Monitor do Flamengo se defende em CPI que discute incêndio no Ninho: "Corda arrebenta para o mais fraco"

(Foto: Ronald Lincoln Jr.)


O incêndio do Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Flamengo, ocorrido em fevereiro de 2019, voltou a ser pauta na CPI dos incêndios, nesta sexta-feira, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Esta é a terceira sessão da CPI, criada para discutir incêndios de grande porte no Rio de Janeiro.

Monitor do clube na época, Marcus Medeiros era responsável por cuidar dos adolescentes alojados nos contêineres. Ele, que foi um dos indiciados no inquérito da Polícia Federal enviado ao Ministério Público, considera as acusações "uma injustiça".

- Acho uma injustiça as acusações. Se eu estivesse ali, não estaria vivo. O que pude fazer para resgatar os meninos, eu fiz. Na gíria, querem pegar um bucha, um pato. A corda arrebenta para o mais fraco. Eu não assino nada, não montei contêiner. Estava trabalhando num lugar irregular, poderia estar morto junto, por que sou culpado? Eu cumpria ordens.

Segundo ele, o Flamengo o colocou na "geladeira".

- Desde então, o Flamengo me tirou do Ninho do Urubu e agora trabalho na Gávea. Me fazem de bola de pingue-pongue. Na geladeira. Mesmo sabendo da minha situação, e isso é muito ruim.

O monitor, emocionado, explicou qual era a sua função no clube. Ele contou que estava fora dos contêineres no momento do incêndio.

- Minha função era ir de quarto por quarto conferir. A partir daí, era responsável por dar a ceia e botar os meninos para dormir e orientado a fazer rondas, uma função de vigia, que não era minha. No momento da tragédia, eu estava fora. Fui tomar um suco do lado de fora. Foi aí que ouvi a explosão e o corre corre. Fui por trás do contêiner e consegui puxar alguns garotos. Todos eles viram a minha luta.

A CPI desta vez convocou dirigentes da atual gestão e outros que já trabalharam no Flamengo para apurar responsabilidade do incêndio. São eles:

- Marcus Medeiros, monitor do Flamengo (um dos indiciados no processo)
- Antonio Marcio Garotti, diretor financeiro do Flamengo
- Rafael Strauch, ex-vice-presidente de administração
- Luiz Humberto Costa, gerente de administração e hotelaria
- Marcelo Helman, ex-diretor executivo de administração do CT

Paulo Dutra, ex-diretor de meios do clube, foi convocado, mas não compareceu. Todos os presentes, durante a sessão, se eximiram da culpa, assim como foi comum nas duas primeiras sessões da CPI. Nas duas primeiras sessões foram ouvidos nomes como Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, Alexandre Wrobel, ex-VP de patrimônio, Fred Luz, ex-CEO, Rodrigo Dunshee, VP jurídico, Rodrigo Dunshee, além do atual CEO do clube, Reinaldo Belotti.

Globo Esporte

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