Ex-funcionária relata "esquema" do Volta Redonda; VP é barrado no clube por seguranças armados

(Foto: Gustavo Henrique de Souza/Fair Play Assessoria)


A ex-funcionária do Volta Redonda Eloanna Oliveira Carneiro relatou à Delegacia de Deflagrações da Polícia Civil o que seria o cadastramento irregular de sócios para as eleições do clube. O depoimento corrobora com as acusações da oposição, que foi à Justiça para tentar suspender o pleito, e com uma auditoria que apontou falta de transparência.

No testemunho, Eloanna revela que deve quatro meses de mensalidade ao clube e mesmo assim consta na lista de votantes para a próxima eleição, o que não é permitido pelo estatuto. Ela garante que conhece outras pessoas, funcionários ou não, que estão na mesma situação.

Ainda sobre o esquema supostamente irregular, a ex-funcionária, que entrou em 2015 na vaga de auxiliar administrativo, relata ter visto o atual dono do cargo entrar no clube com cadastros já preenchidos. Além disso, Eloanna envolve o vice-presidente de futebol Flávio Horta Júnior, filho do presidente Flávio Horta, ao afirmar que o dirigente recebia em mãos os lucros de bilheterias do clube.

"O lucro líquido era repassado diretamente e em mãos ao filho do presidente do clube, Flávio Cautieiro Horta Jardim Júnior, ou à gerente Sabrina Maciel", aponta parte do depoimento.
- Hoje, ela é funcionária do ex-presidente, saiu do Volta Redonda e foi trabalhar na firma do ex-presidente. Ela nunca fez qualquer tipo de reclamação nesse sentido - atacou Flávio Horta.

Em contato com a reportagem, a delegada Patrícia Aguiar não quis dar detalhes do caso, que está nas fases iniciais de investigação. As partes acusadas ainda serão ouvidas.

VP é barrado por seguranças

Pelas denúncias de possíveis irregularidades também nas contas do clube, o presidente Flávio Horta foi afastado na quarta-feira pelo conselho deliberativo do clube, decisão revogada horas depois pela Justiça local, na tarde de quinta.

Antes do decreto judicial, o vice Gabriel Torturella, hoje principal opositor, que seria o dirigente interino, foi barrado na porta do clube por seguranças armados na manhã de quinta-feira. Ele ainda relata o que considerou movimentação suspeita de funcionários em meio à madrugada.

- Devido às denúncias, foi proposto o afastamento por 30 dias do presidente, que foi aceito por unanimidade. Depois da decisão do conselho, decidi passar a sede à noite. Para minha surpresa, estavam saindo três carros, de funcionários ligados ao Flávio (Horta, presidente), praticamente de madrugada. Fui falar com os seguranças e as câmeras do clube foram desligadas. Eu, como vice, teria que assumir, mas fui impedido de entrar no clube hoje pela manhã por seguranças armados - garantiu o vice-presidente.

- Eu estava no aeroporto de Porto Alegre. Nem me encontrava na cidade. Quando me informaram que o Gabriel (Torturella, vice-presidente) estava querendo entrar no clube, disse que ainda não fui notificado da decisão. Por isso pedi para que o Gabriel esperasse até de tarde. Apenas isso - rebateu Flávio Horta.

Horta Júnior é chamado pela Lava Jato

Enquanto o processo eleitoral do Volta Redonda corre na Justiça, o clube ainda vê um alto dirigente intimado pela Operação Lava Jato. Flávio Horta Júnior prestou depoimento à Polícia Federal para explicar a relação profissional com o governador e tio Luiz Fernando Pezão, preso na última quinta-feira.

A informação foi publicada primeiramente pelo jornal Lance!. Horta Júnior é advogado e sócio de Roberto Horta Jardim Salles, enteado do governador do Rio. Segundo Flávio Horta o filho já está liberado pelas autoridades.

- Meu filho é um homem honrado, um advogado respeitado. É triste que envolvam essa história com o clube com outras intenções. Ele é sobrinho do governador, eu sou cunhado. Ele provavelmente prestou algum serviço durante campanhas, mas garanto que com a maior lisura. Esteve na polícia federal e não teve nenhum problema - garantiu o presidente do Voltaço.

Globo Esporte

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