Adilson Batista dá razão a Rogério Ceni e mira reconstrução do Cruzeiro: "Quero fazer parte"

(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)


O técnico Adilson Batista não conseguiu evitar a queda inédita do Cruzeiro à Série B do Brasileiro. Com apenas três jogos à frente do time, ele foi o menos culpado dessa trajetória que teve o final catastrófico. Depois do jogo contra o Palmeiras, que decretou a queda, o treinador soltou o verbo.

Em um pronunciamento antes de abrir para perguntas dos jornalistas na sala de imprensa do Mineirão (veja a íntegra no fim do texto), Adilson disse que falta “muita coisa” ao time do Cruzeiro, inclusive no que diz respeito ao aspecto físico. O treinador, também, fez questão de dar razão a Rogério Ceni, que teve passagem relâmpago pela Toca, sendo demitido após atrito com alguns medalhões do elenco, como Dedé e Thiago Neves.

- Eu também estou sentido. Não é fácil. Não é só profissionalmente, mas é como parte de uma instituição que eu tenho muito carinho. Eu também estou sentido.

"Nosso amigo Rogério Ceni tinha razão em muitas coisas que ele falou. E eu notei isso. A gente, como está há muitos anos, tem muita coisa errada. O Zezé acaba de relatar. Então, falta intensidade, aspecto físico. Falta um monte de coisa"

A fala de Adilson Batista parte de alguém que tem conhecimento sobre o Cruzeiro, clube onde ele fez 162 jogos como zagueiro e 172 como treinador (contando a atual passagem). E o técnico foi duro ao falar sobre a equipe:

"O que eu vi nesses três jogos não é o Cruzeiro que eu conheço, e vocês sabem que eu sou muito verdadeiro e realista. Esse time não é o Cruzeiro que eu conheço"

- Precisamos fazer andar as coisas, ter intensidade, dar dinâmica, ter a bola, ser mais rápido, mais agressivo, e não dá para você cobrar em uma semana de trabalho. Eu comandei só quatro trabalhos, e mais trabalhos táticos do que volume.

Reconstrução

A reformulação do elenco, planejada em vão por Rogério Ceni, necessariamente será feita em 2020, com a queda para a Série B. E Adilson Batista, contratado até o fim do ano que vem, quer fazer parte deste processo, mirando uma retomada do clube com pensamento no centenário, que será celebrado no dia 2 de janeiro de 2021.

- Eu quero fazer parte dessa reconstrução. Dar apoio, trabalhar, mostrar, explicar, ajudar essa geração mais nova, porque é ali que está o futuro do Cruzeiro. (...) Quero dar minha contribuição, vou me entregar de corpo e alma, me dedicar, para a gente começar uma nova etapa. O torcedor está chateado, magoado, mas precisa entender que é o momento de ele ajudar. Ele precisa colaborar, ajudar, incentivar essa geração que vem 2020, para que a gente tenha um centenário com perspectiva de reagir.

Questionado sobre como será o planejamento da montagem do elenco, Adilson garantiu já ter uma base do que quer para 2020 e que o trabalho será iniciado já nesta segunda-feira.

- Eu já tenho minha ideia, minha base (de time)... Já começo, amanhã (segunda-feira), a trabalhar, aí entra a parte financeira, jurídica, mas a gente vai reformular. Faz parte do processo. Precisamos disso. O Cruzeiro tem essa necessidade. E vamos fazer. Essa geração mais nova, que tem talento, tem que ter cabeça boa, foco no trabalho, tentando melhorar, não se deslumbrar, e estamos aqui para ajudar. Temos experiência para isso.

