Libertadores: Maior campeão do torneio, São José está fora da disputa esse ano; veja o motivo


(Foto: Reprodução)


Três títulos da Libertadores é o que soma o time de São José, interior de São Paulo. Embora seja o maior campeão do torneio até hoje e o único brasileiro a ter um título de Mundial de Clubes, o São José está fora da disputa da Conmebol, mas continua em atividade, embora tenha passado por algumas reformulações.

O time do interior paulista soma cinco participações na Libertadores. Em 2011, conquistou o primeiro título tendo eliminado o bicampeão Santos na semifinal e vencido o Colo-Colo na final por 2 a 1. No ano seguinte, foi eliminado pelo brasileiro Foz Cataratas na semifinal na disputa de pênaltis e finalizou o torneio em 3º lugar, ao bater o Vitória das Tabocas por 1 a 0.

Em 2013, o segundo título: mais uma vitória em cima do Colo-Colo, dessa vez na semi e, a final foi contra o colombiano Formas Intimas e terminou em 3 a 1 e o bicampeonato. 2014 foi o ano do tri: o São José eliminou o paraguaio Cerro Porteño na semifinal e venceu o Caracas, da Venezuela por um placar de 5 a 1 na final. A quinta e última participação foi em 2015. O São José foi eliminado pelo campeão Ferroviária na semifinal e, na disputa de terceiro lugar, derrotado pelo argentino UAI-Urquiza nos pênaltis.

Além do tricampeonato em 2014, o São José alcançou o feito de ser o único time brasileiro a conquistar o Mundial de Clubes feminino, que infelizmente só teve três edições. Paulo César da Silva, auxiliar técnico e preparador de goleiras da equipe, esteve presente em todas essas competições e lamenta muito que o mundial tenha sido tão curto. “Fica muito custoso para o país organizador bancar, já que o mundial não tem o vínculo com a Fifa” – contou Paulo – “Pagar o torneio é de responsabilidade do país sede. Tem que ver o interesse da Fifa em fazer porque depende de diversos fatores. Pena que acabou. Seria uma oportunidade de valorizar a modalidade”.

Os campeonatos brasileiros e estaduais não pararam para o São José até então, mas o auxiliar conta que, por depender do apoio da prefeitura, algumas mudanças têm sido feitas ao longo dos anos, algo que consequentemente pode de certa forma prejudicar o time. “Quando tem uma mudança de governo, ocorrem transições e as coisas demoram para acontecer, sem contar que há mudanças no comando do time também. Em 2016, tivemos a técnica era Emily Lima, no ano seguinte mudou para o Marcio de Oliveira e atualmente, está o Cleber Arildo” – disse Paulo, que completou – “A tendência é que no ano que vem se mantenha a comissão técnica para voltarmos a ser a equipe que disputava títulos. Ainda que nossa equipe não seja a mesma de 2013 ou 2014, o objetivo é voltar para Libertadores, porque temos uma referência no futebol feminino e queremos manter a hegemonia de sermos uma das maiores equipes na categoria”.

Diferente de times como o Santos e São Paulo, que contam com um time masculino forte, o São José se difere assim como o Rio Preto e Taubaté por não terem uma camisa masculina conhecida por trás. “São José é uma das referências no feminino e precisamos estar dentro dessas competições para darmos um crédito maior em relação a visibilidade do futebol feminino” – disse o preparador.
São José em formação para jogar na Vila Belmiro.

Paulo trabalha no clube desde 2007. Ele já passou pelo masculino e pela base e é o último remanescente que viu o time vencer todos os títulos. Além disso, viu jogadoras experientes como a Formiga passarem pelo São José. Assistiu títulos de Copa do Brasil e todas as Libertadores. Ele relembrou também a época em que Bagé e Priscila, que jogavam no extinto Botucatu, foram para o São José: “Naquele ano conquistamos o vice-campeonato Paulista, empatando dois jogos com o Santos na final”. Para ele, 2013 e 2014 foram os melhores anos.

No total, além das três Libertadores e do título Mundial, o São José conquistou duas vezes o vice-campeonato Brasileiro (2013 e 2015), foi duas vezes campeão da Copa do Brasil (2012 e 2013) e também guarda em sua sala de troféus três Campeonatos Paulistas. Mesmo com tantas conquistas, o time depende exclusivamente do apoio da prefeitura para sobreviver.

O auxiliar contou ao espnW que o que mantém o time são as Leis de Incentivo Fiscal: “Trabalhamos através do imposto estadual e municipal. Estamos fazendo um planejamento para arrecadar recursos através de imposto federal também. Apresentamos os projetos, as empresas gostam e acabam apoiando essas verbas e destinando uma parte do dinheiro da cidade para o futebol” – e completou elogiando um grande projeto da Prefeitura de São José, que ajuda diretamente no desenvolvimento da base – “Temos aqui o Atleta Cidadão, um baita projeto que abrange todas as categorias do esporte. No futebol feminino estamos disputando a semifinal do Paulista Sub-17, jogamos contra o São Paulo essa semana aqui em São José e ganhamos de 2x1”.

O São José disputa na categoria Sub-13, Sub-14 e Sub-15. No mês que vem, participará de um campeonato em Araraquara promovido por Aline Pellegrino e também disputam a Taça São Paulo.

Já a maioria das jogadoras do elenco principal, tem conseguido sobreviver do futebol graças ao apoio. Algumas ainda se dividem entre o futebol e um outro trabalho. “Algumas delas também são formadas em Educação Física e conseguem tirar dinheiro dando aula de personal ou em academias” – completou Paulo.

O fato é que o São José é um dos times femininos que tem muito mais tradição do que no futebol masculino. O maior campeão da Libertadores poderá dividir o posto com o Santos, que é um dos favoritos da competição e caso vença, chegará ao terceiro título nessa edição. Mas os objetivos estão bem claros para Paulo e, se tudo der certo, o São José estará pronto para grandes disputas internacionais novamente em breve: “Estamos vendo o surgimento do Iranduba, temos o Foz do Cataratas, que é referência também. E São Paulo temos o São José, o Rio Preto... são equipes sem camisa do masculino, mas que levam o nome da cidade até mais que o próprio masculino. Precisamos estar em competições desse nível” – finalizou.

ESPN

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