Federação Australiana investigará denúncias de assédio sexual contra ex-jogadoras

(Foto: Craig Mercer/MB Media/Getty Images)


Após ex-jogadoras da seleção australiana irem a público denunciar intimidações e assédio sexual sofridos enquanto defendiam o país, a Federação Australiana de Futebol garantiu que abrirá investigações. No entanto, solicita que as atletas apresentem queixas formais.

Lisa De Vanna, a segunda maior artilheira de todos os tempos pela seleção feminina com 47 gols em 150 atuações, abriu o caminho ao relatar que sofreu perseguição, abuso e intimidação. O primeiro caso correu em 2001, quando se juntou à seleção, ainda aos 17 anos.

Se eu fui assediada sexualmente? Sim. Intimidada? Sim. Se eu vi coisas que me deixaram desconfortável? Sim

— afirmou De Vanna, em entrevista ao jornal Sidney's Daily Telegraph.

— Em qualquer organização esportiva e em qualquer ambiente, o assédio sexual infantil, o comportamento predatório e a conduta não profissional me deixam doente - acrescentou a ex-atacante de 36 anos.

Lisa detalhou propostas obscenas por parte de membros do corpo técnico e, embora isso tenha acontecido quando era uma adolescente, ela decidiu denunciar porque "ainda acontece em todos os níveis e é hora de falar".

A sua ex-técnica, Rose Garofano, disse que trouxe estes fatos ao conhecimento da federação e que teve a garantia de que o assunto será tratado internamente.

Rhali Dobson, que brilhou na W-League, principal divisão do futebol feminino na Austrália, também revelou ter sido vítima de comportamento abusivo na juventude.

Estados Unidos e Venezuela

No dia 1º de outubro, o Campeonato Feminino dos Estados Unidos parou. A rodada que aconteceria naquele fim de semana foi adiada devido ao escândalo de assédio sexual que eclodiu após a revelação pelo site "The Athletic" das denúncias de diversas jogadoras contra o agora ex-técnico do North Carolina Courage, Paul Riley.

Ontem, em carta aberta via redes sociais, vinte e quatro jogadoras da Venezuela acusaram o ex-treinador de assédio e abuso físico, psicológico e sexual, até mesmo contra menores de idade. O panamenho Kenneth Zseremeta dirigiu a equipe em diversas categorias entre 2008 e 2017. Atletas da comunidade LGBTQIA+ eram constantemente questionadas por sua orientação sexual, enquanto o assédio às jogadoras heterossexuais era rotineiro.

O escândalo nos EUA chegou até De Vanna. Pelo Twitter, Megan Rapinoe disse que os homens protegiam homens que abusam de mulheres, e a australiana interagiu com a postagem da craque americana, antes de contar a sua própria história.

"Eu concordo, Megan, mas testemunhei com os meus olhos...

- Mulheres protegendo mulheres que abusam de mulheres.

- Jogadores protegendo jogadores mais velhos que abusam de jogadores jovens.

- Organizações que protegem “treinadores / jogadores” que abusam de jogadores.

- Abuso é abuso. O mau comportamento é ruim em todas as áreas! ", respondeu

Conforme alertou Lisa, tais abusos podem partir ou ter a conivência de outras mulheres também.

Copa do Mundo de 2023

As denúncias são vistas como uma bomba para Austrália, que no início deste ano conquistou os direitos de realizar a Copa do Mundo Feminina de 2023 juntamente com a Nova Zelândia.

Globo Esporte

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