Com show de tubos, Medina derrota havaiano em Pipeline e avança ao 3º round

(Foto: Reprodução)


Gabriel Medina segue vivo em sua jornada rumo ao bicampeonato mundial. Neste domingo, ele entrou na água na mítica praia de Pipeline, onde tornou-se o primeiro brasileiro campeão do mundo em 2014, para disputar a repescagem. Ou seja, só a vitória interessava. E ele não decepcionou. Encarou o forte surfista local Dusty Payne com intensidade desde o início da disputa e saiu vitorioso, garantindo a vaga na terceira rodada sob aplausos do público presente no Havaí. Com um show de tubos, o surfista de Maresias ficou com somatório de 15.33, sendo uma das notas um 9.00, a melhor da bateria, contra 8.50 do adversário.

- Foram vários dias sem campeonato, sem ter muito o que fazer, e a gente tem surfado, mas só isso também. Estou feliz de estar competindo de novo, com boas ondas. Está um pouco devagar, mas quando vem, vem boas ondas, então estou feliz de estar no round 3 agora. Eu estou tranquilo. Como falei para meus familiares, meus amigos, tenho que passar bateria, quero chegar na final nesse campeonato, não pensar em título mundial. Sei que tem grande chance. Mas gosto de trabalhar sob pressão. Já tive algumas baterias contra o Dusty, quando fui campeão mundial passei por ele no round 3, mas eu sabia que se me concentrasse e pegasse minhas ondas, daria tudo certo. Para mim todo campeonato é um campeonato novo, você pode fazer as mesmas coisas e tem vezes que vai dar certo, tem vezes que vai dar errado. Sempre tento melhorar - falou Medina, que estará na oitava bateria no round 3, ainda sem adversário definido.

Gabriel Medina pega bela onda e tira 6.33

Dusty Payne foi o primeiro a pegar onda na primeira bateria do round dois. Tentou pegar um pequeno tubo, mas acabou imprensado. Medina, por sua vez, começou bem. Passou um tempinho dentro do tubo e emendou duas rasgadas levantando muita água. Ainda finalizou com uma terceira menor e recebeu 6.33 de nota. Pouco depois, o brasileiro ficou encoberto por um bom tempo por água, mas conseguiu sair bem e recebeu novo 6.33, somando 12.66. O havaiano também entubou na sequência e alcançou a melhor nota da bateria: 7.17.

Quando o cronômetro bateu 20 minutos faltando, os australianos Owen Wright e Ethan Ewing entraram na água para a segunda bateria da repescagem, que funcionou no sistema "overlapping". Nele, as baterias acontecem de forma simultânea na água. Cada uma dura 40 minutos e, no meio deste período, começa a bateria seguinte. Além da prioridade entre os adversários de cada bateria, há prioridade para os surfistas que estão na bateria há mais tempo no mar. Tudo para recuperar o tempo perdido pelos laydays para que a janela em Pipeline seja cumprida.

Gabriel Medina pega mais um longo tubo e tira 9.00

Pouco depois da entrada dos gringos na água, Medina fez a melhor onda da bateria e recebeu um 9.00 com um belo tubo. Sem prioridade, tentou uma logo depois e foi para o aéreo no finzinho, mas não finalizou. Ele estava tentando a todo custo trocar o 6.33 para deixar Dusty, que somava nesse momento 7.74, em situação complicada. Owen Wright pegou um bom tubo, mas pecou na hora de finalizar. Em vez de subir no floater, foi para a rasgada e ficou pelo caminho. O importante é que tirou uma boa onda de Payne e ajudou Medina.

Logo depois o havaiano pegou outra onda, mas acabou esmagado pela parede de água. A 3m30 do fim, ele tentou a descida na sequência, mas Medina, em prioridade, marcou território, bloqueou o rival e evitou o que poderia ser a virada de bateria, já que Dusty descia em velocidade. A torcida do brasileiro vibrou como se fosse um gol. Usando da estratégia, o surfista de Maresias segurou o adversário, que acabou eliminado com o somatório de 15.33 do brasileiro contra 8.50.

O rival Dusty Payne, que foi derrotado pelo brasileiro, é velho conhecido de Medina. Os dois já tiveram nove encontros no CT desde 2011, e o brasileiro terminou na frente em oito. Em baterias eliminatórias, foram dois confrontos, com 100% de aproveitamento de Medina. Nas duas oportunidades (2ª fase na França 2011 e 3ª fase no Havaí 2014), depois de vencer o havaiano, o local de Maresias chegou à final do evento.

Das nove vezes que os caminhos de Gabriel e Dusty se cruzaram, em três ocasiões, o brasileiro ficou com o título da etapa (França 2011 e 2015 e Fiji 2016). Em outras duas, terminou com o vice (Havaí 2014 e França 2016). A única vez que o havaiano terminou na frente foi em uma bateria da 1ª fase, não eliminatória, em Fiji 2013. O australiano Kai Otton terminou em primeiro lugar, com o Dusty em segundo e Gabriel em terceiro - os dois acabaram eliminados na repescagem na sequência.

