Luxa sai em defesa de Jair e pede "critérios" e "regras" para técnicos estrangeiros

Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)


A polêmica declaração de Jair Ventura em relação aos técnicos estrangeiros no Brasil, no qual pegou como exemplo a chegada de Reinaldo Rueda ao Flamengo, continua repercutindo. Quem se posicionou foi Vanderlei Luxemburgo, treinador do Sport e que saiu em defesa do comandante do Botafogo.

Na segunda, Jair disse que os estrangeiros estavam "tirando espaço dos brasileiros". Luxa disse que o colega alvinegro em momento algum quis atacar Rueda, mas, sim, pedir critérios iguais aos treinadores brasileiros e estrangeiros.

- O que eu penso sobre isso? O técnico estrangeiro pode vir ao Brasil, mas ele tem que seguir as normas que teriam que existir no futebol brasileiro. Para eu ser técnico do Real Madrid e ser aceito, a CBF teve que enviar para o clube e para a federação espanhola o meu currículo e confirmar que eu era técnico no Brasil - disse Luxemburgo, em trecho do seu longo texto publicado em uma rede social.

Veja abaixo, na íntegra, a postagem de Vanderlei Luxemburgo:

"Sobre esse assunto que dominou o noticiário hoje, o primeiro ponto é o seguinte: quero desejar ao Rueda todo sucesso no Brasil. Que ele seja muito bem-vindo ao nosso país e que consiga repetir os bons trabalhos que fez por onde passou, em clubes e seleções, além de trazer coisas novas para o nosso conhecimento. Os comentários do Jair não foram em relação ao treinador Rueda, e sim à estrutura do futebol brasileiro.

Eu entendi bem o que ele quis dizer. E não é corporativismo, é uma questão conceitual. Por ter vivido fora do Brasil essa expectativa, é muito importante eu comentar, pegando esse gancho do Jair, que é um menino. Quando se tem opiniões fortes e você as torna públicas, você está sujeito a críticas e a elogios. E algumas pessoas, que acham que são donas da verdade, já são costumeiras em denegrir a imagem de treinador de futebol.

O que eu penso sobre isso? O técnico estrangeiro pode vir ao Brasil, mas ele tem que seguir as normas que teriam que existir no futebol brasileiro. Para eu ser técnico do Real Madrid e ser aceito, a CBF teve que enviar para o clube e para a federação espanhola o meu currículo e confirmar que eu era técnico no Brasil.

Cheguei na Espanha e a associação de técnicos teve que me aceitar e me dar permissão para trabalhar lá. E eu tive que pagar 3% do meu salário para a associação me conceder esse direito de eu poder exercer minha função. Mas a associação protege o técnico. A partir do momento em que fui mandado embora, entraram as regras do contrato estabelecidas em pagar a multa, e o Real só pôde colocar outro técnico no meu lugar depois que cumpriu com todos os compromissos de contrato comigo.
E temos que criar isso aqui no Brasil também. O técnico aqui não pode trabalhar em mais de dois clubes na mesma divisão, como acontece lá. Tem que criar regras como essa.

O que queremos no Brasil? Que se crie uma norma, em que os técnicos estrangeiros podem e devem vir ao Brasil, mas há de se ter um critério. A CBF tem que anuir os contratos dos treinadores e criar uma norma, para que os estrangeiros tenham que seguir as regras do futebol brasileiro. E hoje não tem norma nenhuma.

Temos que reivindicar esse direito de criar uma regra estabelecida para os técnicos. O técnico brasileiro aqui, hoje, na sua grande maioria, não tem o privilégio que os estrangeiros têm, de colocar uma multa rescisória no contrato se forem mandado embora. Os brasileiros estão tendo multa de um salário pela CLT. Então, por que fazem essa diferença no contrato? Queremos respeito.

A associação tem que criar as regras e quem vem de fora precisa cumprir. Acho legal essa troca de informação com técnicos estrangeiros. E não está fechado o mercado pra gente lá fora. Nós podemos ter o nosso curso bem feito aqui e trabalhar no exterior, como o deles também tem que ser aceito aqui no Brasil.

Mas é preciso se preparar bem e ter qualidade para tal. A CBF tem que estar junto nesse processo. Os cursos que fazemos aqui têm que ser reconhecidos mundialmente em todas as federações, de todos os países. E a CBF tem que fazer com que isso se torne uma realidade, para termos o privilégio de trabalhar em qualquer outro lugar.

O Jair colocou a questão dessa forma e acho importante caminharmos juntos. Não é questão de proibição, e sim filosófica, não é algo específico contra ninguém. E estarei na CBF na próxima segunda-feira para discutir sobre isso com a entidade e toda a nossa classe. E que, a partir desse encontro, se estabeleçam essas regras".

Globo Esporte

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