015. Nem essa proximidade o manteve na lista de convocados. Na avaliação feita, o zagueiro não tinha mais o ritmo dos concorrentes para enfrentar atacantes de altíssimo nível.

Diego Tardelli, companheiro de Gil no Shandong Luneng, chegou a ser convocado para as últimas partidas das eliminatórias, contra Bolívia e Chile. Apesar de contar com a admiração técnica de Tite e seus auxiliares, não entrou em campo nem voltou a ser chamado.

Outros jogadores de sucesso do futebol chinês, e o exemplo máximo é Ricardo Goulart, frequentemente campeão e artilheiro, não receberam chances de Tite, que vibrou quando Paulinho trocou o Guangzhou Evergrande pelo Barcelona, no meio do ano passado.

Renato Augusto

O meia goza de imenso prestígio na seleção brasileira. Participou de 16 dos 18 jogos das eliminatórias – ficou no banco apenas nos dois primeiros, em outubro de 2015. Com Tite, é o recordista de presenças em campo: 16 partidas, tendo ficado ausente somente do amistoso contra a Colômbia, em que só atletas de clubes do Brasil foram convocados.

Sempre que estiver em campo, o meia será considerado um possível capitão. Sua capacidade de ler taticamente o jogo é elogiada por Tite, que inclusive segue suas orientações, e pelos companheiros. A influência que ele exerce em jovens como Gabriel Jesus, desde a Olimpíada, também é vista de maneira extremamente positiva.

Ainda que perca a posição de titular nesses próximos amistosos, e talvez na Copa do Mundo, justamente pelo abismo entre a condição técnica e física de quem está iniciando uma temporada na China e outros dois no auge do Campeonato Inglês, Renato terá destaque na busca pelo hexa. Sua posição no grupo não corre o menor risco.

Globo Esporte

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