Atual campeão mundial e líder do ranking com 53.350 pontos, John John Florence entrou com ligeira vantagem na tabela de classificação na derradeira das 11 etapas do Circuito Mundial de 2017. Antes dos resultados de Pipeline, Gabriel Medina aparecia em segundo, com 50.250. O sul-africano Jordy Smith era o terceiro do ranking (47.600), enquanto o australiano Julian Wilson (45.200) entrou na água segurando o quarto lugar com remotas chances de taça.

Jadson perde para Mineirinho e está rebaixado

O potiguar Jadson André, que entrou na elite em 2009 e é referência para os membros do Brazilian Storm, está rebaixado. Mineirinho usou sua a prioridade no fim, bloqueou o compatriota e deu fim às esperanças do surfista da vila de Ponta Negra aqui no Havaí. Dessa forma, ele terá de correr o QS no ano que vem.

- Eu fiquei muito doente nessa temporada. Nos 40 dias que estou no Havaí, fiquei 20 de cama. Estou exausto de tudo, no fim da temporada. Estou competindo, dando meu melhor, mesmo sentindo que não estou 100%. É minha motivação nesse evento - contou Adriano de Souza, falando também da queda do compatriota e amigo fora das águas.

- Está todo mundo correndo por seu melhor aqui. Eu estava torcendo bastante para ele. Quando caímos juntos na bateria, disse: "Seja o que Deus quiser". Infelizmente, esse ano não deu - lamentou Mineirinho sobre o rebaixamento de Jadson André.

Na água, Jadson bem que tentou, mas conseguiu uma nota 5.00 e outra 3.33, ou seja, um somatório de 8.33, o que não foi suficiente para superar Mineirinho. O veterano terminou a bateria com 11.93, sendo a melhor onda um 7.93 e outra um 4.60. A repescagem ainda teve um outro duelo de brasileiro.

Mineirinho pega super tubo em Pipeline

Filipe Toledo acabou sendo derrotado por Ian Gouveia com somatório de 11.30 contra 13.40 do adversário. Filipinho, apesar de tudo, lutou. No estouro do cronômetro, ele investiu em um tubo, uma direita de Backdoor, mas não conseguiu a nota e acabou sofrendo essa eliminação precoce. Ian, por sua vez, precisa chegar ao menos até a semifinal para se manter na elite em 2018. Por fim, Wiggolly Dantas caiu para Joel Parkinson com 5.13 contra 6.10.

Veja os resultados das baterias da repescagem (2ª fase):

1: Gabriel Medina (BRA) 15.33 x Dusty Payne (HAV) 8.50
2: Ethan Ewing (AUS) 11.54 x Owen Wright (AUS) 10.77
3: Julian Wilson (AUS) 8.56 x Benji Brand (HAV) 6.87
4: Matt Wilkinson (AUS) x Stuart Kennedy (AUS)*
5: Adriano de Souza (BRA) 11.93 x Jadson Andre (BRA) 8.33
6: Kolohe Andino (EUA) 17.10 x Jack Freestone (AUS) 14.96
7: Ian Gouveia (BRA) 13.40 x Filipe Toledo (BRA) 11.30 
8: Leonardo Fioravanti (ITA) 13,17 x Sebastian Zietz (HAV) 10.00
9: Joel Parkinson (AUS) 6.10 x Wiggolly Dantas (BRA) 5.13
10: Mick Fanning (AUS) 8.90 x Bede Durbidge (AUS) 8.87
11: Kanoa Igarashi (AUS) 12.67 x Frederico Morais (POR) 6.00
12: Michel Bourez (TAH) 16.40 x Joan Duru (FRA) 6.54

*Stuart Kennedy desistiu devido à lesão, e Wilkinson está na terceira rodada

Como foram as baterias da 1ª fase no Havaí?

1: Jeremy Flores (FRA) 10.17, Jadson André (BRA) 6.33, Matt Wilkinson (AUS) 4.67
2: Josh Kerr (AUS) 12.17, Kanoa Igarashi (EUA) 6.10, Owen Wright (AUS) 3.37
3: Conner Coffin (EUA) 10,50, Julian Wilson (AUS) 8,00 e Stuart Kennedy (AUS) 1,50
4: Jordy Smith (AFS) 16.57, Bede Durbidge (AUS) 11.43, Ethan Ewing (AUS) 3.00
5: Miguel Pupo (BRA) 14,83, Benji Brand (HAV) 12.64, Gabriel Medina (BRA) 12.43
6: John John Florence (HAV) 13,50, Dusty Payne (HAV) 6,83, Wiggolly Dantas (BRA) 5,63
7: Caio Ibelli (BRA) 12.83, Adriano de Souza (BRA) 11,27, Jack Freestone (AUS) 7,04
8: Kelly Slater (EUA) 12,47, Joan Duru (FRA) 11,90, Kolohe Andino (EUA) 7,60
9: Ezekiel Lau (HAV) 10,50, Filipe Toledo (BRA) 2,00, Michel Bourez (TAH) 2,00
10: Adrian Buchan (AUS) 10,83, Sebastian Zietz (HAV) 10,60, Ian Gouveia (BRA) 8,43
11: Connor O'Leary (AUS), 12,04, Joel Parkinson (AUS) 11,13, Leo Fioravanti (ITA) 8,44
12: Italo Ferreira (BRA) 12,90, Mick Fanning (AUS) 10,80, Frederico Morais (POR) 9,27

Globo Esporte

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