Campello diz que voto online abre margem para eleições do Vasco serem fraudadas

(Foto: Rafael Ribeiro / Vasco)


Em comunicado aos sócios nesta segunda-feira, o presidente do Vasco, Alexandre Campello, se mostrou mais uma vez contra eleição com votação online, chamou de manobra a convocação da Assembleia Geral e disse que o pleito virtual daria margem para fraudes.

Em anexo ao comunicado, o presidente apresentou uma carta enviada pelo sócio Eduardo Nery, especialista em segurança da informação, em um laudo do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, que já havia sido apresentado na semana passada, para justificar seu ponto de vista.

O presidente do Vasco também comemorou a decisão da Justiça, que devolveu, na última quinta, o direito a voto dos sócios anistiados. Pela determinação judicial, os contemplados votarão "em separado" enquanto o mérito seguirá em discussão nas instâncias judiciais. Ou seja, o resultado pode ficar sub judice, o que já aconteceu em 2017, quando a urna 7 terminou anulada.

No sábado, em entrevista ao programa “Super Papo Vascaíno”, Campello ameaçou retirar a candidatura caso a votação seja exclusivamente online, como convocou o presidente da Assembleia Geral, Faués Jassus, o Mussa.

Confira o comunicado na íntegra

Desde o início de nosso mandato, esta gestão tem adotado uma série de medidas para depurar a base de sócios, aperfeiçoar a administração deste cadastro e, consequentemente, assegurar a realização de eleições limpas.

Entre essas ações, podemos destacar:

. Processo de anistia

. Recadastramento dos associados

. Unificação das bases de sócios estatutários e sócios torcedores

. Contratação de empresa terceirizada, uma das maiores gestoras de programa de sócio do Brasil

É importante ressaltar que foi esta gestão a responsável pelo processo de anistia de 2018, que, à época, permitiu o reingresso ao quadro associativo de mais de 2,5 mil sócios, entre os quais 1.324 sócios gerais.

O processo de anistia foi uma decisão minha. E tomamos o cuidado de lançá-lo no primeiro ano da gestão, portanto o mais distante possível do período eleitoral. Da mesma forma, temos nos empenhado para que os sócios gerais anistiados possam participar da eleição, direito este legítimo, que a Junta Eleitoral do Clube tentou tirar.

A maior prova da lisura da Diretoria Administrativa na gestão da base de sócios e na elaboração da relação de associados encaminhada à Junta Deliberativa é que essa lista não foi contestada nem pela Junta e muito menos pelos diversos grupos políticos participantes do processo eleitoral.

Todas as contestações e ações judiciais relacionadas à lista se referem aos critérios adotados pela Junta Deliberativa para definir a relação de sócios aptos a votarem e serem votados. Não ao trabalho da Secretaria e desta Diretoria Administrativa. Trata-se de algo inédito em muitos e muitos anos de eleições do Club de Regatas Vasco da Gama e motivo de orgulho para esta Diretoria.

Diante de todas as ações tomadas por esta Diretoria para assegurar a realização de eleições limpas, anseio de todos os vascaínos – ou quase todos -, não podemos compactuar com as manobras feitas por um determinado grupo político, com a conivência e cumplicidade do Presidente da Assembleia Geral.

Muitos dizem lutar por uma eleição sem fraude no Vasco da Gama, mas, quando têm a chance de contribuir para isso, seus atos não correspondem às suas palavras.

Não há eleição meio limpa.

As manobras para a realização de uma eleição online, com uma empresa contratada pelo Presidente da AGE e, portanto, pela chapa que ele representa e na qual estão seus dois filhos e dois sobrinhos, são uma afronta ao Estatuto: nenhum fornecedor pode ser contratado sem a anuência da Diretoria Administrativa. Mais do que isso: essas manobras abrem margem para que as eleições do Vasco sejam fraudadas.

O que pedimos ao sócio vascaíno, independentemente de sua predileção ou posição política, é que ele atente para a gravidade dos fatos narrados.

Não há qualquer garantia de eleição limpa com a realização de votação online.

Compartilhamos com os sócios dois importantes documentos, que merecem ser lidos por todos com atenção. Os dois documentos estão anexados no fim do texto.

Um destes documentos é uma carta endereçada aos Presidentes de Poderes do Club de Regatas Vasco da Gama pelo sócio João Eduardo Nery de Oliveira, especialista em segurança da informação e com experiência em eleições públicas, tendo participado de diversos pleitos organizados pelo Tribunal Superior Eleitoral e por Tribunais Regionais Eleitorais.

Eduardo Nery diz textualmente que o processo de eleições pela Internet no Vasco da Gama é o “caminho certo para possíveis fraudes que tirariam por completo a legitimidade dos poderes do Clube que venham a ser eleitos”.

O segundo documento é um laudo do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ, um dos mais renomados centros de estudos sobre tecnologia e segurança da informação do país e órgão absolutamente isento e independente.

Ambos vão na mesma direção: é impossível garantir a segurança e atestar a confiabilidade de uma eventual eleição pela internet no Vasco da Gama, uma vez que a implantação de um sistema desta natureza não deve ser realizada de forma prematura, sem um plano elaborado de ações.

Portanto, pedimos, mais uma vez, aos sócios que leiam os dois documentos em anexo com a devida atenção e percebam a importância deste tema e os esforços da Diretoria Administrativa para a realização de uma eleição limpa e segura. Pedimos, gentilmente, que essa leitura seja feita sem paixões partidárias ou preferências políticas, mas com base na razão e na sensatez.

Esta Diretoria Administrativa e eu, na condição de Presidente do Club de Regatas Vasco da Gama reafirmamos que não permitiremos qualquer manobra que possa colocar sob suspeição o processo eleitoral.

Esta gestão tem o compromisso moral e ético de realizar eleições 100% limpas. E é assim que será.

Globo Esporte

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