Seleção dos EUA, campeã mundial feminina, mantém ameaça de processo à federação de futebol do país

 (Foto: Vincent Carchietta-USA TODAY Sports/Reuters)


Uma batalha fora de campo que começou antes da Copa do Mundo Feminina de futebol teve nova disputa nesta quarta-feira em Nova York. De um lado, a seleção feminina dos Estados Unidos. Do outro, a federação de futebol do país. A equipe campeã mundial há um mês na França exige dos dirigentes premiações e condições de trabalho iguais às da seleção masculina.

A mediação desta quarta, porém, terminou sem acordo, e as jogadores da seleção mantêm a promessa de levar o caso aos tribunais, alegando discriminação de gênero.

"Nós chegamos a essa semana de mediação com os representantes da USSF (United States Soccer Federation, a federação americana de futebol) cheias de esperança. Hoje (quarta-feira), devemos concluir estes encontros dolorosamente desapontadas com a determinação da Federação de perpetuar fundamentalmente um comportamento e um ambiente de trabalho discriminatórios. Está claro que a USSF, incluindo seu Conselho de Diretores e o presidente Carlos Cordeiro, pretendem totalmente continuar compensando as jogadoras mulheres com menos do que os homens", diz a nota oficial das jogadoras da seleção.

"Não vão conseguir. Queremos que nossos fãs, patrocinadores, colegas em todo o mundo e mulheres de qualquer lugar saibam que nós estamos destemidas e vamos buscar avidamente por um julgamento no tribunal", encerra o comunicado.

Federação: "Informações enganosas"

Também em comunicado à imprensa, a US Soccer Federation afirmou que deseja chegar a um acordo com a seleção feminina sem a necessidade de levar o caso à Justiça, e alegou que as equipe nacional recebe da federação um apoio que excede "qualquer outra equipe feminina no mundo", e no entanto leva "informações enganosas ao público, em um esforço para perpetuar a confusão".

"Já dissemos várias vezes que nosso objetivo é encontrar uma solução e, durante a mediação, esperávamos ser capazes de abordar os problemas de maneira respeitosa e chegar a um acordo. Infelizmente, em vez de permitir que a mediação proceda de maneira atenciosa, o conselho dos demandantes adotou uma abordagem agressiva e, em última instância, improdutiva, que se segue a meses de apresentação de informações enganosas ao público, em um esforço para perpetuar a confusão. Nós sempre sabemos que podemos fazer mais. Valorizamos nossas jogadoras e temos continuamente mostrado isso, fornecendo-lhes compensação e apoio que excedem qualquer outra equipe feminina no mundo. Apesar das declarações inflamadas de seu porta-voz, que têm a intenção de pintar nossas ações de forma imprecisa e injusta, somos destemidos em nossos esforços para continuar as discussões de boa fé”, diz a nota da federação americana.

A Copa do Mundo Feminina da França, conquistada pelos Estados Unidos, ficou marcada por ter trazido à tona a reivindicação global das mulheres por melhores salários, premiações e condições de trabalho. O Mundial terminou com a arquibancada do Stade de Lyon, palco da final, gritando em uníssono "Equal Pay, Equal Pay" (Pagamento igual, em inglês).

Durante o torneio, a meia Megan Rapinoe, um dos destaques da seleção dos Estados Unidos, se tornou ícone das reivindicações do futebol feminino ao anunciar que, se sua seleção fosse campeã, não visitaria a Casa Branca, uma tradição do país quando equipes conquistam títulos relevantes, alegando que a administração do presidente Donald Trump "não está lutando pelas coisas que nós lutamos".

Oito títulos de relevância global da seleção feminina

A seleção feminina de futebol dos Estados Unidos é tetracampeã mundial (1991, 1999, 2015 e 2019) e tetracampeã olímpica (Atlanta-1996, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012), além de oito vezes campeã da Concacaf.

Já a seleção masculina americana têm como melhores resultados o terceiro lugar na primeira Copa do Mundo disputada, em 1930, no Uruguai, e as quartas de final na Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coreia do Sul. Os Estados Unidos não se classificiaram para o Mundial da Rússia-2018.

Em Olimpíadas, a equipe americana masculina possui uma prata e um bronze, as duas medalhas conquistadas na mesma edição (Saint Louis-1904), quando os países podiam ter mais de uma equipe na competição. As maiores conquistas do futebol masculino dos Estados Unidos são cinco títulos da Concacaf.

Globo Esporte

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