Claire Williams deixará comando da equipe fundada por seu pai após o GP da Itália de F1

(Foto: XPB Images/Williams)


Vendida recentemente para o grupo americano de investimentos Dorilton Capital, a Williams não terá mais Claire Williams como sua chefe do GP da Itália em diante. Filha de Frank Williams, um dos fundadores da escuderia ao lado de Patrick Head, Claire reiterou que a venda do time foi a única solução para garantir a continuidade da organização nove vezes campeã de construtores na F1. Em crise nos últimos anos, a Williams ainda não marcou nenhum ponto em 2020.

- É com o coração pesado que estou me afastando do meu papel na equipe. Esperava continuar minha gestão por muito tempo no futuro e preservar o legado da família Williams para a próxima geração. No entanto, nossa necessidade de encontrar investimentos externos no início deste ano devido a uma série de fatores, muitos dos quais estavam fora de nosso controle, resultou na venda da equipe para Dorilton Capital. Minha família sempre colocou nossa equipe e nosso pessoal em primeiro lugar, e esta foi a decisão absolutamente certa. Eu sei que neles encontramos as pessoas certas para levar Williams de volta à frente do grid, ao mesmo tempo preservando o legado Williams - disse Claire.

- Respeitamos totalmente a decisão muito difícil de Claire e da família Williams de se afastar da equipe e da empresa depois de garantir novos recursos para seu futuro. A conquista de Claire em sustentar a herança, relevância e compromisso da Williams com a inovação num ambiente difícil desde que assumiu o comando em 2013 foi nada menos do que monumental. Ela também foi extremamente útil na formação de um ambiente técnico e financeiro mais nivelado para a F1, o que ajudará a garantir o retorno da equipe à frente do grid nas próximas temporadas. Estamos orgulhosos de levar o nome Williams para a próxima fase emocionante do esporte e agradecemos a Sir Frank, Claire e a família Williams pela oportunidade de fazer parte desta grande marca britânica - disse Matthew Savage, chefe do Dorilton Capital e, agora, da Williams.

Claire entrou na Williams em 2002, na área de comunicações. Dez anos depois, foi nomeada para o conselho da equipe como diretora comercial e de marketing antes de assumir o comando geral da equipe em 2013. Depois de uma primeira temporada muito ruim, a Williams deu um salto com Felipe Massa e Valtteri Bottas como pilotos e atingiu por duas vezes o terceiro lugar no Mundial de Construtores, em 2014 e 2015. Porém, nos últimos anos, a equipe caiu de produção, com carros pouco competitivos. A crise financeira se acentuou, e a Williams foi a pior escuderia de 2018 e 2019. Neste ano, a equipe apresentou evolução, mas ainda não pontuou:

- Tomei a decisão de me afastar da equipe para permitir a Dorilton um novo começo como os novos proprietários. Não foi uma decisão fácil, mas acredito ser a certa para todos os envolvidos. Tive um enorme privilégio de ter crescido nesta equipe e no maravilhoso mundo que é a Fórmula Um. Adorei cada minuto e serei eternamente grato pelas oportunidades que ele me proporcionou. Mas também é um esporte incrivelmente desafiador e agora quero ver o que mais o mundo reserva para mim. Mais importante, quero passar um tempo com minha família.

Com a saída de Claire, nenhum integrante da família Williams segue na equipe. Entretanto, o nome da escuderia não será alterado pelos seus novos comandantes, pelo menos num primeiro momento. Claire Williams agradeceu aos fãs e funcionários e, sobretudo, ao pai, hoje com 78 anos.

- Gostaria de agradecer ao grupo Dorilton pelo apoio e por compreender minha decisão. Eu também gostaria de agradecer aos nossos fãs que têm ficado conosco apesar de tudo. Nosso pessoal na Williams sempre foi uma família, eles me mantiveram motivados durante os tempos difíceis e é deles que eu sentirei mais falta. É minha esperança genuína que o processo pelo qual passamos traga a eles o sucesso que eles merecem. E, para finalizar, gostaria de agradecer ao meu pai por tudo que ele tem dado ao time, ao esporte e à nossa família - finalizou.

Fundada em 1969, a Williams iniciou sua trajetória utilizando chassis de outros fabricantes, mas se tornou construtora nos anos 1970. A partir de 1979, com a participação de investidores sauditas, a Williams se tornou uma das potências da F1, tendo conquistado em 1980 seus primeiros títulos de construtores e pilotos, com Alan Jones. No início da década, a equipe foi bi de construtores (1981) e novamente campeã de pilotos (1982, com Keke Rosberg).

Outros momentos importantes foram as parcerias com Honda e Renault para fornecimento de motores, coroadas com os títulos de pilotos em 1987 (Nelson Piquet), 1992 (Nigel Mansell), 1993 (Alain Prost), 1996 (Damon Hill) e 1997 (Jacques Villeneuve). No período, a Williams foi campeã de construtores em 1986, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997.

Neste ano, a Williams chegou a tomar um empréstimo do empresário canadense Michael Latifi, pai do piloto Nicholas Latifi, para poder operar em meio ao início da temporada 2020 durante a pandemia de coronavírus. A Williams assinou o novo Pacto de Concórdia para se manter na F1, mas logo depois a venda do time foi anunciada.

Globo Esporte

Comentários