O que o futebol e a gestão do futuro têm em comum

(Foto: Reprodução)


Por Marcelo Arone *


A gestão do futuro, que começou a ser moldada em um cenário de pandemia e crise, tem muito a aprender com o futebol. Um capitão sem seu time não é nada. Assim como um time à deriva, certamente vai perder de goleada. A grande questão, agora, é se adaptar à agilidade dos novos tempos, abandonar a burocracia, aprender a criar táticas adaptáveis e jogar em equipe. Não dá mais para se achar acima dos seus colaboradores. O novo gestor, se precisar, vai finalizar o jogo, botando mesmo a mão na massa.

A vacina para o Coronavírus não vai conter anticorpos contra o gestor tóxico. Teremos que nos livrar desse estigma burocrático e mandachuva. O cara que teima em jogar sozinho, ou só mandar e não fazer não terá mais espaço. A pandemia veio mostrar quem está mesmo do lado dos seus times, e vai se fortalecer com os novos cenários, e quem estava preso a práticas obsoletas, não sabendo delegar, e foi realmente pego de surpresa pela necessidade de inovação.

Se já não havia espaço para a liderança desconectada de uma postura prática e proativa, com o isolamento social e as mudanças bruscas provocadas pela pandemia, esse espaço se reduziu a zero. Aquele líder que sempre foi inspirador, que se manteve ao lado de seus colaboradores, certamente vai sair mais forte. Já aqueles que ocupavam cargos de chefia de modo autoritário acabaram perdendo a mão.

Então, quem deve ser o novo líder? Aquele que aprendeu com o cenário de crise e que se antecipou, encontrando formas, mesmo que à distância, por vídeo conferência e ferramentas tecnológicas de gestão, de manter suas equipes motivadas e, mais, engajadas. Pode parecer clichê, mas o novo líder é o bom líder, aquele que não só delega, mas que sabe fazer, que dá o exemplo e que é mais prático do que burocrático.

Em 2021, o que nos espera é um cenário de decisões rápidas, inclusive motivadas pelas transformações que o trabalho remoto trouxe: a comunicação terá que ser cada vez mais direta e de fácil assimilação, mesmo na volta ao escritório, o dia a dia das empresas tende a ser cada vez mais prático. Então, o líder muito centralizador, que demora demais para delegar uma função, vai ser obrigado a se reinventar ou não vai sobreviver nesse novo contexto.

Não podemos romantizar os efeitos da pandemia. O líder que é não inspirador, que não agrega, tende a se tornar ainda mais egocêntrico e centralizador em tempos de crise. A dificuldade, na verdade, ajuda a mostrar as principais características da pessoa diante da incerteza. Lidar bem com um cenário inusitado e conseguir manter uma equipe unida fazem de um gestor alguém a ser seguido.

O aprendizado de agora pode fazer das empresas ambientes mais eficientes, mas que vão, exatamente por isso, demandar uma chefia menos autoritária e mais fortalecedora. A tomada de decisão, a partir de 2021, naturalmente, vai ser muito mais ágil. O gestor que não tiver uma equipe que dê o suporte necessário e que acredite em suas ideias e diretrizes, possivelmente, não vai sobreviver nesse novo contexto”.

O real líder desse novo contexto que está nascendo terá que se mostrar estratégico, mas descer para o nível tático, se mostrar um executor, para levar o time com ele, se mostrar mais acessível e disponível para sua equipe será fundamental, como um verdadeiro camisa 10. Em um projeto complexo, numa situação delicada, vale pedir a bola e chutar para o gol.

O perfil desse novo líder tem que ser mais humano e compreensivo, com uma visão positiva do futuro, que consiga gerar engajamento e motivação nas suas equipes. Não pode se mostrar desesperado em uma situação difícil. Os que sobreviveram e passaram por toda essa turbulência em 2021 certamente vão se sair melhor. Resiliente e criativo, o líder do futuro, mais do que nunca, terá que ser uma pessoa que inspira pela ação.

* Marcelo Arone é Headhunter, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, com 12 anos de experiência no mercado de capital humano

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