Professora realiza sonho de participar das Paralimpíadas pelo Programa de Voluntários

Silvia Piantino participou de evento-teste no Rio de Janeiro no começo do ano (Foto: Arquivo pessoal)


Por Nicholas Araujo
Redação Blog do Esporte


Entre os dias 7 e 18 de setembro, a cidade do Rio de Janeiro recebe a 31º edição dos Jogos Olímpicos e a 15ª edição dos Jogos Paralímpicos, denominado no Brasil como Rio 2016. Durante os meses de agosto e setembro, a cidade carioca vai respirar esporte com dois eventos dedicados aos melhores atletas para as mais variadas modalidades olímpicas e paralímpicas do mundo.

Em busca de acompanhar os jogos de perto, muitos profissionais e interessados pelos esportes se inscreveram no Programa de Voluntários Rio 2016, com o objetivo de auxiliar comissões técnicas, árbitros e funcionários a executarem suas tarefas de forma correta, beneficiando o esporte olímpico e paralímpico no Rio. Ao todo serão 70 mil voluntários atuando em nove áreas distribuídas em quatro regiões do município carioca. E uma dessas voluntárias é a professora universitária de Ribeirão Preto (SP), Silvia Helena Piantino Silveira.

Aos 59 anos, Silvia se orgulha em dizer que está a 46 anos no esporte, dentre a época de escola quando praticava vôlei - sua grande paixão -, e depois em 1991 quando, já graduada em Educação Física, conheceu a prática de exercícios físicos adaptados na escola estadual Cid de Oliveira Leite, em Ribeirão Preto. “Encontrei crianças com deficiência visual em uma sala especial e elas não faziam atividade física. Então surgiu a ideia de solicitar a autorização da direção da escola para que eu pudesse voluntariamente tirar aluno por aluno de sala e começar uma atividade física”, conta. Atualmente, a profissional completou 25 anos de trabalho voluntário com os deficientes visuais.

Com tanto esforço, o trabalho foi premiado em 1998 onde, junto com a direção da escola e da professora Marlene Cintra, fundou a Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região (Adevirp). “De início, ela funcionava em uma sala no Cid, mas atualmente tem sede própria, todos os funcionários são contratados e remunerados e atende mais de 180 pessoas com deficiência visual em toda a região”, diz Silvia.

Terezinha Guilhermina é expectativa de medalha no atletismo (Foto: Fernando Maia / CPB)

Esporte

Após a fundação da Adevirp, Silvia buscou novos conhecimentos para aplicar aos alunos. A procura de esportes voltado aos deficientes visuais, a profissional se dedicou em estudar e experimentar novos desafios. “Em 2001 fui até Santo André, descobri um campeonato que tinha lá, peguei um ônibus em Ribeirão e vi de perto como uma pessoa com deficiência visual corre, como joga xadrez, faz natação. Quando voltei para Ribeirão, comecei a trabalhar com os alunos no atletismo e no goalball [futebol para de deficientes visuais], aprendi a jogar xadrez para ensinar e também auxiliar na natação”.

Atualmente, Silvia mantém o trabalho na Adevirp, leciona em duas universidades em Ribeirão Preto e ainda consegue um tempo para praticar esportes. “Eu respiro esporte. Eu pratico vôlei quatro vezes por semana. Há uns dois, três anos comecei a fazer aula de tênis e hoje o tênis é uma coisa gostosa que pratico duas vezes por semana. Então o esporte para mim faz parte do meu dia a dia”, declara.

Paralimpíada

Com o esporte nas veias, Silvia conta que sua candidatura ao voluntariado em 2016 foi uma grande realização profissional. Mesmo credenciada como árbitra da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), a profissional não poderia atuar como juíza nas Paralimpíadas por estar apenas em escala nacional, e por isso optou em ser voluntária.

Ribeirão-pretana acompanhará as disputas de goalball dentro da quadra (Foto: Arquivo pessoal)

“Vai ser um privilégio ver o Brasil de perto em uma fase maravilhosa, depois de um trabalho árduo, de muitos profissionais e pessoas, que voluntariamente dedicaram suas vidas para que o esporte paralímpico no Brasil fosse implantado, sobrevivesse e hoje pudesse colher os frutos que nós estamos colhendo. Como faço parte dessa história, não podia estar fora”.

A professora irá acompanhar o atletismo e o vôlei nas Olimpíadas antes de se dedicar aos Jogos Paralímpicos. Silvia ficará a disposição do Comitê Olímpico Internacional (COI) a partir do dia 2 de setembro e deve retornar a Ribeirão Preto no dia 18 de setembro. “Tivemos [os voluntários] uma fase de treinamento em um evento-teste, então recebemos as orientações e ainda teremos mais treinos e instruções três dias antes de começar os jogos”.

Silvia não esconde a ansiedade de participar das Paralímpiadas, que para ela é um marco na carreira de um atleta ou um profissional que há tantos anos trabalha e se reinventa com o esporte. “Tanto as Olimpíadas quanto as Paralimpíadas é uma sensação indescritível, uma emoção que só vou poder descrever quando voltar de lá. É o marco maior do desporto mundial, algo que o brasileiro não deveria perder. Hoje meus filhos seguem o exemplo de voluntariado, são pessoas espiritualizadas e isso para mim é um ganho, poder dar exemplo para meus filhos quanto para os meus alunos. Esse é o maior ato de amor que devermos ter pelo próximo”, finaliza.

Yohansson Nascimento testa a pista de atletismo do novo Centro de Treinamento (Foto: Daniel Zappe)

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