Presidente do CSA, Rafael Tenório fala sobre saída de Argel Fucks: "Sensação de traição"

(Foto: Reprodução)


A saída Argel Fucks do comando do CSA pegou todos de surpresa. O treinador anunciou sua transferência para o Ceará após a vitória azulina sobre o Cruzeiro, por 1 a 0, nessa quinta-feira, no Mineirão. O triunfo deixou o time vivo na briga contra o rebaixamento.

Presidente do CSA, Rafael Tenório conversou com o GloboEsporte.com e contou como recebeu a notícia da saída do técnico. O mandatário azulino não escondeu a decepção com a atitude do treinador.

- A sensação que eu tenho é exatamente essa: uma sensação de traição.

Rafael confirmou que o substituto de Argel até o final do Brasileirão vai ser o auxiliar Jacozinho. Ele vai ficar no banco de reservas nos jogos contra o Bahia, a Chapecoense e o São Paulo. O dirigente ainda condenou o assédio do Ceará para tirar Argel do CSA.

- Parece que já se tornou uma obsessão, principalmente do presidente do Ceará, o senhor Robinson de Castro, que já vinha assediando o Argel. O assédio foi tão grande e tão imoral que a outra parte não conseguiu resistir a essa transição.

Não teria dinheiro no mundo que me fizesse largar o clube numa situação dessa. Primeiro frustrou uma torcida fantástica, frustrou uma diretoria que cumpre rigorosamente com os compromissos assumidos e frustrou uma amizade.

Confira abaixo trechos da entrevista com o presidente do CSA, Rafael Tenório.

Saída de Argel

- Nós fomos comunicados pelo Argel 1h da manhã do dia de hoje (sexta-feira). Após o jogo contra o Cruzeiro, ele comunicou que estava indo embora e que tinha recebido, de novo, uma proposta do Ceará e que o projeto lá era audacioso e a proposta era irrecusável. Então, eu ouvi e desejei a ele boa sorte. O Argel estava dentro do nosso planejamento para 2020. Quebrou e agora vamos buscar um outro profissional que esteja disponível no mercado. Nós temos alguns nomes, mas vamos conversar com essas pessoas para que depois eu tenha convicção do técnico que vamos trazer. Nós temos projetos e planejamento já definidos do que nós queremos para 2020.

Jacozinho comanda a equipe nas últimas rodadas do Brasileiro

- Nós tínhamos feito um projeto para 2020. Todos sabem que o Argel ficaria conosco até o final de 2020, porque nós fazemos projetos para médio e longo prazo. Nós não fazemos projetos para quatro ou cinco jogos. Adianto que não iremos contratar nenhum treinador para as três últimas partidas. Entendo que temos três jogos em sete dias (Bahia, Chapecoense e São Paulo) e vejo, como gestor que sou, que não mudaria absolutamente nada. Pode-se trazer quem quiser, nada vai mudar porque praticamente não haverá treino nesse período. O Jacozinho vai comandar o time nesses três jogos. Não vamos ficar de braços cruzados e vamos buscar um profissional para começar a pré-temporada de 2020, mas esse treinador se chegar antes do encerramento do Brasileiro vai somente observar o grupo e tratar do planejamento para a próxima temporada.

Nomes

- O CSA durante a nossa gestão, que são quatro temporadas, praticamente só teve quatro comissões técnicas. Todos fora escolhidos por mim. É uma questão que eu não abro mão é a escolha do treinador. Temos uma gestão compartilhada com o presidente Raimundo Tavares, o Fabiano Melo, mas sempre prevalece a minha decisão. Eu não quero só um treinador de futebol, eu quero um gestor de pessoas. Um profissional que esteja atualizado no mercado, um treinador que tenha experiência naquilo que nós queremos.

Investida dos clubes em profissionais empregados

- Eu sou uma das pessoas que mais critico esse tipo de comportamento. Eu vou gravar um áudio e vou postar no grupo que tem os 40 clubes (das Séries A e B) e estão todos os presidentes de clube. Quando o Cruzeiro levou o Rogério Ceni do Fortaleza, eu condenei veementemente o comportamento de ambos, da diretoria do Cruzeiro e do profissional Rogério Ceni. O Rogério foi pra lá, me parece que fez cinco ou seis jogos, foi demitido e voltou pro Fortaleza. Isso dentro do CSA não aconteceria. Não queremos nenhum treinador que tem esse tipo de comportamento porque nunca sabemos como vamos ser traídos. Você vai conviver com uma pessoa que a qualquer momento pode lhe trair. Mas essa cultura que existe dentro do futebol brasileiro, onde nós sabemos que a maioria dos clubes chega a trocar quatro, cinco, seis, comissões técnicas por temporada... e isso é falta de planejamento. No CSA, isso não acontece.

Atitude do Ceará

- Eu condeno veementemente, acho isso falta de ética de assediar o profissional que tem vínculo com outra instituição. Isso é falta de respeito com a diretoria da instituição, com o torcedor, e eu não tenho esse tipo de comportamento. Parece que já se tornou uma obsessão, principalmente do presidente do Ceará, o senhor Robinson, que já vinha assediando o Argel. O assédio foi tão grande e tão imoral que a outra parte não conseguiu resistir a essa transição. O meu recado é aos presidentes de clubes que façam os seus planejamentos para o período que você quer e vamos acabar com esse assédio. Vamos também ter ética, vamos criar um código de ética. Contrata um profissional com perfil que você precisa para que não cause danos... Eu jamais aceitarei um profissional que nos deixe sem motivo e depois retorne.

Projeto com Argel

- Nós tínhamos assumido um compromisso tão convicto que eu até ia fazer uma outra proposta: Argel você é nosso treinador, se nós não permanecermos na Série A, nós temos um projeto para subirmos de novo para a Série A de 2021. Nós fizemos um planejamento estratégico e já tinha disponibilizado valores pra montarmos a equipe. Nós vamos com uma equipe forte, uma equipe competitiva para a próxima temporada. O que nós fizemos em 2019 e erramos, eu assumo que nós erramos, vamos corrigir. Nós vamos montar uma equipe em que 80% vá até o final da temporada.

Traído

- Eu confesso que não tinha um histórico do Argel. Eu não sabia como era a forma dele trabalhar, mas eu preciso saber agora se o profissional larga um projeto... Eu não conhecia esse perfil de largar o barco faltando praticamente dez dias para o encerramento da competição. Não teria dinheiro no mundo que me fizesse largar o clube numa situação dessa. Primeiro frustrou uma torcida fantástica, frustrou uma diretoria que cumpre rigorosamente com os compromissos assumidos e frustrou uma amizade. Dentro do CSA, nós fazemos não só o profissional, mas também criamos um vinculo de amizade. A sensação que eu tenho é exatamente essa: uma sensação de traição.

Globo Esporte

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