Apoio a Bolsonaro causa mal-estar e Ronaldinho perde espaço no Barcelona

(Foto: Reprodução)

Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


A crise política que o Brasil enfrenta nos últimos dias, próximo ao segundo turno da eleições presidenciais, chegou a esfera do futebol internacional. A apoio de Ronaldinho Gaúcho à candidatura de Jair Bolsonaro causou mal-estar no Barcelona, de acordo com informações do jornal Sport.

Atualmente, Ronaldinho é embaixador do clube e uma das estrelas do Barça Legends, equipe de veteranos que faz amistosos ao redor do mundo. Entretanto, uma foto do ex-jogador com uma camisa amarela com o número 17 (em alusão a legenda do candidato do PSL) não foi visto com bons olhos pelos time catalão e as aparições do ex-atleta com a camisa azul e grená tendem a diminuir.

De acordo com a publicação do jornal espanhol, a crise explodiu logo após a foto e o clube receber uma avalanche de e-mails, ligações e menções em redes sociais a respeito do tema. A maioria dos comentários era de críticas e as mensagens não se limitavam ao Brasil.

O clube então começou a tratar do assunto na segunda-feira (15) e a primeira atitude foi suspender qualquer conteúdo referente ao jogador na última semana. Novas publicações aconteceriam com a imagem do jogador, mas todas acabaram suspensas.

As participações de Ronaldinho com o Barça Legends não devem ser canceladas, mas o calendário de atividades deverá ser reduzido. O ex-jogador era presença garantida nos eventos dos veteranos do clube e se tornado a cara do projeto.

O porta-voz do Barcelona, Josep Vives, disse que o clube respeita a "liberdade de expressão de todo mundo". No entanto, reconheceu que "os valores de Bolsonaro não correspondem aos do clube". Por isso, o Barça não rompe relações com o ex-jogador, mas "promete observar atentamente a evolução do caso para tomar decisões que considere convenientes”.

Ronaldinho se filiou este ano ao Partido Republicano Brasileiro (PRB) e chegou ser cogitado como candidato ao Senado. A legenda apoiou Geraldo Ackmin (PSDB) no primeiro turno e se declarou neutra na segunda fase do pleito presidencial. O ex-jogador Rivaldo também deve aparecer menos no Barça pelo menos motivo, mas por não ter uma ligação tão direta com o clube, não preocupa a diretoria.

Barcelona e política

O Barcelona tem uma forte ligação com questões fora do futebol, até mesmo pelo seu lema “Més que um club” (Mais que um clube, em português). Durante a ditadura de Francisco Franco, o idioma catalão foi proibido na Espanha e o Camp Nou se tornou um lugar de resistência, em que os torcedores podiam expressar-se sem sofrer a repressão da política franquista. O governo militar, de extrema-direita, só acabou com sua morte, em 1975.

Até hoje, a Catalunha luta por sua independência. Em todos os jogos no Camp Nou, exatamente aos 17min14s de cada tempo, o estádio grita pela independência da comunidade autônoma, em referência ao ano de 1714, data da Guerra de Sucessão, que significou a redução da autonomia catalã.

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