Oswaldo de Oliveira chega ao Fluminense e diz: "Continuar trabalho de Diniz é grande prazer"

(Foto: Lucas Merçon)


Oswaldo de Oliveira foi apresentado nesta segunda-feira, no CT do Fluminense. Sucessor de Fernando Diniz, demitido há uma semana, o treinador de 68 anos inicia sua terceira passagem pelo Tricolor. A primeira foi de 2001 a 2002 e a segunda em 2006.

- Quero agradecer às pessoas que viabilizaram minha volta ao clube. Estou muito feliz. Era um sonho que acalentava há bastante tempo. Gosto muito do Fluminense. Deixei muitos amigos aqui e reencontrá-los tem sido um prazer sem medida.

- Não acho que é um desafio, é um prazer muito grande, que farei com muita satisfação. Claro que temos obstáculos a serem transpostos, mas vou fazer com muito prazer e com muita vontade. Não vejo o lado negativo, vejo o lado bom de poder estar aqui e poder ajudar o Fluminense a passar essa situação e voltar ao lugar que ele merece, que é disputando melhores posições no Brasileiro, além da possibilidade de irmos para a semifinal na Sul-Americana.

Anunciado na última terça, Oswaldo iniciou os trabalhos na última quarta, auxiliando Marcão, que comando o time interinamente no empate em 0 a 0 com o Corinthians, em Itaquera, pela Sul-Americana. O técnico comandou seu primeiro treino no domingo e terá como primeiro desafio justamente a decisão de uma vaga nas semifinais da competição continental, contra a equipe paulista, na próxima quinta-feira.

Na coletiva, Oswaldo fez questão de frisar a admiração que tem pelo seu antecessor, Fernando Diniz. O novo treinador tricolor lembrou que trabalhou em cinco clubes com o ex-técnico do clube, quando este era jogador e prometeu dar continuidade à filosofia de posse de bola e troca de passes. Revelou, inclusive, ter conversado com Diniz pelo telefone.

- Dar continuidade ao trabalho do Fernando, para mim, é outro grande prazer. É uma pessoa que passou do âmbito futebolístico. Passou a ser meu amigo. É o jogador que jogou comigo em mais clubes. O conheci no Corinthians, o encontrei aqui no Fluminense em 2001, no Flamengo em 2003, o levei para o Santos e para o Al Ahli do Catar em em 2005. Amigo que tenho há muito tempo. Sempre nos falamos, temos uma relação próxima. Conheço bem a filosofia de trabalho dele, é algo muito particular. Vamos usar muito e já usamos no jogo contra o Corinthians. Vamos usar muito essa posse de bola, essa tranquilidade para iniciar as jogadas de ataque, essa coragem dos jogadores trocarem passes.

Por outro lado, Oswaldo afirmou que dará atenção especial à defesa. O Fluminense é o segundo time mais vazado da competição, com 25 gols.

- A única coisa que fizemos referência é evitar correr riscos muito próximos de nosso gol. Coisa que tentaremos desempenhar aqui. Iniciei o trabalho ontem dando muito mais atenção à defesa. Mas muito menos pelos motivos passados, mas porque isso é um princípio básico do futebol. Procuramos organizar primeiro a defesa e depois irmos avançando - explicou.

Na próxima quinta, Oswaldo fará sua reestreia à beira de campo pelo Fluminense, contra o Corinthians pela Sul-Americana. O Tricolor avança às semifinais em caso de vitória. Empate sem gols leva a decisão para os pênaltis. Os demais resultados favorecem o time paulista.

- Estamos preparando a equipe para essas circunstâncias. Começamos a série de treinos ontem, hoje demos sequência, ainda temos mas dois dias. Vamos procurar jogar da melhor maneira possível para vencer a partida - resumiu Oswaldo.

Oswaldo de Oliveira volta às Laranjeiras junto de outros dois profissionais, os auxiliares Luiz Alberto da Silva e Sidney Morais.

Confira mais declarações de Oswaldo de Oliveira:

Telefonema para Diniz

Assim que acertei tudo com o Fluminense, liguei para o Fernando de bate-pronto. Mas não consegui falar, ele estava ocupado. Depois ele me retornou depois, nos falamos bastante. Ele falou da equipe, dos jogadores. Alinhamos muita coisa nesse sentido.

Legado do antecessor e continuidade

Reconheço o trabalho do Fernando. Ele já tinha feito isso no Audax, por exemplo. Alguns jogadores que figuram em grandes equipes brasileiras eram desconhecidos e são oriundos daquele primeiro trabalho dele que acabou como vice paulista. Aqui, ele repetiu com alguns jogadores que conhecíamos pouco, como o Caio Henrique, o Allan, os meninos de Xerém... Isso é bacana e vamos procurar dar continuidade. Coincide com as minhas características. Em todos os lugares que passei eu revelo jogadores, promovo, dou força, tento recuperar jogadores que estão fora do mercado. É importante ter um grupo forte. Um jogador não sobrevive apenas pelo físico, o técnico e o tático. Existe o mental também. Corpo e mente precisam caminhar juntos.

Chegada ao Flu e transição

A transição tem sido muito boa. Eu cheguei um dia antes da viagem, as ideais do Marcão sobre como formar a equipe e como jogar o jogo lá coincidiram com as minha. Na quarta-feira dirigimos o treino juntos, participei ativamente, fizemos juntos a preleção e o intervalo. Como ainda estou conhecendo o elenco, principalmente os mais novos, isso precisa de um pouco mais de tempo, mas tem sido feito de uma maneira muito boa. Com auxílio de Marcão, Marquinhos, Filé, Júlio e as pessoas que vieram comigo, Sidney, Luiz e Gabriel, temos trabalhado bastante e intensamente esses dias para que possamos fazer uma boa partida e dar boa continuidade no Campeonato Brasileiro.

