Comitê Brasileiro faz balanço positivo do Parapan e reafirma insatisfação com reclassificação

(Foto: Alexandre Magno/CPB/MPIX)


Na manhã dessa sexta-feira, no centro de imprensa dos Jogos Parapan-Americanos de Lima, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, e o vice-presidente da entidade, Ivaldo Brandão, conversaram com jornalistas sobre o desempenho da delegação brasileira na competição. Mizael se disse satisfeito, já que o Brasil vem tendo êxito na missão de manter sua supremacia no quadro de medalhas. Desde 2007, o país foi "campeão" do quadro, tendo terminado na primeira colocação na Rio 2007, em Guadalajara 2011, e em Toronto 2015. De acordo com o presidente, trata-se de um mérito que vai resultar em frutos no futuro.

- O balanço é muito positivo. Nós estamos muito felizes com a performance do Brasil. Estabelecemos lá em 2017 um planejamento, e esse planejamento tem como principal objetivo consolidar o esporte paralímpico do ponto de vista do desenvolvimento e da renovação. Temos várias ações pensando nesse processo, uma estratégia onde a renovação seja natural e constante no esporte paralímpico. Isso vai fazer com que a gente lá em 2028 possa estar brigando tranquilamente entre os cinco primeiros do mundo - afirmou.

Ainda de acordo com Mizael, a liderança do Brasil no quadro de medalhas deve ser comemorado especialmente pelo fato de que a competitividade do Parapan só tem crescido ao longo dos anos.

- A Argentina foram 18 ouros nos jogos de Toronto... e já são 21 até o dia de hoje, México crescendo, Chile já com 10 medalhas crescendo muito também. Então isso torna ainda mais desafiadora a participação do Brasil, que lidera já desde o Rio de Janeiro o quadro de medalhas. Então todo esse cenário de uma transição que a gente tá passando, aliada a uma evolução dos nossos adversários, faz esse competição muito desafiadora e certamente o Parapan mais difícil que o Brasil já disputou - avaliou.

O presidente também abordou desafios encontrados na competição como o agrupamento de classes de última hora, elogiou o esforço do Peru na organização do evento, comentou a perda dos recordes de Daniel Dias e voltou a reafirmar a insatisfação do Comitê Paralímpico Brasileiro com o sistema de classificação instituído pelo Comitê Paralímpico Internacional. Mizael questionou os métodos adotados de classificação funcional adotado pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês), e definiu o processo de implementação como abrupto.

- Tem atletas que foram classificados em 2019 com os Jogos em 2020. Se você começa um processo como esse em 2018, se não me engano em abril, são muitos atletas pelo mundo todo para serem reclassificados. Tem muitos em revisão para 2020 que terão suas classes definidas no ano que vem. Como você faz uma preparação e investe no atleta? [...] Não quero que o Andrew saia em defesa do Brasil, não é isso. Tem vários outros atletas que merecem a mesma atenção. A questão é o processo. O processo está errado - opinou.

Na segunda-feira Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, frisou que a instituição tem um sistema de governança sólido e adota métodos científicos, desenvolvidos em parcerias com universidades, para definir o nível de deficiência dos atletas.

A perda dos recordes de Daniel Dias

Por causa da reclassificação, Daniel Dias perde sete recordes paralímpicos obtidos na classe S5. Todos superados por atletas que nadavam na S6. O brasileiro tinha o melhor tempo do mundo nos 50m livre, borboleta, costas e peito, nos 100m livre e borboleta e nos 200m livre. O chinês Lichao Wang, que era da S6, é um dos que se beneficiou da reclassificação e bateu algumas das marcas do brasileiro. Mizael comentou esse impacto no currículo de Daniel.

- Tem atleta inclusive que já foi do S7 e hoje está no S5. É a mesma coisa de pegar um jogador de 23 anos e voltar ele para o sub-20, sub-18. A classificação é o critério que estabelece a igualdade entre os atletas para que haja uma competição justa. E hoje entender que o Daniel não tem mais esses recordes, e entender que esses atletas que hoje estão na classe dele são elegíveis para estarem ali, nós temos que perguntar para o IPC se o Daniel foi uma mentira para o esporte - provocou o presidente.

Elogios ao Parapan de Lima, mas com uma ressalva

O Comitê Brasileiro comentou sobre a organização dos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Para a entidade, o Peru conseguiu organizar com sucesso a competição, apresentou boas instalações e deu atenção ao aspecto da função social na concepção do evento. Uma ressalva foi feita em relação ao agrupamento e cancelamento em cima da hora de algumas provas.

- Nós tivemos 11 provas canceladas (todas natação) a uma semana da competição. Em sete delas o Brasil era franco favorito. Tivemos provas que foram agrupadas aqui, no dia do início da competição. Então sem dúvida que isso prejudica o planejamento. Isso faz com que a gente tenha mais dificuldade ainda na obtenção desses resultados. Com toda certeza, foi mais um desafio a ser enfrentado - disse Mizael Conrado.

Globo Esporte

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