Cruzeiro demite diretor jurídico investigado pela Polícia Federal por suspeita de desvio de dinheiro

(Foto: Vinnicius Silva)


Fabiano Oliveira Costa deixou o cargo de diretor jurídico do Cruzeiro. O desligamento do dirigente ocorreu nesta segunda-feira. Fabiano é alvo de investigações da Polícia Federal, que avalia uma suspeita de desvio de dinheiro realizado dentro do departamento jurídico do clube. Procurado, o Cruzeiro disse que todas as demissões serão oficializadas em nota que será divulgada pelo clube nos próximos dias.

O dirigente começou a trabalhar no Cruzeiro como estagiário, na década de 1990, quando o clube era presidido por Zezé Perrella, que, em dezembro, deixou o comando do futebol e o Conselho Deliberativo cruzeirense. Fabiano trabalhava no Raposa há mais de 23 anos.

Com dívida total estimada em cerca de R$ 800 milhões e salários atrasados, o Cruzeiro passa por um momento de reestruturação. Na semana passada, o clube comunicou que cerca de 80 pessoas deixaram o quadro de funcionários e colaboradores da instituição, que completou 99 anos no dia 2 de janeiro. A reformulação atingiu vários setores do clube, inclusive o departamento jurídico e o de futebol.

Segundo fontes ouvidas pelo GloboEsporte.com, a ideia é desligar todas as pessoas que são consideradas próximas a Wagner Pires de Sá, presidente que renunciou ao mandato em dezembro, e Itair Machado, ex-vice-presidente de futebol da Raposa.

Polícia Federal

A suspeita de desvio no Cruzeiro foi mostrada por reportagem do Esporte Espetacular, em outubro. Em relatórios feitos pela Polícia Federal e encaminhados ao Tribunal Regional Federal (TRF) de Minas Gerais, Fabiano Oliveira Costa e o advogado e conselheiro do Cruzeiro Ildeu da Cunha Pereira Sobrinho, que foi superintendente jurídico do clube na década passada, são investigados por desvios de recursos.

Segundo a reportagem, Ildeu da Cunha Pereira recebeu, em 2018, cerca de R$ 700 mil do clube. Em diálogos interceptados com autorização judicial e arquivos apreendidos nos computadores do advogado, os investigadores encontraram informações que indicam repasses a Fabiano, por meio de transferências bancárias, após pagamentos feitos pelo clube.

A investigação também sugere a ligação do advogado Ildeu da Cunha com o desembargador Geraldo Domingos Coelho, que, recentemente, votou a favor de Itair Machado em decisão no Tribunal de Justiça de Minas Gerais que o reconduziu de volta ao cargo de vice de futebol do Cruzeiro. Itair já deixou o clube.

Na época da reportagem, Ildeu e Itair não quiseram se manifestar. O desembargador disse à reportagem que não via "conflito de interesse" no voto em favor do ex-vice do Cruzeiro e que nunca intercedeu em processos de interesse de Ildeu da Cunha.

Em outubro, Fabiano também divulgou nota, afirmando que nunca contratou os serviços do advogado Ildeu da Cunha. Ele disse que nunca recebeu qualquer valor de Ildeu, nunca se enriqueceu e que irá provar a sua inocência. Depois da reportagem, o Cruzeiro optou pela permanência de Fabiano na direção do clube.

Globo Esporte

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