Como chega o Oswaldo de hoje?

Muito bem. Estou no melhor momento da minha carreira. Experiente, acompanhando tudo. Estou muito bem.

Pegar trabalho em andamento

Claro que eu preferiria iniciar com pré-temporada, com tempo disponível para escolher jogadores, mas sabemos que a realidade no futebol brasileiro às vezes não permite essas chances.

"Parabéns" inesquecível no Maracanã

Em 2001 foi uma campanha excelente do Fluminense. Perdemos a semifinal em jogo único contra o Athletico-PR lá, em um jogo no qual o árbitro foi muito infeliz. Esse detalhe acabou perdendo para um fato que aconteceu um jogo antes, contra a Ponte Preta, no Maracanã, que coincidente foi no meu aniversário. A torcida do Fluminense me prestou uma homenagem inesquecível para mim. Fora os títulos que conquistei, a lembrança mais forte e emocionante foi dada pela torcida do Fluminense naquele dia.

Episódio com Celso Barros em 2006

Em meu primeiro encontro com Celso eu não me lembrava do acontecido e nem ele. Depois, é claro, as pessoas começaram a falar e essas reminiscências acabam voltando. Mas hoje, 13 anos depois, não faz diferença nenhuma. Estamos aqui alinhados, com mesmo objetivo, pensando da mesma forma. Vamos trabalhar juntos para fazer do Fluminense grande e vencedor.

Desconfiança da torcia na chegada

Tenho um defeito muito grave: não procuro avaliar essas coisas, procuro trabalhar isento para tomar decisões sem interferência externa. Não posso dizer que eu não soube, porque as pessoas acabam dizendo. Mas é algo que foi sendo desbastada na medida que o tempo foi passado, as pessoas foram raciocinando. Eu vejo a torcida muito favorável. Eu fui para São Paulo para o jogo contra o Corinthians apenas na quinta de manhã e fui com mais de 30 tricolores no voo. Não posso dizer que foi uma festa, porque estavam todos muito tensos com o jogo, mas a receptividade foi maravilhosa, as lembranças foram trazidas novamente. Isso teve continuidade com o resultado que conseguimos. lá. Todos diziam que o Fluminense já estava desclassificado e que o Corinthians já estava escolhendo adversário, conseguimos, ao menos trazer a decisão para o Maracanã. Isso inspirou a torcida. Já tem 30 mil ingressos vendidos e isso demonstra a confiança da torcida não em mim, especificamente, mas na equipe, para termos essa conquista, avançarmos na competição e termos uma aura de tranquilidade para o trabalho.

Relação com os jogadores

No desempenho da função, quando precisa aumentar o tom, aumento sem problema algum. A tranquilidade é uma característica que eventualmente sofre alterações, isso é normal. Mas essa calma, de certa forma, me ajuda no desempenho do que tenho de fazer. A minha função precisa de calma, de reflexão. Eu me sinto bem fazendo isso com calma.

Como pretende montar o Fluminense? Ativo ou reativo?

Sou o mesmo de sempre. Vou trabalhar como sempre trabalhei. Se olhar minhas equipes anteriores que foram vencedoras, quando o time é muito bom, pode propor, pode jogar ofensivamente, pode correr riscos, vamos fazer. Quando se precisa ter cuidados, é claro que vamos fazer isso. Isso não pode ser encarado de forma definitiva. Você joga cada jogo contra um adversário com as forças que se tem e tentando neutralizar a força do rival. Esse é o jogo. É claro que existem equipes com uma supremacia absurda que dentro ou fora de casa jogam da mesma maneira. Acho o futebol brasileiro muito equilibrado, tem equipes muito forte. Temos que avaliar sempre seu momento e o momento do adversário. Vamos jogar analisando o adversário e as nossas condições de jogar a partida.

Pressão no Brasileiro

Avaí teve muito perto da vitória contra o Corinthians ontem. Equipe que está crescendo com o Alberto (Valentim) e um dia ele acabará vencendo no Brasileiro. Espero que não seja na próxima segunda-feira. Vamos procurar adiar isso. Mas nesse momento não estou pensando nessa pressão não, estou completamente voltado ao jogo de quinta, porque é uma classificação para uma semifinal da Sul-Americana. Depois que passar isso vamos voltar nosso pensamento para o próximo jogo.

Renovação dos treinadores

Acho legal. A renovação tem que acontecer. Quase todos os que estão despontando eu tive a honra de trabalhar: Jair, Alberto, Carille, Zé Ricardo... Conheço muito bem. São pessoas de altíssima competência. Procuro não fazer essa separação (entre gerações). É uma coisa eventual. São parâmetros usados para divulgar, para dar um colorido. Mas a competência não pode ser medida pela idade. Ela dá mais experiência aos antigos. Mas a competência decorre de estudos e uma série de circunstâncias.

Mascarenhas na lateral, e Caio Henrique no meio?

É uma possibilidade, sem dúvida. Ocorre que o Mascarenhas está lesionado, não está podendo nem participar do treinamento e é uma coisa que pode levar mais algum tempo. Mas é uma questão que a gente leva em consideração.

Nenê e Ganso juntos?

Eles jogaram o último jogo. Se vão progredir jogando juntos eles que vão me dizer. Vamos ver a reação. De bate-pronto não tem nenhum problema, podem sim, pois são dois jogadores de altíssima qualidade. Sempre que for possível vamos utilizá-los. Qualquer coisa que aconteça e pensarmos fazer alguma alteração temos que estar preparados. Mas, de início, são dois jogadores importantíssimos para o Fluminense.

Globo Esporte

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