Hypolito diz que ver reportagem ao lado da mãe o fez revelar bullying: "Revolta"

(Foto: Reprodução)


O ginasta Diego Hypolito afirmou nesta segunda-feira, no programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, que decidiu falar sobre os abusos que sofreu na infância após ver uma reportagem veiculada no Jornal Nacional ao lado da mãe, Geni, sobre as denúncias de inúmeros ginastas e ex-ginastas contra seu ex-treinador, Fernando de Carvalho Lopes. O medalhista olímpico contou que ficou "revoltado" ao ouvi-la dizer que ele era um "coitado".

- Eu não vi o Fantástico [no domingo 29], porque eu não quis ver. Era muito pesado para mim. Quando foi na segunda-feira [dia 30], do Jornal Nacional, eu vi a matéria do lado da minha mãe e da minha irmã. E na hora que eu vi a matéria, por mais que eu tivesse vivenciado muitas coisas na ginástica, me deu uma revolta muito grande. E aí minha mãe falou assim: "Coitado, né, uma pessoa tão boa". Quando ela falou isso, me deu uma revolta. Uma pessoa tão boa? Como é que você pode acreditar numa situação como essa? E aí eu falei assim: "Você sabia que eu passei por isso na minha infância?". E ela ficou um pouco em estado de choque. E aí que eu vi que a gente tem o dever, sim, de expor essas situações. A gente tem que fazer o diferencial, não importa a quem vai magoar. Importa as pessoas que a gente vai fazer dar um passo adiante - comentou.

Na sequência das reportagens, Hypolito contou que foi alvo de abusos cometidos por ginastas mais velhos, quando tinha entre 9 e 13 anos, sempre com a anuência dos treinadores -na época, ele era atleta do Flamengo. Hoje com 31 anos, ele usou as expressões "difícil", "trauma" e "sofrimento" como sentimentos predominantes na época. Na última semana, as reminiscências o afetaram a ponto de torná-lo recluso.

- Eu era bicampeão mundial, medalhista olímpico e não estava nem conseguindo sair de casa praticamente. Não estava conseguindo treinar - prosseguiu.

Hypolito afirmou que acreditou na idoneidade de Lopes durante o período em que treinaram juntos, entre 2014 e 2016, e até mesmo depois de a primeira denúncia de abuso ser levada ao conhecimento público, em julho de 2016. O processo, ingressado pelo pai de um ginasta menor de 18 anos, corre em segredo de Justiça em vara de São Bernardo do Campo.

- Nós, na realidade, somos a vítima de tudo. Porque eu não tenho como olhar uma pessoa e falar "essa pessoa é assassina" ou "essa pessoa é um pedófilo". Eu não tenho como. E eu, pelos meus princípios familiares, sempre prefiro acreditar nas coisas boas. Porque o mundo já tem muitos críticos. Se a gente não for incentivador de pessoas, não vai ter para onde ir. Então, por esses meus princípios, eu sempre acreditava que essas situações, até as próprias do Fernando, não pudessem ser reais. Principalmente por minhas crenças, e eu sou uma pessoa que acredita muito em Deus e tenho muita fé, ele [Fernando] era uma pessoa que sempre estava na igreja. Para mim, isso era uma coisa que pesava muito - afirmou.

Globo Esporte

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