Cortes de patrocínio e verba ameaçam natação brasileira após Olimpíada

Às vésperas da Olimpíada-2016, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos enfrenta uma crise financeira que ameaça o futuro da natação após os Jogos. Verbas de patrocínio dos Correios e do Ministério do Esporte sofrerão sério corte ou podem cair até a zero. O investimento privado é reduzido. Assim, a diretoria da entidade negocia para salvar o que for possível.

Em entrevista a “O Globo'', o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que iria cortar pela metade toda a verba de patrocínio da empresa por conta da crise. A CBDA é uma das principais parcerias. Só para confederação o valor gira em torno de R$ 25 milhões por ano, e já tinha sofrido redução de 10% em 2016.

“Estou negociando para que pelo menos não caia a zero (o patrocínio), que fique uma parte reduzida'', contou o coordenador técnico da CBDA, Ricardo Moura. “Os Correios são importante para a CBDA, mas a CBDA é importante para os Correios.'' A parceria se iniciou em 1993 e o atual contrato se encerra em outubro.

Não é a única ameaça aos esportes aquáticos. O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, avisou, em reunião no início da semana, que não há perspectivas animadoras sobre verbas de convênios para confederações. Os recursos para projetos esportivos – que inicialmente seria de R$ 150 milhões e foram cancelados – devem ser refeitos em valores bem menores.

Picciani informou que esse o total terá de ser dividido com verba para municípios, e manutenção do Parque Olímpico, custo que deve ser dividido com a prefeitura do Rio. O que sobrasse iria para projetos de preparação de atletas. “Só a manutenção do Parque deve dar uns R$ 100 milhões. O que vai sobrar?'', disse Moura.

No total, a receita da CBDA foi de R$ 44 milhões no ano passado. Desse total, R$ 38 milhões foram de patrocínios, incluindo os convênios do Ministério e os Correios. Ou seja, sobrariam uma pequena parte disso, verbas de patrocínios menores como o Bradesco e a Lei Piva, cerca de R$ 5 milhões.

Moura fala em “salvar o máximo possível''. Para os Jogos, ele disse já ter sofrido impacto na preparação dos atletas, embora tente minimizar o problema para não perder o foco na competição.

A situação da CBDA – que cuida do pólo aquático, natação, saltos ornamentais e maratona aquática – é similar a de outras confederações. O plano Brasil Medalhas 2016 -criado pela presidente afastada, Dilma Rousseff – tem perspectivas mínimas de continuidade após os Jogos.

O governo do presidente, Michel Temer, tem que cortar gastos diretos por conta do rombo no orçamento do governo, além dos investimentos estatais e de isenções. E as confederações nunca conseguiram viabilizar verbas privadas em volume suficiente para sua manutenção no futuro.

UOL Esporte

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