Outras respostas de Adilson

O pronunciamento do técnico

- Desde o início do jogo, quando eu vi o torcedor, na hora do hino nacional, rezar o Pai Nosso, eu me emocionei, e passou um filme na cabeça, relembrando as histórias como atleta vencedor, os bons momentos que vivemos no Mineirão, comemorando títulos com essa camisa. Depois, como treinador, também, por quase três anos. Uma noite muito longa, difícil, de uma situação incômoda, que a gente não gostaria de ter passado, mas essa é nossa realidade, hoje. O sentimento de um profissional que está aqui, que ama o clube, que tem carinho pelo clube, que respeita o clube, também está machucado como torcedor. Eu também estou sentido. Não é fácil. Não é só profissionalmente, mas é como parte de uma instituição que eu tenho muito carinho. Eu também estou sentido. Queria pedir desculpas a eles. Tentei fazer o melhor. Foram três jogos difíceis. Você recebe um convite quase uma hora da manhã, e eu aceito em função de uma amizade, de um respeito que tenho pelo Zezé e pelo clube, e por acreditar que pode contribuir. Dei o meu melhor, procurei fazer o que eu entendi que seria o melhor. Fizemos um jogo competitivo contra o Vasco, tivemos um primeiro tempo bom contra o Grêmio, quando poderíamos ter vencido. Contra o Vasco, poderíamos ter empatado. Hoje, fizemos um bom primeiro tempo, com algumas dificuldades. Nosso amigo Rogério Ceni tinha razão em muitas coisas que ele falou. E eu notei isso. A gente, como está há muitos anos, tem muita coisa errada. O Zezé acaba de relatar. Então, falta intensidade, aspecto físico... Falta um monte de coisa. E eu quero fazer parte dessa reconstrução. Dar apoio, trabalhar, mostrar, explicar, ajudar essa geração mais nova, porque é ali que está o futuro do Cruzeiro. É triste encarar uma Série B para um clube da grandeza do Cruzeiro, mas o Cruzeiro teve um ano difícil, mas como o Zezé disse, há alguns anos está sofrendo com isso, e está pagando essa conta hoje. Mas tem uma história linda, de títulos, conquistas, jogadores extraordinários, que ultimamente a gente tem visto muita coisa errada por parte deles, profissionalmente. Quero dar minha contribuição, vou me entregar de corpo e alma, me dedicar, para a gente começar uma nova etapa. O torcedor está chateado, magoado, mas precisa entender que é o momento de ele ajudar. Ele precisa colaborar, ajudar, incentivar essa geração que vem 2020, para que a gente tenha um centenário com perspectiva de reagir. O projeto do Cruzeiro tem que pensar em ser campeão do mundo. Esse tem que ser o projeto do Cruzeiro, pela grandeza do Cruzeiro. O momento triste que a gente está passando, o Cruzeiro precisa pensar em ser campeão do mundo. Falo isso hoje. Me cobre isso daqui há alguns anos. O time é muito grande. Peço perdão ao torcedor.

Como pensar em título mundial?

- É trabalhando. Exemplos nós temos. O Corinthians caiu em 2008, foi campeão da Copa do Brasil em 2009, em 2011 foi campeão brasileiro e, em 2012, campeão do mundo. Então, é trabalhar. O processo é de renovação. O que eu vi nesses três jogos não é o Cruzeiro que eu conheço, e vocês sabem que eu sou muito verdadeiro e realista. Esse time não é o Cruzeiro que eu conheço. Precisamos fazer andar as coisas, ter intensidade, dar dinâmica, ter a bola, ser mais rápido, mais agressivo, e não dá para você cobrar em uma semana de trabalho. Eu comandei só quatro trabalhos, e mais trabalhos táticos do que volume. A partir do dia 6, comecem a cobrar. Não sei se é daqui três ou se é cinco, mas o Cruzeiro precisa pensar nisso, porque o clube é muito grande. A gente tem uma história linda, maravilhosa, repleta de títulos, e que teve seus deslizes ao longo do ano e, por isso, está pagando. A gente a colaboração daquele que é apaixonado pelo Cruzeiro, como eu sou. Ajudem.

Como será montado o elenco?

- Isso vai ser feito com a direção. É o momento de fazer. É a necessidade, questão de oportunidade, trabalhar os mais jovens para colocar no mercado. É a alternativa que o Cruzeiro tem. Simples! Vários clubes já fizeram, e o Cruzeiro vai fazer, pode ter certeza.


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