Rumo ao Mundial, ginástica do Brasil ganha força com melhor campanha da história no Pan

(Foto: Ricardo Bufolin / CBG)


O saldo impressiona. As expectativas apontavam um bom rendimento da ginástica artística do Brasil em Lima, mas não se esperava tanto. Foram 11 medalhas no total, com quatro ouros, quatro pratas e três bronzes, na melhor campanha do esporte em Jogos Pan-Americanos, superando os números de Rio 2007 (veja abaixo). De quebra, colocou o país na liderança do quadro de medalhas da modalidade na capital peruana. O resultado dá confiança rumo ao maior desafio da temporada, o Mundial de Stuttgart, em outubro.

É preciso, porém, clarear um pouco o caminho e mostrar que os números poderiam ser até melhores não fossem alguns poréns. Como se Rebeca Andrade, maior aposta do Comitê Olímpico do Brasil, não se lesionasse a um mês dos Jogos. Ou se Jade Barbosa também não sofresse a torção no joelho esquerdo na semana da competição. Ou, ainda, se o favoritismo de Arthur Zanetti se confirmasse em ouro, e não prata. As onze medalhas, então, impressionam diante dos problemas enfrentados no meio do caminho.

O maior destaque ficou por conta do desempenho masculino. O ouro por equipes comprova o rendimento, mas não apenas ele. Caio Souza e Arthur Nory fizeram uma dobradinha inédita no individual geral. Antes, o Brasil sequer havia subido ao pódio na prova. Os três ouros de Francisco Barretto também foram fundamentais para que o Brasil terminasse à frente dos Estados Unidos na tabela de classificação.

- Não existe segredo, é trabalho. A comissão inteira está trabalhando junto, com o mesmo foco, é uma equipe. Os resultados individuais foram consequência de um trabalho em equipe. Não tem segredo - disse o ginasta.

Desde antes da chegada a Lima, a comissão técnica deixou claro que o maior objetivo da temporada seria mesmo o Mundial. O Pan, então, ganhava importância na preparação para a competição, que classifica para os Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem.

- Os resultados mostram o trabalho que vem sendo feito. É um grupo muito forte, de jovens talentosos, mas acima de tudo muito esforçados. Ter a melhor participação do Brasil na história da ginástica artística não foi simples, mas isso tudo está ligado a nossa preparação para cá. Foi muito intensa, a ginástica é um esporte que você precisa estar pronto para qualquer adversidade, e eles estavam preparados para isso – afirmou Henrique Motta, coordenador da Confederação Brasileira de Ginástica.

A sensação é que, se a equipe feminina estivesse completa, os resultados seriam ainda melhores. Sem Rebeca e Jade, Flávia Saraiva liderou o time com três bronzes em Lima (individual geral, solo e equipe).

- A equipe masculina conseguiu fazer um resultado excepcional, a equipe feminina também conseguiu uma grande realização. Não tínhamos a presença da Rebeca, que é uma das atletas que fazem, sim, parte do nosso quadro. Além disso, tivemos a Jade fora também. Mas nada disso impediu que o Brasil fizesse a melhor participação da história – afirmou Henrique.

Dono de um ouro e duas pratas, Arthur Nory vê a equipe pronta para a disputa do Mundial em Stuttgart, em outubro.

- A gente falava que o Pan seria uma preparação para ver como está a equipe e para ver as séries, porque o Mundial é decisivo, é um classificatório para a Olimpíada. A série precisa estar mais redonda possível. É subir e acertar, subir e acertar. Todos que estiverem na equipe. É isso. O Pan foi essa preparação. É continuar trabalhando, porque vimos que o trabalho está dando certo. É muito difícil. Então tem de trabalhar mais. É voltar para casa, curtir um dia e depois já voltar focado e trabalhar. Tem o Brasileiro que vai ajudar a definir a equipe (para o Mundial), porque a equipe masculina está grande. Temos 12 atletas aí bem homogêneos. Todos têm de estar bem preparados para chegar ao Mundial e classificar.

Globo Esporte

Comentários